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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Constelação do Altar: Uma estrela e quatro planetas podem vir a ter nomes portugueses

Representação artística do exoplaneta Mu Arae b

Há um sistema planetário a cerca de 50 anos-luz da Terra cuja estrela e planetas podem vir a ter nomes portugueses como Lusitânia, Caravela, Adamastor, Esperança e Saudade.

A decisão vai ser tomada depois de uma votação na internet, na qual o público pode participar até 31 de Outubro.

A União Astronómica Internacional (IAU, na sigla em inglês), único grupo de astrónomos profissionais reconhecido pela comunidade científica, anunciou a 11 de Agosto que está aberto o concurso público para dar nomes a 15 estrelas e 32 exoplanetas (ou planetas extra-solares, ou seja, que se situam fora do nosso Sistema Solar). O concurso decorre no site NameExoWorlds (http://nameexoworlds.iau.org/exoworldsvote) e nesse portal cada internauta tem o direito de votar nos nomes que prefere para atribuir a esses 47 astros e corpos celestes de 20 sistemas planetários diferentes.

Foto de família do sistema planetário Mu Arae 


A estrela Mu Arae com os seus quatro planetas 
Imagem: Sephirohq/CreativeCommons
Actualmente, o nome deste sistema planetário é Mu Arae ou HD 160691, mas a partir de Novembro pode passar a ficar conhecido por um nome bem português: o sistema planetário Lusitânia. Os quatro planetas que a orbitam receberiam os nomes de Caravela, Adamastor, Esperança e Saudade.

Lusitânia - a estrela Mu Arae é visível a olho nu no céu nocturno do hesmifério sul, na constelação de Ara (Altar, em latim). É uma estrela anã amarela semelhante ao nosso Sol, mas duas vezes mais luminosa. É cerca de 32% maior do que o nosso Sol e com cerca de 108% da massa da nossa estrela. Terá cerca de 6,4 mil milhões de anos, sendo assim mais velha que o nosso Sol (4,5 mil milhões de anos). Tem quatro planetas em sua órbita, três dos quais com massa semelhante à de Júpiter.

Caravela - Mu Arae b (ou HD 160691 b) é um exoplaneta com cerca de 1,676 vezes a massa de Júpiter. Tem uma órbita de 643,25 dias (1,76 anos) e situa-se na zona habitável da sua estrela, a uma distância de 1,97 UA (unidade astronómica: 1 UA equivale à distância Terra-Sol). É provavelmente um gigante gasoso. Se tiver satélites, podem conter água líquida. Foi o primeiro planeta deste sistema a ser descoberto, em 12/12/2000.

Adamastor - Mu Arae c (HD 160691 c) pode ser considerado a "Vénus" do sistema Mu Arae, já que se situa entre 0,07529 e 0,10659 UA, com uma órbita de 9,6 dias. Tem uma massa de cerca de 14 vezes a da Terra, com fortes probabilidades de ser um planeta rochoso como a Terra. Descoberto a 26/08/2004 por uma equipa internacional, em que participou o astrofísico português Nuno Cardoso Santos. Foi o primeiro exoplaneta de tipo 'Neptuno quente' a ser descoberto.

Esperança - Mu Arae d (HD 160691 d) tem cerca de metade da massa de Júpiter, uma órbita de 310 dias, e está a uma distância de 0.921 UA. É provável que seja um gigante gasoso. Descoberto a 5/08/2006. 

Saudade - Mu Arae e (HD 160691 e). É um gigante gasoso com a massa de 1,8 vezes a de Júpiter, mas de dimensão mais pequena. O planeta orbita a sua estrela em 11 anos, a uma distância de 5,235 UA, o equivalente à distância que separa o Sol de Júpiter. Foi descoberto em 13/06/2002.

Os nomes oficialmente escolhidos serão anunciados em Novembro pela IAU.

Prefere os nomes portugueses ou estes?

Em competição com os nomes portugueses há ainda seis outras propostas.

Uma equipa espanhola propõe os nomes Cervantes, Quijote, Dulcineia, Rocinante e Sancho.

Uma equipa japonesa propôs Daikokuten, Ebis, Bishimonte, Benzaiten e Fukurokuju. 

Um grupo colombo-panamiano sugeriu Humantahú, Tutruica, Armucura, Dabeiba e Karagabi. 

Há também uma proposta "floral": Camellia, Hibiscus, Helianthus, Lotus e Riza.

Uma outra proposta, mais anglófona, deixa em competição os nomes: Minerals, Another Gaia, Hotsprings, Mysteria e Reitoh. 

Finalmente, há um grupo que propôs nomes inspirados no universo de ficção científica criado pelo autor americano Robert Heinlein: RobertHeinlein, Podkayne, Pixel, LazarusLong e NoisyRhysling.

Cristiano Ronaldo e Fernão de Magalhães já homenageados

Já existem no céu nocturno dois nomes de portugueses famosos.

A galáxia CR7 (COSMOS Redshift 7), descoberta em Junho deste ano pelo astrónomo português David Sobral, foi baptizada em homenagem a Cristiano Ronaldo, que também é conhecido por CR7.

As "Nuvens de Magalhães" são duas galáxias anãs satélites da Via Láctea (a nossa galáxia). Ambas são visíveis a olho nu, mas apenas no hemisfério sul. Fernão de Magalhães, na sua circum-navegação ao globo em 1519-1522, foi o primeiro europeu a ter observado as 'nuvens', o que levou à sua denominação actual. Na verdade, o astrónomo persa Al-Soufi já recenseara estas galáxias seis séculos antes, no ano de 924.

