O Conselho de Estado do Luxemburgo não emitiu qualquer parecer contra o projeto-lei sobre a exploração de recursos espaciais, a chamada "Lei do Espaço", que deverá ser apresentado e sumetida ao voto na Câmara dos Deputados a 13 de julho próximo.
O diploma, apresentado em 15 de novembro do ano passado pelo ministro da Economia, Etienne Schneider, prevê que as empresas com sede no Luxemburgo e que exerçam actividade na exploração dos recursos espaciais, possam ser os únicos proprietários desses materiais, o que não é o caso nos EUA, o único outro país do mundo a ter já legislado sobre esta matéria.
Outra diferença com o "space act" assinado por Barack Obama em 2015, o projecto-lei luxemburguês não exige que o proprietário da empresa tenha a nacionalidade do país onde está sediada ou que uma maioria de accionistas sejam daí naturais.
No entanto, os accionistas que possuam mais de 10% das partes de uma empresa desse sector, deverão estar devidamente identificados, exige o diploma.
O texto exige ainda que todas as missões espaciais estejam cobertas por um seguro adequado para todos os riscos e as empresas deverão ainda provar que são financeiramente sólidas.
O diploma especifica ainda que uma empresa ou o Estado luxemburguês não poderão constituir-se proprietários de um corpo celeste, mas apenas dos recursos do mesmo.
Desde o anúncio público do ministro Schneider de querer lançar o país na indústria mineria espacial, na primavera de 2016, que várias empresas americanas instalaram as suas sedes europeias no Grão-Ducado, com vista a poderem ser as primeiras a beneficiar desta lei. É o caso da Deep Space Industries, da Planetary Resources e da Laboratory Resources, entre outras.
Colaboração internacional e legislação europeia
O Governo do Luxemburgo também tem envidado esforços junto da Comissão Europeia para criar um quadro legal na matéria ao nível europeu.
O Executivo luxemburguês já assinou igualmente acordos de parceria nesta matéria com o Japão, os EUA, os Emirados Árabes Unidos e mais recentemente com Portugal, por ocasião da visita de António Costa, a 5 de abril, ao Grão-Ducado.
JLC
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29.06.2017
Stargazer@Lux
Blogue de astronomia baseado no Luxemburgo
quinta-feira, 29 de junho de 2017
quinta-feira, 18 de maio de 2017
Ministro da Economia do Luxemburgo anuncia criação de fundo nacional para financiar exploração de asteróides
O ministro da Economia luxemburguês, Etienne Schneider Foto: JLC |
O ministro da Economia do Luxemburgo, Etienne Schneider, espera fazer aprovar no Parlamento a “Lei do Espaço” até final do ano, criar em 2018 uma agência espacial nacional e um Fundo Espacial, para impulsionar este novo setor económico, que o Governo fixou como aposta em 2016.
“Fazer dinheiro!”, tal foi a resposta pragmática e direta do ministro da Economia, Etienne Schneider, quando um anónimo lhe perguntou: “Qual o objetivo final do Luxemburgo ao criar uma agência espacial e apostar na exploração de asteróides?”.
A pergunta foi feita durante o ’Space Forum’ (Fórum do Espaço) do ICT Spring, o Encontro das Novas Tecnologias e do Espaço (este assunto apenas figura no evento desde 2016), que decorreu a 9 e 10 de maio em Kirchberg, pelo oitavo ano consecutivo.
Um bilhete para Marte
“Até ao fim deste ano deverá estar criado o quadro legal para que empresas sedeadas no Luxemburgo possam explorar os recursos naturais do espaço, o ’space act’ (Lei do Espaço), como alguns lhe chamam. Eu gostaria de ver criada a Agência Espacial Luxemburguesa antes de outubro de 2018 [altura das próximas legislativas], porque a oposição já me comprou um bilhete só de ida para Marte”, brincou Schneider, deixando indiretamente o recado que se os cristãos-sociais (CSV) vierem a governar podem não ver este projeto como prioridade.
“Vamos criar também um Fundo Nacional do Espaço para financiar a agência espacial. A agência espacial luxemburguesa não será uma entidade estatal, mas uma empresa, uma parceria público-privada entre companhias do ramo espacial e institutos públicos luxemburgueses de investigação e tecnologia, e que terá fins principalmente comerciais.
Ou seja, as missões serão decididas consoante o interesse económico que suscitarem”, revelou o ministro, desmistificando assim o sonho de muitos de verem nascer no país algo como uma NASA luxemburguesa.
Schneider foi poético ao citar “Space Oddity” e “Life on Mars” de David Bowie. “Ele inspirou-me a mim e o espaço inspirava-o a ele”. Mas logo voltou à Terra: “Não temos as infraestruturas nem a capacidade para termos baseados os elementos normais de uma indústria espacial pesada no Luxemburgo”, explicou. O ministro disse que a iniciativa SpaceResources.lu, que o seu ministério lançou em 2016 com o intuito de explorar os recursos naturais do espaço é algo “natural”, que se inscreve na “tradição de precursor do Luxemburgo na indústria espacial”.
E recordou que em 1985 o Governo luxemburguês criou a SES-Société Européenne de Satélites, que é hoje a maior operadora de satélites de telecomunicações do mundo, projeto que começou por ter muita resistência da sociedade e até do parlamento luxemburguês. Schneider revelou ainda que o Governo procura atualmente outros executivos que apoiem o Grão-Ducado para conseguir levar a debate na ONU a alteração do Tratado do Espaço de 1967, que é omisso na questão da exploração dos recursos naturais do espaço.
A Universidade e o LIST, Instituto de Ciência e Tecnologia do Luxemburgo, estão já a trabalhar nesta área, disse o ministro, elogiando o espectrómetro que o LIST conseguiu miniaturizar e que permite determinar os materiais existentes em asteróides.
