quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Cometa Ison passa hoje perto do Sol, mas dificilmente será observável

Foto: Hubble

O cometa Ison vai passar hoje perto do Sol, mas dificilmente será observável a partir da Terra, porque o seu brilho será ofuscado pelo do "astro-rei", indicou o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL).

O Ison, que foi avistado pela primeira vez em Setembro do ano passado por astrónomos russos, é um cometa especial que vem da nuvem de Oort, uma camada que rodeia todo o Sistema Solar e que, acreditam os cientistas, é formada pelos restos da nebulosa que deu lugar ao Sol e aos planetas, há cerca de 4.600 milhões de anos.

Em declarações à agência Lusa, o director do Departamento de Mediação Científica do CAAUL, João Retrê, referiu que, quando o cometa passar, "o ponto da sua órbita mais perto do Sol será extremamente difícil" de observá-lo a partir da Terra, mesmo recorrendo a telescópios. João Retrê explicou que, devido à proximidade do cometa com o "astro-rei", o brilho do Ison "será ofuscado pelo brilho do Sol, perdendo o contraste relativamente ao brilho de fundo do céu".

A aproximação do cometa ao Sol poderá culminar na sua explosão ou, caso contrário, poderá fornecer aos cientistas pistas sobre a sua formação.Na sua viagem até à periferia do Sol, o cometa estará a 1,8 milhões de quilómetros do "astro-rei" e atingirá uma temperatura de cerca de cinco mil graus.

O director do Departamento de Mediação Científica do CAAUL adiantou que, se o Ison não for "destruído pelas forças gravitacionais a que estará sujeito na sua passagem pelo periélio [ponto da órbita do cometa mais perto do Sol], poderá ser observado durante grande parte da noite a partir, aproximadamente, de meados de Dezembro e durante Janeiro".

A melhor altura para tentar observá-lo a olho nu, ou com equipamentos, será no início de Dezembro, a leste, antes do nascer do Sol. "A partir da segunda quinzena de Dezembro, o brilho do cometa terá diminuído tanto que só o conseguiremos observar recorrendo ao auxílio de telescópios ou binóculos", sustentou João Retrê.

(Este artigo foi igualmente publicado no site wort.lu/pt)

Imagem: AP

Americanos e chineses com missões simultâneas na Lua

A sonda americana LADEE (Lunar Atmosphere and Dust Ambiente Explorer) e a sonda chinesa Chang'e-3 deverão cruzar-se em Dezembro na Lua, altura em que os dois países vão ter missões a decorrer simultaneamente no nosso satélie natural.

A Nasa lançou em Setembro uma nova sonda para orbitar a Lua, cuja missão é descobrir os segredos da sua fina atmosfera.

Esta sonda não tripulada (ver imagem), do tamanho de um pequeno carro, foi lançada a bordo de um foguetão Minotaur V, míssil intercontinental adaptado, do Centro Espacial Wallops na costa da Virgínia.


Com 383 quilos de peso e equipada com três instrumentos científicos, inclusive dois espectrómetros, a sonda LADEE vai colectar dados detalhados sobre a estrutura e a composição química da atmosfera lunar, que é muito fina, e determinará se a poeira permanece em suspensão. A poeira em suspensão poderia explicar o mistério das luzes observadas pelos astronautas da missão Apolo, entre 1969 e 1972, no horizonte lunar logo antes do amanhecer, disse a Nasa.

Uma melhor compreensão das características da atmosfera do vizinho celeste mais próximo da Terra poderia ajudar os cientistas a entender outros objectos do sistema solar, como o planeta Mercúrio ou os grandes asteróides, explicaram os especialistas a cargo desta missão que custou 280 milhões de dólares, iniciada em 2008.

"Quando deixámos a Lua (há 40 anos), pensávamos que era uma superfície menos antiga, sem atmosfera", disse John Grunsfeld, administrador associado da Nasa e encarregado de missões científicas.