Há também "regiões" com nomes portugueses ou lusófonos em, pelo menos, mais tres corpos celestes do nosso sistema solar.

Em Marte, vales e crateras com nomes portugueses ou lusófonos: os vales Tagus, Munda e Durius, no hemisfério sul marciano, referem-se aos rios Tejo, Mondego e Douro. As crateras Aveiro, Funchal e Lisboa situam-se no hemisfério norte marciano, enquanto que a cratera Fernão de Magalhães fica no hemisfério sul de Marte. Há ainda as crateras em homenagem às caravelas São Pantaleão e São Cristóvão (que faziam parte da frota de Bartolomeu Dias quando dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1488), bem como às da frota de Vasco da Gama para a India, São Gabriel, São Rafael e Bérrio. Há também crateras com nomes brasileiros (Campos, Caxias, Gandu, Labria, Lagarto, Lins, Mafra, Peixe, Viana, Xui), moçambicanos (Chefu, Nune, Santaca) ou angolanos (Longa).

Na Lua, existem as crateras Vasco da Gama, Pedro Nunes (matemático portugues), Fernão de Magalhães e Santos Dumont (aviador e inventor brasileiro).

Em 2013, a IAU atribuiu também o nome da artista plástica portuguesa Maria Helena Vieira da Silva a uma cratera em Mercúrio. Em Mercúrio é tradição baptizar as crateras com nomes de artistas mortos.

2000 exoplanetas descobertos desde 1995 

Desde 1995, data de descoberta do primeiro planeta exterior ao nosso Sistema Solar, já foram descobertos cerca de 2 mil exoplanetas. Os planetas extra-solares que vão sendo descobertos são 'baptizados' com um nome relacionado com o telescópio pelo qual foram descobertos (por exemplo o exoplaneta Kepler 22b, que foi descoberto pela missão Kepler em 2010), ou por um código de letras e números - por exemplo HD 189733 b, em que a primeira sequência (HD189733) designa a estrela e a letra em minúscula designa o planeta.

200 mil milhões de estrelas

Haverá oportunidade para "baptizar" muitos outros planetas e estrelas, já que a IAU prevê lançar novas consultas públicas nos próximos tempos para encontrar nomes para 305 exoplanetas de 260 sistemas planetários descobertos entre 1995 e 2008. Como os cientistas calculam que possam existir cerca de 200 mil milhões de estrelas só na nossa galáxia, e que em torno da maioria orbitam planetas, haverá forma de agradar "a gregos e troianos" nos próximos anos e mesmo décadas. A não ser que seja descoberta vida inteligente nesses sistemas e que os indígenas protestem contra o nome dado etnocentricamente e de forma abusiva por nós, terráqueos.

José Luís Correia

sábado, 6 de junho de 2015

Sonda euro-japonesa BepiColombo que vai estudar Mercúrio em 2024 tem tecnologia portuguesa


A sonda BepiColombo, cujo lançamento está previsto para Janeiro de 2017 e que tem como objectivo estudar Mercúrio, numa missão euro-nipónica, tem tecnologia portuguesa, da empresa Active Space Technologies.

A empresa lusa concebeu a mecânica e o isolamento térmico de um dos instrumentos. A Active Space Technologies, multinacional portuguesa especialista em tecnologia aeroespacial, esteve envolvida na concepção da estrutura do espectrómetro (instrumento óptico para medir as propriedades da luz numa determinada faixa do espectro electromagnético) que permitirá fazer a análise dos níveis de sódio da atmosfera do planeta.

O gestor de projectos da empresa, João Ricardo, explicou que foram usados materiais como alumínio e titânio para que o instrumento seja, ao mesmo tempo, leve e resistente, "sobreviva ao período de lançamento" e a "ciclos térmicos muito abruptos".

A sonda BepiColombo é um projecto das agências espaciais europeia ESA e japonesa JAXA e é composta por dois módulos, o Orbitador Planetário de Mercúrio, de desenho europeu, e o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio, de concepção nipónica.

O espectrómetro em cuja construção a Active Space Technologies, com sede em Coimbra, participa é um dos cinco instrumentos que compõem o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio. Enquanto o Orbitador Planetário de Mercúrio, que vai estar mais próximo do planeta, vai examinar a sua superfície, o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio, numa órbita mais excêntrica, vai estudar a magnetosfera.

A missão BepiColombo, assim designada em homenagem ao cientista italiano Giuseppe (Bepi) Colombo (1920-1984), que desenvolveu estudos sobre Mercúrio, é a primeira missão europeia ao planeta mais pequeno e mais próximo do Sol.

A nova data de lançamento foi apontada para 27 de Janeiro de 2017. O custo da missão está estimado em 1.200 milhões de euros. A agência espacial europeia, da qual Portugal é um dos países-membros, espera que a sonda chegue a Mercúrio em Janeiro de 2024 e explore o planeta durante pelo menos um ano terrestre (o equivalente a quatro anos mercurianos), enfrentando temperaturas que podem exceder os 350ºC.

A agência espacial norte-americana NASA teve a sonda Messenger na órbita de Mercúrio durante quatro anos, mas esta chegou ao fim da sua vida no final de Abril de 2015. Ler mais aqui

domingo, 3 de maio de 2015

Físico José Tito Mendonça publica "Uma biografia da Luz"

José Tito Mendonça
Este ano celebra-se internacionalmente a luz. O estudo da luz desvenda-nos a natureza do Universo, a história da evolução do Cosmos.