O titular da pasta da Economia recordou que este novo setor de atividade, a desenvolver em paralelo com o da logística, visa diversificar a economia nacional e, a termo, diminuir a dependência que o país tem do setor financeiro.
Produzir robôs em massa... no Luxemburgo
Jim Keravala, diretor da OffWorld, anunciou que a empresa vai instalar-se no Grão-Ducado e vai começar a produzir robôs em grande escala a partir de 2019. Os robots que Keravala tenciona produzir no Grão-Ducado têm o tamanho de formigas e visam fornecer o setor espacial luxemburguês, bem como outras empresas no estrangeiro.
A notícia foi dada no mesmo debate em que participou o ministro da Economia, que elogiou a iniciativa.
Baseada em Los Angeles, a OffWorld pretende instalar uma filial no Luxemburgo em 2018 e abrir uma unidade de produção no ano seguinte.
“Os nossos minirobôs são aparelhos inteligentes do tamanho de formigas, pequenos mas robustos, altamente adaptáveis a qualquer tarefa ou missão, seja num asteróide, planeta, satélite ou sonda, são modulares, reconfiguráveis, podem autoreparar-se e autoreplicar-se, e têm uma enorme capacidade de ’deep learning’ (aprendizagem autónoma)”, explicou o patrão da empresa americana.
O primeiro trilionário “O setor espacial, que tem globalmente um volume de negócios que já se eleva hoje a milhares de milhões de dólares, pode rapidamente tornar-se um negócio trilionário”, disse Chris Lewicki, presidente da americana Planetary Resources, que trabalha há um ano com a SpaceResources.lu.
Lewicki retomou assim uma ideia lançada em 2015 pelo astrofísico Neil deGrasse Tyson, diretor do Observatório de Nova Iorque, que disse que o primeiro trilionário do mundo seria aquele que investisse na exploração de minérios do espaço, como o ouro e a platina.
“Quando há potencialidades económicas há sempre investidores privados que aparecem”, disse, por seu lado, Jean-Jacques Dordain, ex-diretor da Agência Espacial Europeia (ESA) e atual conselheiro do ministro Schneider em assuntos do espaço.
O Governo luxemburguês deve agora pensar em abrir “avenidas” para facilitar as colaborações entre o setor privado e o setor público neste ramo, disse Lewicki, como um recado ao ministro.
Evocando empresas como a Space X, a Blue Origin (lançadores de foguetões e satélites) ou a Bigelow (habitação orbital e lunar), Lewicki considera que “a revolução industrial espacial” terá as mesmas caraterísticas da revolução industrial do séc. XIX, e que vai mexer com todos os setores, desde o comércio aos transportes, passando pela habitação, a saúde, etc.
O americano aproveitou para anunciar que a sua empresa, que tem uma filial no Luxemburgo desde 2016, está a recrutar talentos, desde engenheiros a grafistas. “Vamos trabalhar cada vez mais no espaço e a Terra será a nossa nova zona residencial, que deve ser protegida a todo o custo, até porque não podemos esgotar os recursos naturais do nosso planeta quando existem recursos inesgotáveis no espaço”, disse Dordain numa nota mais ambientalista.
O ICT Spring atraiu durante dois dias cerca de cinco mil visitantes, e contou com a participação de mais de 500 empresas e uma centena de conferencistas de 72 países do ramo das novas tecnologias, robótica, inovação, indústria digital, cibersegurança, fintech e ciências do espaço.
José Luís Correia,
in Contacto, 17/05/2017
quinta-feira, 27 de abril de 2017
Luxemburgo quer acordo multilateral sobre a exploração de recursos espaciais
O vice primeiro-ministro e ministro da Economia do Luxemburgo, Étienne Schneider, defendeu sexta-feira a assinatura de um acordo multilateral a nível internacional sobre a exploração e utilização dos recursos espaciais, durante uma visita oficial ao Japão.
O ministro luxemburguês tem-se desdobrado em deslocações ao estrangeiro com o objetivo de encontrar parceiros para desenvolver o projeto luxemburguês de explorar mineiro proveniente de asteróides. Mas Etienne Schneider procura também angariar apoios para um acordo multilaterala nível internacioal sobre a exploração e a utilização de recursos espaciais.
“O progresso tecnológico vai fornecer acesso a fontes de energia e matérias-primas fora da atmosfera terrestre, particularmente os recursos disponíveis em milhões de asteróides que gravitam no sistema solar. Para evitar no futuro a colonização do espaço por qualquer potência mundial, o ‘Outer Space Treaty’ – Tratado do Espaço dassinado na ONU em 1967 – deve ser adaptado às realidades atuais que regulam claramente a exploração e o uso pacífico de recursos espaciais, bem como a responsabilidade sobre os detritos espaciais”, defendeu Schneider no final dos quatro dias de visita ao Japão.
Um estudo publicado recentemente por uma agência japonesa revela que há mais de 100 milhões de detritos e peças consideradas lixo a orbitar a Terra. A poluição espacial é causada por destroços de equipamentos antigos, como satélites, por exemplo, que podem vir a prejudicar a exploração espacial.
“A convergência de interesses e sinergias tecnológicas entre os diferentes países deverá fazer avançar o desenvolvimento deste novo setor económico”, considera Schneider. O governante luxemburguês reuniu com o ministro japonês da Ciência e Tecnologia, Toshiei Mizuochi, e com o ministro japonês encarregado pela política espacial, Yosuke Tsuruho. Com os dois responsáveis, Schneider abordou uma potencial cooperação entre o Japão e o Grão-Ducado na iniciativa luxemburguesa SpaceResources.lu.
“Quero chegar também às Nações Unidas e dar um primeiro passo em direção a um consenso internacional para alcançar um acordo multilateral entre todos os países que partilhem os mesmos pontos de vista sobre este assunto. A convergência de interesses e sinergias tecnológicas entre os diferentes países fará avançar o desenvolvimento deste novo setor económico de forma sustentável e equitativa”, defendeu Schneider perante os ministros nipónicos.
