Uma equipa de investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) descobriu que o gás que envolve algumas galáxias pode deixar passar 90% da radiação ionizante, descoberta que é considerada um avanço na investigação da captação de luz pelos buracos negros.
"Existe um mistério bastante antigo sobre a luz que recebemos das estrelas, que defende que o gás devia absorver a radiação ionizante do núcleo de algumas galáxias", referiu à agência Lusa Filipe Pires, da unidade de divulgação do CAUP.
Esta descoberta tem consequências importantes na compreensão de um dos fenómenos mais energéticos do Universo, os núcleos activos das galáxias (buracos negros supermassivos que crescem com o material que os rodeia - essencialmente gás).
A equipa liderada pelos investigadores da CAUP Polychronis Papaderos e Jean Michel Gomes explicou que 90% da radiação ionizante - provocada pelas ondas cósmicas emitidas pelas rochas espaciais - consegue escapar à absorção pelo meio interestelar.
"Os meus colegas descobriram que o gás à volta das galáxias pode não bloquear completamente a radiação ionizante, deixando-a escapar como se fosse uma esponja", referiu Filipe Pires.
Os astrónomos conseguiram verificar que a disparidade entre as observações se deve à elevada porosidade do meio interestelar em algumas galáxias, que é incapaz de absorver radiação ionizante de forma eficiente.
As galáxias tornam-se também incapazes de emitir energia suficiente sob a forma de luz visível, resultando em "radiação que os nossos olhos não veem" (infravermelho, rádio, radiação ultravioleta e radiações ionizantes).
A equipa conseguiu verificar que a radiação ionizante só consegue escapar em algumas galáxias, sendo que grande parte é absorvida pelo gás do meio interestelar e depois é reemitida em riscas na banda do visível.
A investigação constituiu um passo decisivo na investigação e compreensão dos núcleos activos das galáxias.
(Este artigo foi também publicado no site www.wort.lu/pt).