A editora Gradiva, a quem um dia o professor José Mariano Gago apelidou de “Universidade Gradiva”, acaba de lançar o número 211 da prestigiada colecção “Ciência Aberta”, com o título “Uma Biografia da Luz – Ou a Triste História do Fotão Cansado”, de José Tito Mendonça-

O autor é físico e professor catedrático reformado do Instituto Superior Técnico (IST), mas que mantém actividade científica à frente do laboratório de átomos frios e plasmas quânticos do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST.

A colecção “Ciência Aberta” acolhe assim mais um autor português na sua galeria de excelentes divulgadores de ciência, e este livro enriquece o panorama da divulgação de ciência em língua portuguesa.

Esta biografia da luz foi lançada a 28 de Abril, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. O livro apresenta, numa linguagem acessível e cativante, o essencial sobre a natureza e as propriedades da luz.

Mas o autor também incluiu diversas passagens em que nos diz a sua opinião sobre a ciência e a vida, onde narra alguns episódios da sua actividade enquanto cientista. Como o próprio autor escreve na “Nota Prévia” com que abre o livro, “esta biografia da luz é polvilhada de fragmentos autobiográficos”, aspecto que engradece o livro ao apresentar ao leitor vivências de como a ciência se faz, mas também a relação entre ciência e arte, numa manifestação multifacetada da luz na cultura humana.

A luz é de facto um tema transversal aos diversos territórios em que cresce o conhecimento humano. As 267 páginas deste livro compreendem nove capítulos: 1 – Intróito, o pescador irrequieto; 2 – Dualidade; 3 – Ausências; 4 – Os fotões e a cor; 5 – Os lasers e eu; 6 – O quarto elemento; 7 – Estrelas, e mais além; 8 – Chuva cósmica; 9 – Conclusão, onde se fala sobre compreender a ciência e esta na terra dos sonhos.

José Tito Mendonça escreveu a pensar no leitor comum. Num convite à acessibilidade, não usou fórmulas e evitou fazer referências a trabalhos especializados menos conhecidos do grande público. É assim um livro para todos, que ilumina quem o ler. Neste ano Internacional da Luz, este é um livro a não perder.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Nasce o maior instituto de investigação em astrofísica de Portugal

As duas maiores instituições portuguesas de investigação em astrofísica - o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL) e o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) - anunciaram a 29 de Outubro a sua fusão, dando origem ao Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).

Este é um passo fundamental na consolidação da investigação científica, formação e divulgação de astronomia e astrofísica em Portugal, e no reforço da participação nacional nos grandes projetos internacionais na área das ciências do espaço.

José Afonso (IA e Universidade de Lisboa), coordenador do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL) e do recém-formado IA comenta: “O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço representa o culminar de uma colaboração de vários anos entre as duas instituições de referência na área em Portugal.”

Já para o director do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), Pedro Avelino (IA e Universidade do Porto), “este passo tornará ainda mais robusta a investigação nacional na área das ciências do espaço, a área de investigação em que Portugal tem maior impacto internacional.”

As actividades do IA estão estruturadas em torno de três grandes grupos de investigação – Origem e Evolução de Estrelas e Planetas ; Galáxias, Cosmologia, e a Evolução do Universo e ainda Instrumentação e Sistemas.

A participação dos investigadores do IA, em alguns dos maiores projectos internacionais nestas áreas de vanguarda, tornará ainda mais importante o papel de Portugal junto das grandes instituições europeias, como a Agência Espacial Europeia (ESA) e o Observatório Europeu do Sul (ESO).

Por sua vez, a participação no desenvolvimento de tecnologias de ponta para a observação astronómica, no contexto dessas instituições internacionais, reforçará a colaboração já existente entre o IA e a indústria nacional.

O novo instituto tem também uma forte componente de divulgação científica na área das ciências do espaço, com um vasto leque de actividades dirigidas tanto às escolas como ao público em geral, centradas essencialmente no Planetário do Porto – Centro Ciência Viva e no Observatório Astronómico de Lisboa.

O IA integra ainda a rede de parceiros oficiais de divulgação do ESO, uma parceria exclusiva de instituições que colaboram regularmente com o ESO, em eventos e em projectos de divulgação ou educação informal.

Com o anúncio da criação do IA, é também lançada a iniciativa 30 dias IA. Ao longo do mês de
Novembro, será publicada nas suas redes sociais, informação diária sobre o novo instituto e o seu papel científico e tecnológico, tanto a nível nacional como internacional.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Portugal em busca de Super Terras com a missão espacial PLATO

Imagem artística do telescópio espacial PLATO, a observar planetas exóticos, num sistema com gigantes gasosos e planetas semelhantes à Terra. Observa também muitas estrelas distantes, com planetas em órbita. Crédito: DLR (Susanne Pieth)
O Comité do Programa Científico (SPC) da ESA aprovou a missão espacial PLATO (PLAnetary Transits and Oscillations of stars, ou trânsitos planetáriose oscilações estelares).

O PLATO, uma das quatro missões propostas em votação, posiciona-se assim para se juntar às duas missões classe M já adotadas, o Euclid (também com participação do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa), e o Solar Orbiter.

Esta missão tem como objetivo descobrir quão comum é a formação de planetas como a Terra, e posteriormente, usar esses dados para descobrir se possuem as condições necessárias para o aparecimento de vida. Vai ainda medir oscilações nas estrelas-mãe destes exoplanetas, com técnicas de asterossismologia.