Recentemente, a empresa japonesa Ispace, que tem a sua filial europeia no Grão-Ducado, assinou um protocolo de cooperação com o Estado luxemburguês, para enviar um robô à Lua. Uma missão que terá como objetivo enviar dados da Lua para a Terra. Durante a visita, Schneider procurou ainda reforçar as relações económicas bilaterais com o Japão.
in Contacto, 26/04/2017
sexta-feira, 3 de março de 2017
Luxemburgo vai ter robô na Lua
O Luxemburgo e a empresa japonesa ispace assinaram hoje um acordo com o
objetivo de colocarem um pequeno robô no espaço até ao final de 2017.
O memorando de entendimento foi assinado esta quinta-feira pelo ministro luxemburguês da Economia, Étienne Schneider, e pelo diretor executivo da ispace, Takeshi Hakamada, empresa que desenvolveu o robô. A longo prazo, a missão do robô passa por enviar dados da Lua para a Terra. A ‘start-up’ japonesa ispace foi criada por Hakuto, uma equipa finalista do concurso de inovação da Google, o ‘Google Lunar XPRIZE’.
A empresa - sediada em Tóquio e que se dedica à exploração espacial lunar robótica - já trabalha em conjunto com o Instituto de Ciência e Tecnologia do Luxemburgo (LIST). Uma parceria que irá continuar.
No âmbito do acordo rubricado esta quinta-feira, a ispace pretende concentrar-se, através do seu novo escritório europeu com sede no Luxemburgo, no desenvolvimento de negócios, em vários serviços técnicos essenciais, incluindo o desenvolvimento da carga útil, engenharia e integração.
Cinco ou seis engenheiros no Luxemburgo A ‘start-up’ emprega 20 engenheiros no Japão e está a planear contratar “cinco ou seis” no Luxemburgo. Já o Luxemburgo contribuirá, através de subvenções ou programas nacionais de investigação e desenvolvimento (R&D) ou da Agência Espacial Europeia (ESA), para cofinanciar atividades relevantes de investigação e desenvolvimento, tais como o "roving spectrometer" da ispace.
Este projeto visa trazer um inovador espectrómetro de massa desenvolvido pela LIST para a superfície da Lua para explorar as composições elementares do gelo lunar e rególito. "Temos uma tecnologia de espectrometria de massa que é de grande interesse para aplicações espaciais e a ispace tem meios exclusivos para implantar essa tecnologia no espaço", afirmou Tom Wirtz, que lidera o grupo de Instrumentação Avançada para Ion Nano-Analytics (AINA) da LIST.
A empresa ispace Europe SA ficará sediado na cidade do Luxemburgo, nas instalações da Paul Wurth InCub, que oferece, em cooperação com a incubadora nacional de empresas Technoport, um programa de apoio dedicado a empresas inovadoras e orientadas para a tecnologia.
"Lua como um passo estratégico"
"Com a chegada da ispace do Japão, damos as boas-vindas a outra empresa estrangeira que escolheu o nosso país como um pólo europeu para o desenvolvimento de tecnologias e capacidades altamente avançadas como a robótica para explorar e extrair recursos no espaço", disse Étienne Schneider, o vice-primeiro-ministro e ministro da Economia do Luxemburgo.
"É uma grande honra colaborar com o Luxemburgo e ser a primeira empresa de recursos espaciais a ser reconhecida pelo nosso foco na Lua. Vemos a Lua como um marco estratégico para estimular ainda mais a atividade humana no espaço", afirmou, por seu turno, Takeshi Hakamada, CEO da ispace.
"Com um forte apoio tecnológico, jurídico e financeiro, estamos convencidos de que o Luxemburgo é o melhor lugar para iniciar as nossas operações na Europa", sublinhou. A iniciativa governamental SpaceResources.lu visa promover e apoiar o uso comercial de recursos obtidos de corpos celestes como asteroides ou da Lua.
in Contacto.lu, 02/03/2017
O rover de Takeshi Hakamada, da japonesa ispace, pesa menos de 4 kg. Em
comparação, o robô Curiosity (NASA), que está em Marte, pesa 300 kg. Foto: JLC |
O memorando de entendimento foi assinado esta quinta-feira pelo ministro luxemburguês da Economia, Étienne Schneider, e pelo diretor executivo da ispace, Takeshi Hakamada, empresa que desenvolveu o robô. A longo prazo, a missão do robô passa por enviar dados da Lua para a Terra. A ‘start-up’ japonesa ispace foi criada por Hakuto, uma equipa finalista do concurso de inovação da Google, o ‘Google Lunar XPRIZE’.
A empresa - sediada em Tóquio e que se dedica à exploração espacial lunar robótica - já trabalha em conjunto com o Instituto de Ciência e Tecnologia do Luxemburgo (LIST). Uma parceria que irá continuar.
No âmbito do acordo rubricado esta quinta-feira, a ispace pretende concentrar-se, através do seu novo escritório europeu com sede no Luxemburgo, no desenvolvimento de negócios, em vários serviços técnicos essenciais, incluindo o desenvolvimento da carga útil, engenharia e integração.
Cinco ou seis engenheiros no Luxemburgo A ‘start-up’ emprega 20 engenheiros no Japão e está a planear contratar “cinco ou seis” no Luxemburgo. Já o Luxemburgo contribuirá, através de subvenções ou programas nacionais de investigação e desenvolvimento (R&D) ou da Agência Espacial Europeia (ESA), para cofinanciar atividades relevantes de investigação e desenvolvimento, tais como o "roving spectrometer" da ispace.
Este projeto visa trazer um inovador espectrómetro de massa desenvolvido pela LIST para a superfície da Lua para explorar as composições elementares do gelo lunar e rególito. "Temos uma tecnologia de espectrometria de massa que é de grande interesse para aplicações espaciais e a ispace tem meios exclusivos para implantar essa tecnologia no espaço", afirmou Tom Wirtz, que lidera o grupo de Instrumentação Avançada para Ion Nano-Analytics (AINA) da LIST.
