sábado, 30 de janeiro de 2016

Astrónomos da Babilónia já tinham uma geometria sofisticada

Os astrónomos da Babilónia inventaram fórmulas matemáticas e geométricas muito sofisticadas para seguir Júpiter, revelando conhecimentos que se supunha terem sido adquiridos vários séculos depois, segundo um estudo publicado na mais recente edição da revista Science.



O arqueólogo na área da astronomia Mathieu Ossendrijver, da Universidade Humboldt, em Berlim, fez a descoberta ao examinar inscrições cuneiformes em placas de argila datadas de 350-50 a.C. que estão no Museu Britânico, em Londres.

Até agora, os historiadores da ciência acreditavam que os sábios da Babilónia - situada onde é hoje o Iraque - tinham previsto o movimento do Sol, dos planetas e da Lua recorrendo a fórmulas aritméticas simples e na sequência de observações do céu no deserto.

Porém, os autores do estudo concluíram que os antigos estudiosos inventaram conceitos matemáticos e geométricos que descrevem a relação entre o movimento, o tempo e a posição dos objetos celestes, conceitos bastante familiares para os físicos e matemáticos modernos mas que se pensava terem surgido muitos séculos mais tarde.

Foi ao comparar fotografias de fragmentos de placas com textos babilónicos mais antigos com as placas que estão no Museu Britânico que Mathieu Ossendrijvern descobriu que as fórmulas se referiam a uma forma geométrica de trapézio que permitia calcular o movimento de Júpiter, o planeta associado a Marduk, o deus padroeiro da cidade da Babilónia.

Os cálculos que figuram nas placas cobrem um ciclo de 60 dias do movimento de Júpiter, que começa no primeiro dia em que o planeta surge no céu pouco antes do amanhecer, explicou Mathieu Ossendrijver, um astrofísico que se tornou historiador.

Neste intervalo, o movimento de Júpiter explica-se pela combinação complexa das órbitas da Terra e de Júpiter em torno do Sol. As inscrições dos astrónomos da Mesopotâmia revelam representações geométricas dos objetos mais sofisticadas do que as da Grécia Antiga, com uma dimensão que representa o tempo, assinalou o historiador Alexander Jones, da Universidade de Nova Iorque, que não esteve envolvida no estudo. Esses conceitos não foram "redescobertos" antes do início do século 14 na Europa, o que mostra o "génio desses estudiosos desconhecidos", acrescentou.

Segundo o historiador de astronomia John Steele, da Universidade de Brown, nos EUA, que também não participou no estudo, a investigação agora divulgada "é um contributo muito importante para a história da astronomia na Babilónia e para a história da ciência no geral".

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