Para Mário João Monteiro, delegado português no SPC, “a missão PLATO é um dos marcos importantes do programa científico da ESA, que através das suas missões M e L tem contribuído de forma ímpar para o desenvolvimento nas ciências do espaço. É mais um exemplo da capacidade técnica e científica Europeia, que conta com a participação científica e industrial de Portugal.”

O PLATO vai observar e caracterizar, durante vários anos consecutivos e com grande precisão, um grande número de estrelas relativamente próximas. Nestas, irá procurar super-terras e planetas do tipo terreste, que orbitem na zona de habitabilidade de estrelas do tipo solar. Estas observações irão fornecer dados acerca destes planetas, além de tentar perceber a arquitetura dos sistemas planetários onde estes se encontram.

A partir das curvas de luz obtidas pelo PLATO, será também possível determinar as frequências de oscilação de mais de 80 mil estrelas. Com técnicas de asterossismologia, estas frequências serão usadas para inferir os raios, massas e idades das estrelas em causa, elementos que, por sua vez, são essenciais para a caracterização dos sistemas exoplanetários e dos planetas que os compõem.

Margarida Cunha, coordenadora do grupo de trabalho de diagnósticos sísmicos, da componente de ciência estelar do PLATO, comenta: “Para além da caracterização dos sistemas exoplanetários descobertos pelo PLATO, a deteção de oscilações num tão grande número de estrelas vai permitir inferir informação fundamental acerca de processos físicos que têm lugar no interior das mesmas e, consequentemente, melhorar os modelos teóricos de evolução estelar.”

O PLATO pretende ainda construir o primeiro catálogo com as características de exoplanetas confirmados, como raio, densidade, composição, atmosfera e em que estágio da sua evolução está. No total, espera-se que o catálogo contenha características de milhares de exoplanetas (incluindo gémeos da Terra), mas também as massas e idades muito precisas de mais de 85 mil estrelas e 1 milhão de curvas de luz de alta precisão, que ficarão à disposição da comunidade científica.

Este catálogo de planetas potencialmente habitáveis servirá assim de base para futuros estudos, levados a cabo pela próxima geração de instrumentos (como o ESPRESSO) ou de grandes telescópios, como o European Extremely Large Telescope (E-ELT) do ESO, ou o Telescópio Espacial James Webb (NASA/ESA).

Isto porque só com dados simultâneos sobre a massa (obtida através do método das velocidades radiais) e o raio de um planeta, é possível distinguir entre “mini-Neptunos”, planetas com grande quantidade de gás mas pouco densos, ou planetas rochosos com núcleos de Ferro, como a Terra.

O PLATO é ainda um tipo de telescópio inovador, pois é constituído por 34 telescópios individuais, de 12 cm cada, em vez de um telescópio de espelho único. Cada telescópio pode ser usado individualmente, em conjunto com outros, ou todos em simultâneo, o que dá ao PLATO a capacidade sem precedentes de observar simultaneamente objetos brilhantes e ténues.

Alexandre Cabral, coordenador do grupo de trabalho de equipamento de teste ótico no solo acrescenta: “O sistema de testes que estamos a desenvolver, irá permitir testar todas as 34 câmaras (telescópios) de forma muito mais rápida, evitando a necessidade de realizar testes nas condições do espaço (vácuo e temperaturas de -80ºC).”

O objetivo científico desta missão tem ainda em conta as missões que preencherão a lacuna entre o presente e o lançamento do PLATO, como o CHEOPS (CHaracterizing ExOPlanet Satellite, ou satélite de caracterização de exoplanetas), a primeira missão de classe S (pequena) da ESA, cuja construção foi também aprovada nesta reunião do SPC.

Nuno Cardoso Santos, do concelho coordenador do PLATO, e do consórcio do CHEOPS, acrescenta que "As decisões da ESA de avançar com o PLATO e o CHEOPS são mais um reconhecimento da aposta clara da comunidade científica internacional, na procura e estudo de outras terras. A forte participação nacional nestas missões, complementada com outros projetos (tais como o ESPRESSO, do ESO), garante que temos a possibilidade de nos manter na "crista da onda" desta investigação durante muitos mais anos."

O PLATO ficará em órbita em torno do ponto de Lagrange L2, a 1,5 milhões de quilómetros da Terra, de onde irá transmitir uma média de 109GB de dados por dia. Deste ponto estratégico, pode fazer observações ininterruptas, que não são afetadas pela atmosfera da Terra.

Já o CHEOPS ficará numa órbita baixa (entre 620 e 800 km), de onde observará estrelas brilhantes, à volta das quais já se conhecem planetas, determinando o diâmetro destes com grande precisão.xxx A participação portuguesa no CHEOPS estende-se ainda à indústria, com a DEIMOS Engenheiraa desenvolver os sistemas de Planificação da Missão e de Arquivo e Disseminação de Dados da missão.

“Ambos os sistemas representam o melhor da experiência da DEIMOS no desenvolvimento de sistemas operacionais para satélites de Observação da Terra, mas desta vez aplicadas a uma missão de astronomia”, diz Nuno Ávila, director da DEIMOS.

A missão CHEOPS tem lançamento previsto para 2017, enquanto a missão PLATO tem lançamento previsto até 2024.