A empresa ispace Europe SA ficará sediado na cidade do Luxemburgo, nas instalações da Paul Wurth InCub, que oferece, em cooperação com a incubadora nacional de empresas Technoport, um programa de apoio dedicado a empresas inovadoras e orientadas para a tecnologia.
"Lua como um passo estratégico"
"Com a chegada da ispace do Japão, damos as boas-vindas a outra empresa estrangeira que escolheu o nosso país como um pólo europeu para o desenvolvimento de tecnologias e capacidades altamente avançadas como a robótica para explorar e extrair recursos no espaço", disse Étienne Schneider, o vice-primeiro-ministro e ministro da Economia do Luxemburgo.
"É uma grande honra colaborar com o Luxemburgo e ser a primeira empresa de recursos espaciais a ser reconhecida pelo nosso foco na Lua. Vemos a Lua como um marco estratégico para estimular ainda mais a atividade humana no espaço", afirmou, por seu turno, Takeshi Hakamada, CEO da ispace.
"Com um forte apoio tecnológico, jurídico e financeiro, estamos convencidos de que o Luxemburgo é o melhor lugar para iniciar as nossas operações na Europa", sublinhou. A iniciativa governamental SpaceResources.lu visa promover e apoiar o uso comercial de recursos obtidos de corpos celestes como asteroides ou da Lua.
in Contacto.lu, 02/03/2017
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017
Sete exoplanetas descobertos a 39 anos-luz da Terra
Em 1610, Galileu Galilei iniciou a astronomia moderna ao utilizar um telescópio, que tinha ele próprio melhorado, para observar a abóbada celeste nocturna. Viu o que ninguém antes tinha podido ver só com os olhos e descobriu, exemplo maior, que o planeta Júpiter tinha quatro luas. Esta descoberta foi muito importante para suportar o modelo heliocêntrico de Copérnico, para além de deitar por terra a exclusividade de só haver lua para a Terra!
Foram precisos muitos e melhores telescópios, e cerca de 400 anos, para, em 1995, os astrónomos Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, na Suiça, detectarem o primeiro planeta noutro sistema solar que não o nosso. O planeta extra-solar, ou exoplaneta, orbitava a estrela Pégaso-51 a 50 anos-luz de distância da Terra. Descobria-se o que alguns ousados tinham previsto: os planetas que rodeiam o nosso Sol não são os únicos no Universo!
Depois de duas décadas, já foram detectados mais de 3.500 exoplanetas e os astrónomos e astrofísicos estão convencidos de que pelo menos a maior parte das estrelas serão orbitadas por planetas. No início de 2015, um artigo de uma equipa internacional com vários cientistas portugueses, cujo primeiro autor é o português Tiago Campante, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, divulgava a descoberta de cinco planetas rochosos, com tamanhos entre Mercúrio e Vénus, no sistema solar Kepler-444. Intensificava-se a procura de planetas semelhantes à nossa Terra, que orbitem a sua estrela na zona dita habitável, em que a existência de água no estado líquido é teoricamente possível.
Em Maio de 2016, uma equipa internacional liderada por Michaël Gillon, e da qual fazia parte Didier Queloz, publicou, num artigo na revista Nature, que à volta da estrela Trappist-1, uma anã vermelha com apenas 8% da massa do Sol e situada a 39 anos-luz da Terra, tinham sido descobertos três planetas do tamanho do nosso planeta azul. Esta descoberta mobilizou astrónomos de todo o mundo e muitos telescópios - desde o telescópio espacial Spitzer, da NASA, até telescópios situados no Chile, em Marrocos, no Havai, em Liverpool, nas Canárias e na África do Sul – que passaram a escrutinar como nunca antes a estrela TRAPPIST-1.
E o resultado deste esforço observacional astronómico foi agora publicado, novamente na revista Nature, e é uma descoberta extraordinária: TRAPPIST-1 tem pelo menos sete planetas de tamanho semelhante ao da Terra e três deles situam-se na zona habitável.
Os seus nomes são TRAPPIST-1b, c, d, e, f, g, h, por ordem crescente de distância à estrela. “Descobrimos que cinco dos planetas (b, c, e, f, g) têm tamanhos semelhantes à Terra, enquanto os outros dois (d, h) têm um tamanho intermédio entre Marte e a Terra.
A massa estimada para os seis planetas mais interiores sugere a existência de composições rochosas”, pode ler-se no artigo cujo autor principal é de novo Michaël Gillon e de cuja equipa faz parte a portuguesa Catarina Fernandes (foto), que está a fazer o doutoramento em astrofísica na Universidade de Liège, na Bélgica. Esta descoberta já está a mobilizar mais meios telescópicos.
O telescópio espacial Hubble já está a estudar a composição das eventuais atmosferas dos planetas do sistema solar TRAPPIST-1. E muita expectativa se existe sobre o que é que se poderá descobrir com a próxima geração de telescópios, como o telescópio espacial James Webb (da NASA) e o Telescópio Europeu Extremamente Grande (do ESO). Estes irão procurar moléculas compatíveis teoricamente com a existência de uma actividade biológica. As questões sobre a existência de vida extraterrena elevam-se, assim, para além do sonho que a ciência fertiliza.
António Piedade
in Ciência Viva Regional
Foram precisos muitos e melhores telescópios, e cerca de 400 anos, para, em 1995, os astrónomos Michel Mayor e Didier Queloz, do Observatório de Genebra, na Suiça, detectarem o primeiro planeta noutro sistema solar que não o nosso. O planeta extra-solar, ou exoplaneta, orbitava a estrela Pégaso-51 a 50 anos-luz de distância da Terra. Descobria-se o que alguns ousados tinham previsto: os planetas que rodeiam o nosso Sol não são os únicos no Universo!
