À primeira vista, o céu nocturno parece caótico, desafiando a imaginação humana. Para impor alguma ordem no caos aparente, a humanidade imaginou as constelações, primeiro como grupos de estrelas que, vistos da Terra, se assemelhavam a figuras de heróis, animais e figuras lendárias.
Mas, ao longo dos tempos, houve evolução nestas visões do cosmos.
As estrelas de cada constelação não estão geralmente relacionadas entre si. As constelações são um produto da imaginação humana e ao longo dos tempos, em sucessivas ocasiões desde a pré-história até ao século XVIII, mais constelações foram acrescentadas ou reestruturadas.
Por exemplo, a constelação do Touro (conjunto de estrelas associado a este animal), já era conhecido pelo Homem de Cro-Magnon (há cerca de 30 mil anos como refere um documento da IAU-União Astronómica Internacional.
As constelações do Escorpião e do Leão foram idealizadas por volta de 4000 anos a.C., na Mesopotâmia (actualmente, o Iraque). Houve sucessivos acréscimos de constelações na Idade Média e os Descobrimentos também revelaram novos céus e a necessidade de aí sistematizar mais constelações.
A propósito de reformulações, e porque a Igreja Católica tinha muita força no século XVII, o astrónomo e advogado alemão Julius Schiller publicou em 1627 o seu "Coellum Stellatum Christianum", onde substituiu as figuras pagãs das constelações (que ainda hoje conhecemos) por figuras cristãs
(Os leitores podem ver aqui o céu, temporariamente, cristianizado:
http://www.atlascoelestis.com/epi%20schiller%20cellario.htm e também uma versão posterior, de 1661: http://www.atlascoelestis.com/5.htm). Com isto, pretendia cristianizar o céu. Assim, a Cassiopeia passou a ser Maria Madalena, as 12 constelações do Zodíaco foram substituídas pelos 12 apóstolos e até Orion (foto) passou a ser São José.
A antiga constelação do Navio (Argo Navis) foi substituída pela Arca de Noé! Os hemisférios celestes foram ocupados por figuras do Antigo (a norte) e do Novo Testamento (a sul). Obviamente a ideia não pegou entre os astrónomos e tudo ficou como antes.
Os últimos acrescentos de constelações ao céu foram pela mão do astrónomo francês Nicolas Louis de Lacaille (1713-1762), que entre 1750 e 1754 idealizou 14 novas constelações, essencialmente com nomes de instrumentos científicos e artísticos (por exemplo: Microscópio, Retículo, Telescópio, Buril, Compasso, Bússola).
A actual sistematização das constelações, definindo quais delas são internacionalmente aceites e quais os limites ou fronteiras de cada uma, foi o objecto de trabalho do astrónomo belga Eugène Delporte, que a concluiu na sua obra "La Délimitation Scientifique des Constellations" (1930). Tal obra sistematizou o céu, fixando em 88 as constelações internacionalmente aceites pela União Astronómica Internacional (IAU). Na sistematização actual, os nomes lendários mantiveram-se apenas por tradição.
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