Ricardo Cardoso Reis (CAUP-Centro de Astrofísica da Universidade do Porto)
© 2014 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva

(Este artigo foi igualmente publicado no site www.contacto.lu)

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Portugueses participam na detecção da matéria escura

A experiência internacional Large Underground Xenon – LUX - que integra uma equipa de 6 investigadores do LIP (Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas) e do Departamento de Física da Universidade de Coimbra, é a experiência mais sensível do mundo para a detecção de matéria escura, alcançando uma sensibilidade às partículas que se pensa constituírem a matéria escura (WIMPs) duas vezes melhor que qualquer outra experiência já realizada.

Os primeiros resultados da experiência, conduzida por uma colaboração que reúne 17 grupos de investigação de Laboratórios de Investigação e Universidades dos Estados Unidos, Reino Unido e Portugal, foram anunciados no dia 30 de Outubro de 2013 a partir de Sanford Underground Research Facility, Lead, Dakota do Sul, EUA, onde a experiência está instalada desde 2012, assim o comprovam.

Os resultados de LUX eram aguardados com grande expectativa tal como documenta a notícia da prestigiada revista Nature (http://www.nature.com/news/final-word-is-near-on-dark-matter-signal-1.14000).

A matéria escura (assim chamada por não emitir ou absorver qualquer tipo de radiação) é essencial para explicar o Universo, prevendo-se que constitua mais de 80% da sua massa.

No entanto, até ao momento apenas os efeitos gravitacionais da matéria escura foram observados (por exemplo no estudo da velocidade das estrelas, galáxias e aglomerados de galáxias) e a sua natureza permanece totalmente desconhecida. Constitui assim um dos mais intrigantes problemas da Física actual. 

Uma das hipóteses mais prováveis é a matéria escura ser constituída por partículas a que os físicos chamaram WIMPs (acrónimo inglês para Weakly Interacting Massive Particles). O nome deriva de terem uma reduzidíssima probabilidade de interagir directamente com a matéria a que chamamos normal (não escura), o que torna a sua detecção particularmente difícil em termos tecnológicos.

Durante três meses, a experiência LUX recolheu dados das observações dos sinais devidos às interacções entre matéria escura e matéria normal, utilizando o maior detector alguma vez construído para este efeito, instalado no laboratório subterrâneo de Sanford, no estado americano de Dakota do Sul, a cerca de 1.5 km de profundidade.

"A LUX usa um detector com 350 kg de xénon liquefeito a -100 ºC e como está instalado a 1.5 km de profundidade, a grande maioria dos raios cósmicos são absorvidos pela rocha, e por isso a probabilidade de chegarem até ao detector é 10 milhões de vezes mais baixa do que à superfície, não perturbando assim a observação dos sinais da interação dos WIMPs com o xénon do detector", explicam os investigadores do LIP-Coimbra que têm uma participação fundamental no projecto LUX, tanto a nível da engenharia (sendo responsável por subsistemas associados ao detector e tendo estado envolvido nas diversas fases de instalação no laboratório subterrâneo) como da análise e processamento dos dados.

A LUX vai iniciar em breve um novo período de procura de matéria escura com este detector, com uma duração prevista de um ano.

"Conseguir melhorar a sensibilidade agora anunciada cerca de dez vezes e detectar WIMPs" são as expectativas dos investigadores. Também já estão em curso os preparativos para a construção de um novo detector para suceder a LUX, usando a mesma tecnologia e instalado no mesmo laboratório, mas com uma massa de xénon de 7 toneladas e uma sensibilidade cerca de 200 vezes melhor.

Cristina Pinto, 
Universidade de Coimbra
© 2013 - Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva 

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Astrónomos portugueses detectam exoplaneta Kepler-88c com base em previsão teórica

Uma equipa europeia, da qual faz parte Alexandre Santerne do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP2), usou o espectrógrafo SOPHIE3 para detectar a presença do Kepler-88 c.

Figura Artística do sistema Kepler-88. Crédito: Alexandre Santerne (CAUP)/ESO/Serge Brunier
A existência deste exoplaneta, que até agora não tinha sido detetado, foi prevista pela perturbação gravitacional, provocada no seu irmão que transita a estrela, Kepler-88 b. Com o SOPHIE, a equipa detetou e mediu a massa do Kepler-88 c.

“O SOPHIE é um instrumento capaz de medir a velocidade de estrelas com uma precisão equivalente à de medir a velocidade de uma bicicleta. Até agora foi usado para caracterizar quase 20 dos planetas do Kepler”, comenta Alexandre Santerne (CAUP), responsável pelas observações de estrelas do Kepler com o SOPHIE.

O principal objectivo do telescópio espacial Kepler5 (NASA) era a procura de trânsitos periódicos em centenas de milhares de estrelas, e durante os 4 anos que durou a missão, detectou mais de 3.500.

No entanto, nem todos os planetas no campo do Kepler são detectáveis por este telescópio, pois se o plano orbital estiver ligeiramente desalinhado com a linha de visão para a Terra, os planetas já não transitam e por isso são “invisíveis” para o Kepler.

Mas os planetas que orbitam a mesma estrela interagem gravitacionalmente uns com os outros. Esta interação provoca perturbações nos períodos de trânsitos previstos dos planetas. “A isto chamamos Variações no Tempo de Trânsito (Time Transit Variations – TTV)”, explica Susana Barros (LAM), a primeira autora do artigo.

Uma análise dinâmica detalhada à interação entre planetas, efectuada anteriormente pela equipa liderada por David Nesvorný (U. Boulder), previu que o sistema Kepler-88 tivesse dois planetas, um que transita (Kepler-88 b), e cujo período orbital é fortemente perturbado por um planeta que não transita (Kepler-88 c). Estes estarão numa ressonância 2 para 1, isto é, um planeta completa duas órbitas no mesmo período que o outro completa apenas uma. Esta configuração é semelhante à da Terra e de Marte, com o planeta vermelho a orbitar o Sol em cerca de 2 anos.