Depois de duas décadas, já foram detectados mais de 3.500 exoplanetas e os astrónomos e astrofísicos estão convencidos de que pelo menos a maior parte das estrelas serão orbitadas por planetas. No início de 2015, um artigo de uma equipa internacional com vários cientistas portugueses, cujo primeiro autor é o português Tiago Campante, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, divulgava a descoberta de cinco planetas rochosos, com tamanhos entre Mercúrio e Vénus, no sistema solar Kepler-444. Intensificava-se a procura de planetas semelhantes à nossa Terra, que orbitem a sua estrela na zona dita habitável, em que a existência de água no estado líquido é teoricamente possível.
Em Maio de 2016, uma equipa internacional liderada por Michaël Gillon, e da qual fazia parte Didier Queloz, publicou, num artigo na revista Nature, que à volta da estrela Trappist-1, uma anã vermelha com apenas 8% da massa do Sol e situada a 39 anos-luz da Terra, tinham sido descobertos três planetas do tamanho do nosso planeta azul. Esta descoberta mobilizou astrónomos de todo o mundo e muitos telescópios - desde o telescópio espacial Spitzer, da NASA, até telescópios situados no Chile, em Marrocos, no Havai, em Liverpool, nas Canárias e na África do Sul – que passaram a escrutinar como nunca antes a estrela TRAPPIST-1.
E o resultado deste esforço observacional astronómico foi agora publicado, novamente na revista Nature, e é uma descoberta extraordinária: TRAPPIST-1 tem pelo menos sete planetas de tamanho semelhante ao da Terra e três deles situam-se na zona habitável.
Os seus nomes são TRAPPIST-1b, c, d, e, f, g, h, por ordem crescente de distância à estrela. “Descobrimos que cinco dos planetas (b, c, e, f, g) têm tamanhos semelhantes à Terra, enquanto os outros dois (d, h) têm um tamanho intermédio entre Marte e a Terra.
A massa estimada para os seis planetas mais interiores sugere a existência de composições rochosas”, pode ler-se no artigo cujo autor principal é de novo Michaël Gillon e de cuja equipa faz parte a portuguesa Catarina Fernandes (foto), que está a fazer o doutoramento em astrofísica na Universidade de Liège, na Bélgica. Esta descoberta já está a mobilizar mais meios telescópicos.
O telescópio espacial Hubble já está a estudar a composição das eventuais atmosferas dos planetas do sistema solar TRAPPIST-1. E muita expectativa se existe sobre o que é que se poderá descobrir com a próxima geração de telescópios, como o telescópio espacial James Webb (da NASA) e o Telescópio Europeu Extremamente Grande (do ESO). Estes irão procurar moléculas compatíveis teoricamente com a existência de uma actividade biológica. As questões sobre a existência de vida extraterrena elevam-se, assim, para além do sonho que a ciência fertiliza.
António Piedade
in Ciência Viva Regional
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017
Descobertos sete exoplanetas com condições para ter água na vizinhança do nosso Sistema Solar
Uma equipa internacional de astrónomos, incluindo a portuguesa Catarina Fernandes, detetou fora do sistema solar sete planetas semelhantes à Terra, onde a água, elemento fundamental para a vida, poderá existir em estado líquido, foi hoje anunciado.
Os sete exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) têm um tamanho e uma massa aproximados ao da Terra e orbitam uma estrela anã extremamente fria, a TRAPPIST-1, localizada a cerca de 39 anos-luz do Sol, revela o estudo da equipa, divulgado hoje pela revista científica Nature. Apesar de a estrela ser 'ultrafria', o estudo sugere que em seis dos planetas extrassolares potencialmente habitáveis, os que estão mais perto da TRAPPIST-1, a temperatura à superfície pode oscilar entre os 0ºC e os 100ºC. O grupo de cientistas estima que estes seis planetas sejam rochosos como a Terra.
A investigação surge na continuidade de uma outra, em que a equipa de astrónomos, liderada por Michaël Gillon, da Universidade de Liège, na Bélgica, concluiu haver três exoplanetas em torno da estrela anã, mais pequena do que o Sol. Motivado pela descoberta, anunciada em maio, o grupo, do qual faz parte Catarina Fernandes, encetou uma campanha de monitorização fotométrica (medição da luz) da estrela, a partir de telescópios espaciais, como o Spitzer, e terrestres, que permitiu identificar mais quatro exoplanetas no sistema estelar TRAPPIST-1.
No trabalho agora publicado, e que levou a agência espacial norte-americana NASA, que opera o telescópio Spitzer, a convocar uma conferência de imprensa para hoje, Michaël Gillon e colegas ressalvam que são necessárias mais observações para caraterizar em pormenor os planetas, em particular o sétimo, o mais afastado da estrela e cujo período orbital e interação com os restantes planetas continua a ser um mistério. A estrela anã deve o seu nome ao telescópio belga TRAPPIST, instalado no Chile.
Em agosto, uma outra equipa internacional de investigadores, liderada pelo astrónomo Guillem Anglada-Escudé, da universidade britânica Queen Mary, anunciou a descoberta de um planeta extrassolar a orbitar a estrela mais perto do Sol, a Próxima de Centauro, uma anã vermelha relativamente fria localizada a 4,22 anos-luz da Terra. De acordo com o grupo de cientistas, o planeta em causa, o mais próximo da Terra, o Próxima b, tem uma temperatura adequada para ter água líquida à sua superfície, pelo menos nas regiões mais quentes, e eventualmente vida tal como se conhece.