"Graças às sondas de reconhecimento, descobrimos que a Lua é cientificamente muito mais interessante, que continua evoluindo e, de facto, tem uma espécie de atmosfera", acrescentou. Para Grunsfeld, esta missão "pode ajudar a entender melhor a diversidade do nosso sistema solar e sua evolução".

Mas o estudo da atmosfera lunar deve ser feito sem demora antes que as missões de exploração alterem este equilíbrio frágil, acrescentou Sarah Nole, cientista do programa LADEE.  "A atmosfera lunar é tão fina e frágil que um trem de aterragem pode afectá-la", advertiu Nole.

A sonda LADEE permaneceu os primeiros 40 dias muito acima da superfície lunar para realizar uma série de testes e utilizou uma nova tecnologia a laser de transmissão tão potente como a das redes de fibra óptica terrestre. Depois disso, iniciou a sua missão de estudo científico da atmosfera lunar, que vai durar 100 dias.

A última missão da Nasa à Lua foi em 2012 com o lançamento das sondas gémeas GRAIL, que estudaram o interior lunar e mediram o campo gravitacional lunar.

Antes disso, em 2009, os Estados Unidos lançaram as duas sondas LRO/LCROSS, que confirmaram a presença de água em forma de gelo num cratera no pólo sul da Lua.

Astronautas americanos pisaram pela primeira vez a Lua em 1969 e os últimos exploradores da era Apolo visitaram o satélite natural da Terra em 1972. A Nasa não tem, para já, planos de enviar uma missão tripulada para a Lua.

A sonda LADEE foi concebida quando a agência espacial americana tinha previsto voltar a enviar humanos à Lua como parte do programa Constellation, que o presidente Barack Obama cancelou por ter um orçamento alto demais.

O próximo projecto de exploração humana da Nasa é enviar uma missão tripulada a Marte até 2030.

Desde a era Apolo, em que foram enviadas 40 missões para a Lua, LADEE é a segunda sonda lunar que não é lançada de Cabo Cañaveral, na Flórida. Em 1994, a sonda Clementine partiu da Califórnia e a LADEE foi lançada do Centro Espacial de Wallops, situado a 270 km de Washington. Criado em 1945, essa base tem sido utilizada para lançar pequenas naves suborbitais e balões científicos.



A missão chinesa Chang'e-3

Vários países, especialmente a China, manifestaram a intenção de ir à Lua. Pequim anunciou o lançamento de uma sonda com um módulo de aterragem a lançar no final deste mês de Novembro.

Será a primeira sonda espacial chinesa com o objectivo de pousar em solo lunar e o primeiro engenho humano a pousar na Lua após 37 anos de ausência. A última sonda humana a pousar a Lua foi a Luna 24, em 1976, que trouxe amostras do solo lunar,

A sonda chinesa vai desembarcar na Lua um módulo rover que terá como tarefa explorar o satélite natural.  O rover tem seis rodas, pesa 120 kg e pode transportar 20 kg de carga. Foi concebido para percorrer 10 km de distância e a sua energia é fornecida por painéis solares. O rover integra um radar para estudar o subsolo lunar, uma câmara de filmar que pode transmitir em directo para a Terra e um telescópio óptico.

A sonda Chang'e-3 faz parte do programa lunar chinês que inclui em 2015 trazer amostras de rochas e solo lunares. A sonda tem nove meses de vida.

O lançamento da sonda, a primeira chinesa a pousar na Lua, acontecerá a partir do centro espacial de Xichang, num lançador "Longa Marcha 3B".

Esta missão significa muitas estreias para o programa espacial chinês:  aterragem num outro astro, missão com um rover-robot a bordo e utilização de um gerador nuclear eléctrico (para a aterragem).

A técnica para diminuir a velocidade e permitir uma aterragem suave no solo lunar ainda não foi revelada.

Na mitologia chinesa, Chang'e é o nome de uma mulher que vivia na Lua, num palácio de jade. Esta é a terceira sonda espacial com este nome, duas anteriores foram enviadas em 2007 e 2010 para observar o satélite natural.

A sonda Chang'e-3 num deserto, numa fase-teste