A técnica TTV é sensível a planetas até à massa da Terra, em sistemas múltiplos, e pode por isso ser usada para detectar a existência de planetas que não transitam, mas que provocam perturbações na órbita dos planetas que transitam.

“Esta é a primeira vez que a massa de um exoplaneta 'invisível', calculada com base em Variações no Tempo de Trânsito, é confirmada de forma independente por outra técnica”, comentou Barros.

Este resultado confirma que a TTV é uma técnica válida para a detecção destes planetas “invisíveis” em sistemas com múltiplos planetas. Neste momento a técnica foi já usada para determinar a massa de mais de 120 exoplanetas, até à massa da Terra, em 47 sistemas estelares.

“Esta confirmação independente permite antecipar o futuro da exploração de sistemas de exoplanetas a partir do espaço com a missão PLATO7, conclui Magali Deleuil, líder da equipa de exoplanetas do Laboratório de Astrofísica de Marselha (LAM).

Neptuno foi o primeiro planeta a ser detectado pela influência gravitacional que exercia sobre outro planeta (Urano). O matemático francês Urbain Le Verrier calculou que as anomalias na órbita de Urano eram devidas a uma ressonância 2 para 1 de um planeta que ainda não tinha sido observado. Os seus cálculos levaram Johann Gottfried Galle a encontrar Neptuno a 23 de setembro de 1846.

Ricardo Cardoso Reis (CAUP)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Investigadora do Minho premiada pela NASA e pela Agência Espacial Europeia

A investigadora portuguesa Ângela Abreu, da Universidade do Minho (UMinho), foi premiada pela Agência Aeroespacial Norte-Americana (NASA) e pela Agência Espacial Europeia por desenvolver um método "inovador e eficiente" de produção de hidrogénio "100% biológico" que pode ser utilizado para gerar eletricidade.
Ângela Abreu Foto: U. Minho

Em comunicado enviado no dia 6 deste mês à imprensa, a UMinho informa que Ângela Abreu foi distinguida com a Melhor Apresentação Oral do "Workshop Internacional sobre Ambiente e Energias Alternativas", que decorreu num dos polos da ESA, em Frascati, Itália, com o trabalho "Biohydrogen production using bionanocoatings for immobilizing highly efficient hydrogen-producing bacteria".

A investigadora, do Centro de Engenharia Biológica da UMinho, ganhou ainda uma bolsa "travel grant" da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento.

"Os processos de produção de hidrogénio são sobretudo feitos a partir de combustíveis fósseis. O nosso processo é inovador por recorrer a resíduos orgânicos e a efluentes, ou seja, é 100% biológico", explica Ângela Abreu.

Segundo aquela cientista, "este bio-hidrogénio é um vetor energético que pode depois ser usado em células de combustível para produção de eletricidade, entre outras aplicações".

A UMinho explana ainda que o processo desenvolvido pela equipa de Ângela Abreu, que conta com a colaboração da Universidade da Carolina do Norte (EUA) e o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia, "utiliza bactérias altamente eficientes, que conseguem decompor os resíduos orgânicos e, desta forma, produzir bio-hidrogénio".

Segundo explica, "uma grande mais-valia do projeto é a imobilização das bactérias nos reatores através de um revestimento de látex com nanoporos que permite a troca da matéria orgânica e do hidrogénio".

Ângela Abreu é licenciada em Engenharia Ambiental e dos Recursos Naturais pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, com mestrado em Tecnologias Ambientais e o doutoramento em Engenharia Química e Biológica pela UMinho, em colaboração com a Universidade Técnica da Dinamarca. Actualmente é investigadora de pós-doutoramento no grupo BRIDGE do Centro de Engenharia Biológica da UMinho.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Último eclipse solar do ano é neste domingo e é parcialmente visível em Portugal

O último eclipse solar do ano ocorre neste domingo, sendo parcial na maior parte do mundo, incluindo Portugal, onde será de magnitude muito pequena, e total na África Equatorial, informou o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
Foto: Reuters

O fenómeno apenas pode ser observado através de telescópios com filtros especiais. A observação directa pode provocar lesões oculares.

Em Portugal, como no resto do mundo, com excepção de África, apenas uma parte do Sol é ocultada pelo disco lunar, como se a Lua desse uma "dentada" no Sol, e, por isso, o eclipse é parcial.

No domingo, o céu parcialmente nublado, com "abertas", em Portugal, previsto pela meteorologia, não impede a observação do eclipse ao fim da manhã, período em que o fenómeno pode ser visto em território português, ainda que com muito pouca amplitude, de acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa.

Tanto o OAL como o Planetário do Porto, o Centro Ciência Viva de Constância e o Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra promovem, se o tempo ajudar, sessões gratuitas de observação com telescópios.

Segundo informação disponibilizada pelo Observatório Astronómico de Lisboa no seu portal, o eclipse parcial atinge em Portugal Continental o seu pico perto das 12h30 (+1h no Luxemburgo), mas somente com 2% a 5% do Sol a estar tapado pela Lua nas regiões Norte e Centro e 5% a 8% nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

No território continental, o fenómeno inicia-se depois das 11h30 e termina pouco depois das 13h. O eclipse será um pouco maior nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, com a ocultação do Sol a rondar os 21% a 23% e a durar duas horas, mais meia hora face ao continente.