Ao contrário dos exoplanetas do estudo hoje divulgado, o Próxima b tem uma massa 1,3 vezes superior à da Terra. O clima do Próxima b é igualmente muito diferente do do 'planeta azul', sendo pouco provável que tenha estações devido à sua rotação e à forte radiação emitida pela sua estrela.
in www.contacto.lu
Os sete exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar) têm um tamanho e uma massa aproximados ao da Terra e orbitam uma estrela anã extremamente fria, a TRAPPIST-1, localizada a cerca de 39 anos-luz do Sol, revela o estudo da equipa, divulgado hoje pela revista científica Nature. Apesar de a estrela ser 'ultrafria', o estudo sugere que em seis dos planetas extrassolares potencialmente habitáveis, os que estão mais perto da TRAPPIST-1, a temperatura à superfície pode oscilar entre os 0ºC e os 100ºC. O grupo de cientistas estima que estes seis planetas sejam rochosos como a Terra.
A investigação surge na continuidade de uma outra, em que a equipa de astrónomos, liderada por Michaël Gillon, da Universidade de Liège, na Bélgica, concluiu haver três exoplanetas em torno da estrela anã, mais pequena do que o Sol. Motivado pela descoberta, anunciada em maio, o grupo, do qual faz parte Catarina Fernandes, encetou uma campanha de monitorização fotométrica (medição da luz) da estrela, a partir de telescópios espaciais, como o Spitzer, e terrestres, que permitiu identificar mais quatro exoplanetas no sistema estelar TRAPPIST-1.
No trabalho agora publicado, e que levou a agência espacial norte-americana NASA, que opera o telescópio Spitzer, a convocar uma conferência de imprensa para hoje, Michaël Gillon e colegas ressalvam que são necessárias mais observações para caraterizar em pormenor os planetas, em particular o sétimo, o mais afastado da estrela e cujo período orbital e interação com os restantes planetas continua a ser um mistério. A estrela anã deve o seu nome ao telescópio belga TRAPPIST, instalado no Chile.
Em agosto, uma outra equipa internacional de investigadores, liderada pelo astrónomo Guillem Anglada-Escudé, da universidade britânica Queen Mary, anunciou a descoberta de um planeta extrassolar a orbitar a estrela mais perto do Sol, a Próxima de Centauro, uma anã vermelha relativamente fria localizada a 4,22 anos-luz da Terra. De acordo com o grupo de cientistas, o planeta em causa, o mais próximo da Terra, o Próxima b, tem uma temperatura adequada para ter água líquida à sua superfície, pelo menos nas regiões mais quentes, e eventualmente vida tal como se conhece.
Ao contrário dos exoplanetas do estudo hoje divulgado, o Próxima b tem uma massa 1,3 vezes superior à da Terra. O clima do Próxima b é igualmente muito diferente do do 'planeta azul', sendo pouco provável que tenha estações devido à sua rotação e à forte radiação emitida pela sua estrela.
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quinta-feira, 19 de maio de 2016
“O Luxemburgo soube transformar uma ameaça em oportunidade”, diz Jean-Jacques Dourdain, ex-director da ESA
O ministro da economia do Luxemburgo, Etienne Schneider, e Jean-Jacques Dourdain, ex-director da ESA Foto: ESA |
A afirmação do francês, engenheiro de formação e que dirigiu a ESA entre 2003 e 2015, foi feita durante o Fórum ICT Spring, encontro sobre novas tecnologias que decorreu na semana passada, em Kirchberg.
Este ano, o fórum foi dedicado ao Espaço, como forma de responder à agenda científica e económica traçada recentemente pelo ministro da Economia luxemburguês, Etienne Schneider. Em Fevereiro o ministro anunciou que o Governo do Luxemburgo quer adoptar um quadro legal que permita às empresas privadas que decidam instalar-se no país para explorarem minério espacial de terem assegurados os “seus direitos” aos recursos extraídos dos asteróides.
“O Luxemburgo é o lugar certo para lançar este projecto de explorar asteróides. É um país com tradição no espaço, com a SES, que é a segunda operadora mundial de satélites [baseada em Betzdorf] e na extracção de minério, graças ao seu passado siderúrgico. E como praça financeira é também o local certo para encontrar investimento para este novo sector”, acrescentou Dordain, na conferência dedicada a este tema, integrada no Fórum ICT.
“Fiquei muito surpreendido e contente quando o Estado luxemburguês me contactou”, confiou Dordain, para quem esta decisão do Grão-Ducado é “inteligente”.
“A Terra é finita e a penúria de minérios vai aumentar nos próximos anos. É preciso olhar mais além. Ao investir na exploração de minérios do espaço, que tem recursos minerais ilimitados, não só vamos poupar o nosso planeta à extracção intensiva como pode revelar-se uma formidável nova fonte de rendimentos, que podem ser substanciais”, disse o consultor.
No público, alguém lembrou que o chefe-astrónomo do Observatório de Nova Iorque, Neal deGrasse Tyson, já dissera em 2013 que “o primeiro trilionário do mundo será alguém que souber extrair os recursos naturais dos asteróides, que são raros na Terra, mas abundantes no espaço, como a água, a platina, o ouro e o irídio”.
“Apesar de ser uma indústria ainda pequena à escala global, em 2014 o sector espacial cresceu 9% em relação ao ano anterior e atingiu os 330 mil milhões de dólares anuais. Cerca de 76% da economia espacial mundial está ligada aos voos comerciais, o resto são investimentos governamentais” das nações ditas espaciais – EUA, Rússia, Canadá, UE, Japão e China – lembrou, por seu lado, Daniel Faber, da Deep Space Industries (DSI), com a qual o Governo luxemburguês assinou um contrato para a exploração de asteróides.
Para o australiano da DSI, “os asteróides são as “baratas do espaço”. Silêncio na sala. “Eu explico”, continua Faber, “para mim, os asteróides são como as baratas porque podemos usá-los e esmagá-los antes que mordam”. Gargalhada geral. Sem o objectivo de ser um “designío nacional”, como o lançado por John F. Kennedy, que queria que os EUA fossem a primeira nação a chegar à Lua nos anos 60, o Governo do Luxemburgo vê este projecto como algo transversal a toda a sociedade e economia do país.
