A efeméride desta descoberta é, entre outras, uma das que assinala 2015-Ano Internacional da Luz que este ano se celebra.
Para assinalar e perceber melhor aquela descoberta, a editora Gradiva publicou em Julho último o livro de banda desenhada intitulado “Cosmicomix: a descoberta do Big Bang”. Nesta obra, os textos são da autoria do astrofísico Amedeo Balbi e os desenhos de Rossano Piccioni, ambos italianos. Publicada originalmente em 2013, a edição portuguesa tem tradução de Florbela Marques, revisão científica do professor Carlos Fiolhais e teve o apoio da Sociedade Portuguesa de Física.
Esta é uma edição que se saúda não só por ser muito oportuna neste Ano Internacional da Luz, que assinala na contracapa, mas por ser um bom exemplo de como a banda desenhada pode ser muito eficaz na divulgação científica.
Ao longo de 150 páginas, o leitor revive a aventura das descobertas científicas ao longo da primeira metade do século XX, que mudaram a compreensão da evolução do universo em que existimos. O leitor descobre as personagens e os cientistas que estiveram envolvidos nessa compreensão, através das suas teorias e observações experimentais.
Meio século de interacção científica que leva a uma primeira confirmação da teoria do Big Bang, a mais bem sucedida que ainda temos actualmente para descrever a evolução do Universo desde há 13,8 mil milhões de anos.
O livro, que apresenta uma linguagem muito acessível sem perder o rigor científico, familiariza o leitor, por exemplo, com o físico Albert Einstein, o matemático Alexander Friedman, o astrónomo Edwin Hubble ou o físico George Gamow, assim como com as teorias que produziram.
Todas as personagens que surgem nesta banda desenhada são figuras de destaque da história da ciência e que estiveram de alguma maneira envolvidas no esforço científico para compreender a origem e evolução do universo.
Os autores recorreram a documentação diversa para reconstituírem as cenas retratadas. São reconstituídos vários momentos marcantes em que os cientistas se encontram, discutem as suas teorias e apresentam os resultados experimentais que as suportam ou que exigem novas teorias.
A evolução da narrativa neste livro permite, de uma forma agradável, que o leitor apreenda a história da evolução do conhecimento sobre o universo ocorrida no século XX, até à descoberta da radiação cósmica de fundo pelos radioastrónomos Arno Penzias e Robert Wilson (galardoados em 1978, por isso, com o Prémio Nobel da Física). A obra permite que compreendamos bem a importância desta descoberta para confirmar a teoria do Big Bang primeiramente sugerida pelo padre e físico belga Georges Lemaître em 1927. Aliás, o livro reconstitui uma conversa entre Lemaître e Einstein em Bruxelas, em 1927, no qual o primeiro expõe a sua teoria do “átomo primordial” ao pai da teoria da relatividade (ver imagem).
É de sublinhar, nesta banda desenhada o cuidado em explicar como a ciência se faz e evolui, e a importância da observação e resultados experimentais que confirmam, ou não, uma dada teoria. O livro apresenta, no seu final, biografias breves de todos os cientistas envolvidos, que são úteis para despertar a curiosidade em saber mais sobre eles.
Também são descritos, nas últimas páginas, alguns exemplos de como a banda desenhada foi feita. No epílogo, o autor, Amedeo Balbi, descreve resumidamente os avanços e descobertas ocorridas desde a descoberta da radiação cósmica de fundo até aos dias de hoje, mostrando que ainda há muito para conhecer: “As perguntas não acabaram e continuamos à procura das respostas”.
Imagens: Gradiva |
António Piedade (adaptado)
Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva
Imagens: Gradiva
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