Na Madeira, a maior fase do eclipse ocorrerá ao meio-dia e nos Açores perto das 11h (hora local). Nas ilhas o fenómeno começa cerca das 10h (Açores)/11h (Madeira) e acaba perto das 12h (Açores)/13h17 (Madeira). Um eclipse solar como o de domingo é considerado raro, e designado híbrido, porque, além de poder ser total ou parcial, também pode ser anular.

"Isto deve-se ao facto de a sombra projetada na superfície terrestre se aproximar da Lua à medida que o eclipse percorre a curvatura da Terra", esclareceu à agência Lusa o director do Departamento de Mediação Científica do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, João Retrê.

Na África Equatorial, o fenómeno começa por ser anular (todo o disco da Lua encontra-se em frente ao disco do Sol, deixando à vista um anel de luz) para depois se tornar, nalguns pontos, total (o Sol está totalmente tapado pela Lua). Fenómeno bem visível em Cabo Verde Em São Tomé e Príncipe, mais de 90% do Sol estará tapado e, em Cabo Verde, sobretudo nas ilhas a sul (Brava, Fogo, Santiago e Maio), a ocultação será mais de 80%, de acordo com o site internet do Centro Ciência Viva de Constância.

Um eclipse solar ocorre quando a Lua passa directamente entre a Terra e o Sol. A órbita da Lua em redor da Terra é elíptica, pelo que a distância face ao "planeta azul" varia constantemente. João Retrê explicou que o eclipse solar anular ocorre "se a Lua se encontrar num ponto da sua órbita mais distante da Terra e o seu diâmetro aparente será inferior ao do Sol, não cobrindo todo o seu disco", sendo possível "observar um pequeno anel de luz em torno da silhueta escura da Lua".

Em contrapartida, o eclipse solar será total se "a Lua se encontrar num ponto da sua órbita mais perto da Terra", sendo que "a sua silhueta pode cobrir todo o disco solar".

(este artigo foi igualmente publicado no site wort.lu/pt)

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Estrela mais velha gémea do Sol fica a 250 anos-luz

Imagem: ESO
Uma equipa internacional de astrónomos identificou a estrela mais velha, gémea do Sol, permitindo aos cientistas prever o que pode acontecer ao "astro-rei" quando chegar à sua idade, informou hoje o Observatório Europeu do Sul (ESO).

A estrela em questão, a HIP 102152, situa-se na constelação de Capricórnio, a 250 anos-luz de distância da Terra.

Apesar de ter 8,2 mil milhões de anos, quase o dobro da idade do Sol, que tem 4,6 mil milhões de anos, é a estrela mais parecida com o "astro-rei".

A equipa, liderada por astrónomos da Universidade de São Paulo, no Brasil, fez novas observações usando o telescópio VLT do ESO, organização da qual Portugal é um dos países-membros.

As novas observações "fornecem também uma primeira ligação clara entre a idade de uma estrela e o seu conteúdo em lítio", sugerindo adicionalmente que a HIP 102152 "tem planetas rochosos do tipo terrestre na sua órbita", adianta o ESO em comunicado hoje divulgado.

Os astrónomos estudaram, além da HIP 102152, uma outra gémea solar, a 18 Scorpii, que é mais nova do que o Sol, e tem cerca de 2,9 mil milhões de anos.

Para tal, utilizaram o espetrógrafo UVES, montado no telescópio VLT, para separar a radiação nas suas componentes de cor, a fim de avaliarem com detalhe a composição química e outras propriedades das estrelas.

 "Descobrimos que a HIP 102152 tem níveis muito baixos de lítio, o que demonstra claramente, e pela primeira vez, que as gémeas solares mais velhas têm efetivamente menos lítio do que o nosso Sol ou estrelas gémeas solares mais novas.

Podemos agora ter a certeza de que as estrelas à medida que envelhecem destroem, de algum modo, o seu lítio", assinala TalaWanda Monroe, investigador da Universidade de São Paulo, citado no comunicado. A equipa concluiu, também, que a estrela gémea do Sol mais velha "tem um padrão de composição química subtilmente diferente da maioria das outras gémeas solares, mas semelhante ao Sol".

As gémeas solares são estrelas raras, mas também as mais parecidas com o Sol: têm massa, temperatura e abundância química similares ao "astro-rei".

(Este artigo foi também publicado no site www.wort.lu/pt)



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Astrónomos do Porto desvendam mistério relacionado com buracos negros

Uma equipa de investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) descobriu que o gás que envolve algumas galáxias pode deixar passar 90% da radiação ionizante, descoberta que é considerada um avanço na investigação da captação de luz pelos buracos negros.

"Existe um mistério bastante antigo sobre a luz que recebemos das estrelas, que defende que o gás devia absorver a radiação ionizante do núcleo de algumas galáxias", referiu à agência Lusa Filipe Pires, da unidade de divulgação do CAUP.

Esta descoberta tem consequências importantes na compreensão de um dos fenómenos mais energéticos do Universo, os núcleos activos das galáxias (buracos negros supermassivos que crescem com o material que os rodeia - essencialmente gás).

A equipa liderada pelos investigadores da CAUP Polychronis Papaderos e Jean Michel Gomes explicou que 90% da radiação ionizante - provocada pelas ondas cósmicas emitidas pelas rochas espaciais - consegue escapar à absorção pelo meio interestelar.