“O Governo luxemburguês está empenhado em atrair o maior número de sectores da economia nacional para o seu projecto de exploração e extracção de minérios em asteróides, da educação à saúde, passando pelas telecomunicações, novas tecnologias, indústria e outros”, garantiu Mathias Link, que é também um dos consultores de Etienne Schneider para o espaço.
Depois de o Presidente Obama ter promulgado o ’Space Act’ nos EUA, legislação que autoriza a exploração comercial das riquezas encontradas em asteróides e na Lua, “o Luxemburgo foi o primeiro país do mundo a reagir e apenas dois meses depois (em Fevereiro deste ano) lançou este projecto”, recordou Mathias Link.
“Actualmente há cada vez mais empresas privadas a apostar neste sector, que vêem o espaço como uma grande oportunidade económica, e apraz-nos afirmar que o Luxemburgo está no pelotão da frente”, acrescentou Link.
“O sector espacial está a mudar e a democratizar-se muito rapidamente. Hoje o acesso ao espaço é cada vez mais barato”, disse Dordain.
“ÁGUA VAI SER O RECURSO NATURAL DO SÉC. XXI”
Um dos elementos essenciais que estas novas empresas contam encontrar nos asteróides é água, que existe também em cometas, muitos planetas e até na Lua. “A água vai ser o recurso natural do século XXI, como o petróleo foi o do século XX”, disse por seu lado Chris Lewicki, que trabalhou dez anos como engenheiro na NASA e agora dirige a sua própria empresa, a Planetary Resources, que também planeia explorar asteróides.
“Vamos precisar de água nas futuras estações espaciais, a ISS [a Estação Espacial Internacional] só deverá funcionar até 2024, e nas viagens interplanetárias”, disse Lewicki. Ao que alguém no público lembrou que da água pode também ser extraído o oxigénio para os sistemas de vida das naves. “Para quê levar água da Terra se ela existe no espaço?”, perguntou o patrão da Planetary Resources, que também está em negociações com o Governo luxemburguês.
Para Lewicki, “a Humanidade tem que ir além da Lua e da órbita baixa da Terra”, onde orbita a ISS. “Está na altura de expandirmos a esfera económica humana no Sistema Solar”. Jean-Jacques Dordain concorda: “Explorar os recursos do espaço vai tornar o voo espacial mais fácil e isso vai ajudar-nos a chegar a Marte e a explorar o resto do Sistema Solar”.
NAVE SERÁ CONSTRUÍDA NO LUXEMBURGO
Daniel Faber aproveitou para revelar o que envolve o contrato da DSI com o Estado luxemburguês. A primeira fase passa pela concepção da nave Prospector-X, protótipo para voos-teste, e que deverá ser construída no Grão-Ducado. As naves seguintes serão a Prospector-1, que vai deixar a órbita terrestre e pousar num asteróide, a Harvester-X, que testará a extracção de minério num asteróide, e a Harvester-1, pensada já para a extracção em grande escala. Para já, a empresa californiana tem apenas um escritório no boulevard Royal, na capital luxemburguesa, e não adiantou mais pormenores sobre em que unidade fabril, existente ou futura, será construída a ou as naves.
Durante esta palestra, a empresa japonesa Ispace e a alemã PT-Scientists, apresentaram os seus robots-rovers lunares, ambos candidatos ao “Google Lunar Xprize”, concurso internacional que vai atribuir 30 milhões de dólares ao projecto mais promissor para explorar o nosso satélite natural. Os donos da DSI e da Planetary Resources quiseram saber se os rovers podiam circular em asteróides e outros corpos celestes, mas admitem que o facto de haver água e prata na Lua não é suficiente para suscitar o seu interesse.
“A Lua não é interessante, os asteróides são mais ricos em recursos”, disseram. O debate com os especialistas abordou ainda o futuro da propulsão de naves, os vaivéns ’low-cost’ com decolagem e aterragem vertical, os sistemas de vida das naves, as comunicações espaciais, as plataformas orbitais e o futuro incerto da ISS, os lançadores de foguetões e a viagem para Marte, assuntos que saíram em poucos anos da ficção científica para fazer parte da ciência e das notícias do dia-a-dia.
No Fórum ICT Spring Luxembourg 2016 estiveram especialistas de 72 países e nos diferentes debates foram abordados temas como a conectividade global, o sector da e-Saúde e a “era da abundância”, termo inspirado na série Star Trek sobre uma hipotética economia anti-capitalista futurista, e que neste caso concreto debateu a forma como a tecnologia está (ou não) a fomentar o bem-estar da Humanidade.
Neste fórum foi também debatido como as novas tecnologias estão a mudar a forma de as empresas contratarem pessoal e até um novo desporto (tekball) que nasceu no Luxemburgo.
José Luís Correia
in Contacto, 18/05/2016
sábado, 7 de maio de 2016
Governo luxemburguês assina acordo com empresa americana para exploração de minério em asteróides
O Governo luxemburguês assinou esta quinta-feira um memorando de entendimento com a empresa norte-americana especializada na exploração em voos espaciais, Deep Space Industries (DSI), e com o banco Société Nationale de Crédit et d'Investissement para a "exploração, uso e comercialização de recursos extraídos em asteróides", refere o Ministério da Economia em comunicado.
O acordo envolve uma cooperação entre o Governo e a Deep Space Industries para desenvolver e lançar a primeira nave, Prospector-X, que vai explorar recursos minerais em asteróides. "Esta promissora cooperação com a DSI, no âmbito da iniciativa spaceresources.lu, demonstra claramente o forte empenho do Governo luxemburguês em apoiar a exploração e uso futuro dos recursos espaciais.
As negociações para formalizar a nossa relação com outras empresas que operam neste domínio estão em andamento. O nosso objectivo é atrair actividades de investigação espacial e capacidades tecnológicas para o Luxemburgo, que alberga um sector espacial cada vez mais importante como parte dos nossos contínuos esforços para diversificar a economia nacional", disse o ministro da Economia, Etienne Schneider.
O primeiro passo para a exploração do espaço foi dado em Fevereiro, quando o Luxemburgo tornou-se no primeiro país a criar um quadro regulamentar e jurídico favorável às empresas que queiram explorar comercialmente o espaço. Essa iniciativa luxemburguesa teve lugar dois meses depois de Barack Obama ter promulgado o "Space Act", que autoriza a exploração comercial das riquezas encontradas nos asteróides e na Lua.
O "Space Act" estabelece que todos os recursos encontrados por um cidadão ou empresa norte-americana no satélite natural da Terra ou em corpos celestes passarão a pertencer a quem os descobriu. Um dos primeiros objectivos da Deep Space Industries é conseguir encontrar água no interior dos asteróides, que poderá servir como meio de propulsão da nave (em vez de outros combustíveis) e depois passar à exploração de metais preciosos como o outro ou a platina.
in Contacto.lu, 06/05/2016
terça-feira, 3 de maio de 2016
Descobertos três exoplanetas que podem abrigar vida, a 40 anos-luz da Terra
Impressão artística da estrela anã muito fria TRAPPIST-1 e dos seus três planetas Imagem: ESO |
Estas estrelas são muito ténues, muito mais frias e vermelhas que o Sol e em termos de tamanho não são muito maiores que Júpiter. No entanto, são muito comuns, constituindo cerca de 15% das estrelas existentes na vizinhança do Sol.
A estrela 2MASS J23062928-0502285, também conhecida por TRAPPIST-1, é uma anã muito fria situada na constelação do Aquário.
Encontra-se a apenas 40 anos-luz da Terra, por isso apesar de ser muito ténue, os astrónomos conseguiram obter medições muito precisas com o telescópio TRAPPIST, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.
Em órbita da estrela giram três planetas do tamanho da Terra, que podem ter regiões passíveis de sustentar vida. Estes são os primeiros planetas deste tipo que se descobriram em torno de uma anã muito fria e são o melhor alvo para telescópios futuros procurarem sinais de vida noutros locais do Universo.
quarta-feira, 2 de março de 2016
Astronautas Scott Kelly, Mikhail Kornienko e Sergueï Volkov regressaram à Terra após quase um ano na ISS
O astronauta americano Scott Kelly Foto: NASA |
Os cosmonautas russos Sergueï Volkov e Mikhaïl Kornienko e o astronauta americano Scott Kelly aterraram conforme previsto nas estepes do Cazaquistão pelas 4h27 (+ 1h no Luxemburgo), anunciaram o centro de controlo russo Roscosmos e a NASA.
Kelly e Kornienko passaram 340 dias na ISS para preparar futuras missões a Marte, enquanto Volkov esteve a bordo mais de cinco meses.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
China constrói maior rádiotelescópio do mundo em Guizhou para procurar vida extratterestre
Foto: China National Space Agency (CNSA) |
O rádiotelescópio "Five hundred meter Aperture Spherical Telescopeestrutura" (FAST), com 500 metros de altura, será erguido no cantão de Pingtang, província de Guizhou, sudoeste do país, e irá começar a operar este ano.
Os funcionários locais deverão realojar 9.110 residentes dentro de uma área de cinco quilómetros em redor da construção, de acordo com a agência oficial chinesa Xinhua.
O objectivo é "criar um ambiente seguro para a difusão de ondas eletromagnéticas", escreve a Xinhua, citando um funcionário local, Li Yuecheng.
Os residentes serão recompensados em 12 mil yuan (cerca de 1.650 euros) e alguns receberão subsídios extra para alojamento, indica a agência.
O radiotelescópio a ser construído em Guizhou deverá custar 1,2 mil milhões de yuan (165 milhões de euros) e superará o actual maior do mundo, localizado no Observatório de Arecibo, em Porto Rico, e que tem 300 metros de diâmetro.
Citado anteriormente pela Xinhua, o director do Sociedade Astronómica da China referiu que a alta sensibilidade do aparelho "ajudará a procurar por vida inteligente fora da galáxia".
Pequim tem um plano de exploração espacial orçamentado em milhares de milhões de euros, que prevê a construção de uma estação espacial permanente na órbita da Terra e, possivelmente, uma missão humana na Lua.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Terra diz adeus a Philae
Imagem: ESA |
O centro de controlo de aterragem parou de enviar comandos a Philae, segundo a DLR, numa nota intitulada "Chegou a hora de dizer adeus à Philae".
Entretanto, a sonda espacial Rosetta "continua ainda à escuta" do Philae, sublinhou a agência espacial francesa (CNES), num comunicado separado.
"Há realmente muito pouca esperança de receber um sinal" do Philae, declarou à agência de notícias francesa AFP Stephan Ulamec, um responsável DLR.
O cometa Chouri move-se para longe do Sol, o que significa que os painéis solares do robot recebem menos luz. As antenas de recepção do robot continuam ligadas e "continuamos a estar preparados no caso de a Philae acordar", disse Ulamec. "Mas, para ser honesto e realista, é muito improvável que escutemos novamente o Philae", disse Stephan Ulamec.
Philae, que viajou na sonda espacial Rosetta, realizou a 12 de Novembro de 2014 uma aterragem histórica sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (Churi).
Equipada com dez instrumentos, trabalhou durante 60 horas antes de "adormecer" por falta de energia. Voltou a "acordar" em Junho de 2015, mas não deu mais sinais de funcionamento desde 9 de Julho.
A sonda Rosetta foi lançada em Março de 2004, e está a orbitar o cometa 67/P desde o ano passado.
Em Novembro de 2014, a 500 milhões de quilómetros da Terra e após uma viagem de 10 anos, o Philae tornou-se o primeiro objecto de fabrico humano a pousar num cometa.
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