"Os meus colegas descobriram que o gás à volta das galáxias pode não bloquear completamente a radiação ionizante, deixando-a escapar como se fosse uma esponja", referiu Filipe Pires. Os astrónomos conseguiram verificar que a disparidade entre as observações se deve à elevada porosidade do meio interestelar em algumas galáxias, que é incapaz de absorver radiação ionizante de forma eficiente.

As galáxias tornam-se também incapazes de emitir energia suficiente sob a forma de luz visível, resultando em "radiação que os nossos olhos não veem" (infravermelho, rádio, radiação ultravioleta e radiações ionizantes).

A equipa conseguiu verificar que a radiação ionizante só consegue escapar em algumas galáxias, sendo que grande parte é absorvida pelo gás do meio interestelar e depois é reemitida em riscas na banda do visível.

 A investigação constituiu um passo decisivo na investigação e compreensão dos núcleos activos das galáxias.

(Este artigo foi também publicado no site www.wort.lu/pt).

terça-feira, 4 de junho de 2013

Portugal participa na construção do maior espectrógrafo do mundo, que pemitirá a partir de 2016 detectar exoplanetas semelhantes à Terra

O "Espresso", o maior espectrógrafo do mundo, a ser colocado no Deserto de Atacama (Chile) em 2016, vai permitir confirmar a existência de milhões de exoplanetas semelhantes à Terra. 



Imagem: Representação artística de um exoplaneta
Com o espectrógrafo Espresso "esperamos confirmar que só na nossa galáxia existirão qualquer coisa como 50 ou 100 mil milhões de planetas com condições semelhantes às da Terra”, conta Nuno Santos, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP) e coordenador da colaboração portuguesa num projecto conjunto de um consórcio de instituições científicas e académicas de Portugal, Itália, Suíça e Espanha.

Um espectrógrafo é um instrumento que permite decompor a radiação eletromagnética (em sentido lato, a “luz”) emitida por um objecto, formando um espectro de frequências.

O Espresso (Echelle SPectrogaph for Rocky Exoplanet and Stable Spectroscopic Observations) vai custar mais de 10 milhões de euros, disse à Lusa Filipe Pires, Filipe Pires, coordenador do Núcleo de Divulgação do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, acrescentando que Portugal vai participar com “cerca de um milhão de euros”, um valor que chega através da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

“O Espresso será o primeiro instrumento a conseguir localizar e detectar planetas pequeninos [como a Terra], e onde temos esperança de encontrar vida”, explicou Filipe Pires. Segundo o coordenador da colaboração portuguesa, o Espresso é um avanço em relação aos instrumentos que existem actualmente.

"Já conhecemos mais de 1000 planetas" 

“Já conhecemos mais de mil planetas que andam à volta de outras estrelas, mas temos um problema com os instrumentos actuais em que é muito difícil detetar planetas pequenos como a Terra e que estejam suficientemente longe onde, por exemplo, seja possível haver água”, refere Nuno Santos.

Este inovador espectrógrafo será o primeiro com capacidade de detectar de forma sistemática um grande número de novos planetas rochosos e potencialmente habitáveis em torno de outras estrelas.

O Espresso vai estar em funcionamento em 2016, no Deserto do Atacama (Chile) e com aquele instrumento vai conseguir-se detectar variações de velocidade inferiores a 10 centímetros por segundo, que é fundamental para conseguir detectar as pequenas variações na velocidade radial das estrelas causadas pela presença de planetas semelhantes à Terra em seu redor.

A colaboração portuguesa consistirá na construção do Coudé Train, um conjunto de lentes e prismas, e respectivos sistemas de alinhamento, responsável por levar a luz recolhida por vários telescópios até ao laboratório onde aquela luz será combinada e analisada.

 Segundo Alexandre Cabral, responsável pelo desenvolvimento da componente tecnológica que está a ser desenvolvida em Portugal, o país vai “finalmente passar da teoria à prática" e servirá também como uma oportunidade para "a indústria portuguesa receber um retorno pela participação de Portugal em grandes projectos de instrumentação.

O Espresso vai também trazer benefícios a várias outras áreas da astronomia, com destaque para a análise da composição química de estrelas e do gás intergaláctico.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Um asteróide chamado Portugal

Luxemburgo, 11 de Abril - O asteróide 3933 Portugal (1986 EN4) foi descoberto em 12 de Março de 1986 pelo astrónomo dinamarquês Richard Martin West, no Observatório La Silla (ESO), no Chile.

É um pequeno corpo celeste, irregular e de cor escura, planetóide (troiano), proveniente da cintura principal externa de asteróides, tem cerca de 10 km de diâmetro, orbita o sol entre Marte e Júpiter, a 485 milhões de km do Sol (cerca de três vezes mais afastado do que a Terra), com uma órbita quase circular de 5,9 anos (2.137 dias) em torno da nossa estrela. Apresenta uma órbita caracterizada por um semi-eixo maior de 3,2479002 UA e com uma exentricidade de 0,0967363, inclinada de 1,70434° relativamente à elíptica.

O nome de baptismo "Portugal" aconteceu para comemorar a adesão de Portugal à organização astronómica do Observatório Europeu do Sul (ESO), em 1990.

Segundo o Jet Propulsion Laboratory, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, da NASA, este asteróide foi avistado pela primeira vez em 1953 e pela última vez a 7 de Janeiro de 2013.

Os astrónomos amadores Alberto Fernando, José Ribeiro, e Filipe Alves conseguiram captar imagens de 3933 Portugal em 2004, e em 2009 foi a vez de João Gregório (imagem supra) também conseguir fazer fotos ao asteróide

Mais informações em http://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?sstr=3933.