terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

China constrói maior rádiotelescópio do mundo em Guizhou para procurar vida extratterestre

Foto: China National Space Agency (CNSA)
A China vai deslocar quase 10 mil pessoas para abrir espaço para a construção do maior radiotelescópio do mundo, com o objectivo de detectar sinais de vida extraterrestre, avançou hoje a imprensa estatal.

O rádiotelescópio "Five hundred meter Aperture Spherical Telescopeestrutura" (FAST), com 500 metros de altura, será erguido no cantão de Pingtang, província de Guizhou, sudoeste do país, e irá começar a operar este ano.

Os funcionários locais deverão realojar 9.110 residentes dentro de uma área de cinco quilómetros em redor da construção, de acordo com a agência oficial chinesa Xinhua.

O objectivo é "criar um ambiente seguro para a difusão de ondas eletromagnéticas", escreve a Xinhua, citando um funcionário local, Li Yuecheng.

Os residentes serão recompensados em 12 mil yuan (cerca de 1.650 euros) e alguns receberão subsídios extra para alojamento, indica a agência.

O radiotelescópio a ser construído em Guizhou deverá custar 1,2 mil milhões de yuan (165 milhões de euros) e superará o actual maior do mundo, localizado no Observatório de Arecibo, em Porto Rico, e que tem 300 metros de diâmetro.

Citado anteriormente pela Xinhua, o director do Sociedade Astronómica da China referiu que a alta sensibilidade do aparelho "ajudará a procurar por vida inteligente fora da galáxia".

Pequim tem um plano de exploração espacial orçamentado em milhares de milhões de euros, que prevê a construção de uma estação espacial permanente na órbita da Terra e, possivelmente, uma missão humana na Lua.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Terra diz adeus a Philae

Imagem: ESA
A probabilidade de estabelecer contacto com o robot europeu Philae, que está no cometa Chouri há sete meses e em silêncio, é "quase zero" e "chegou a hora de dizer adeus" ao equipamento, declarou na sexta-feira (dia 12), num comunicado, a Agência Espacial Alemã (DLR).

O centro de controlo de aterragem parou de enviar comandos a Philae, segundo a DLR, numa nota intitulada "Chegou a hora de dizer adeus à Philae".

Entretanto, a sonda espacial Rosetta "continua ainda à escuta" do Philae, sublinhou a agência espacial francesa (CNES), num comunicado separado.

"Há realmente muito pouca esperança de receber um sinal" do Philae, declarou à agência de notícias francesa AFP Stephan Ulamec, um responsável DLR.

O cometa Chouri move-se para longe do Sol, o que significa que os painéis solares do robot recebem menos luz. As antenas de recepção do robot continuam ligadas e "continuamos a estar preparados no caso de a Philae acordar", disse Ulamec.  "Mas, para ser honesto e realista, é muito improvável que escutemos novamente o Philae", disse Stephan Ulamec.

Philae, que viajou na sonda espacial Rosetta, realizou a 12 de Novembro de 2014 uma aterragem histórica sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (Churi).

Equipada com dez instrumentos, trabalhou durante 60 horas antes de "adormecer" por falta de energia. Voltou a "acordar" em Junho de 2015, mas não deu mais sinais de funcionamento desde 9 de Julho.

A sonda Rosetta foi lançada em Março de 2004, e está a orbitar o cometa 67/P desde o ano passado.

Em Novembro de 2014, a 500 milhões de quilómetros da Terra e após uma viagem de 10 anos, o Philae tornou-se o primeiro objecto de fabrico humano a pousar num cometa.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Detectadas pela primeira vez ondas gravitacionais que confirmam teoria de Einstein

Imagem: Nasa
Os dois detectores da experiência Advanced LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) parecem ter observado directamente, e pela primeira vez, ondas gravitacionais.

A existência destas deformações no espaço-tempo, que se propagam à velocidade da luz, é a última grande previsão da Teoria da Relatividade Geral de Einstein ainda não verificada.

A confirmar-se — em ciência é fundamental a verificação independente de cada alegada descoberta — trata-se de um momento histórico, precisamente no ano em que a Relatividade Geral completa 100 anos.

A detecção abre uma janela para o estudo de um Universo, até agora largamente desconhecido, de fenómenos extremos como colisões de estrelas de neutrões, de buracos negros e o colapso gravitacional de estrelas maciças.

As perspectivas são excitantes nesta área com a entrada em funcionamento ainda este ano do Advanced VIRGO, um detector semelhante construído nos arredores de Pisa, Itália, resultado de uma colaboração entre vários países europeus. O plano é usar os três detectores como um só instrumento mais sensível e fidedigno.

A descoberta foi anunciada numa conferência de imprensa que teve lugar quinta-feira (dia 10 Fev) no National Press Club, em Washington.

A equipa do LIGO reportou a detecção de um sinal com uma significância estatística de 5.1 sigma ou seja, os cientistas têm 99.9999% de certeza de que é real. O sinal foi observado por ambos os detectores do LIGO e movia-se aparentemente à velocidade da luz.

Mais extraordinária é a origem das ondas gravitacionais. O sinal apresentava uma forma muito característica, consistente com o padrão gerado pela colisão de dois buracos negros. A análise dos dados permitiu deduzir que os dois corpos teriam massas individuais de 36 e 29 massas solares formando um buraco negro único de 62 massas solares após a colisão. A diferença de massa — 3 massas solares  — foi emitida sob a forma de ondas gravitacionais! Repito: três massas solares transformadas em energia!

Por um breve instante, o sistema emitiu 50 vezes mais energia do que todas as estrelas do Universo combinadas! O sinal era tão claro que os astrónomos puderam observar o “badalar” do novo objecto enquanto dissipava energia até estabilizar num buraco negro rotativo.

Os cientistas estimam que a colisão se deu numa galáxia a uma distância de 1.3 mil milhões de anos-luz. A descoberta vem descrita num artigo na revista Physical Review Letters (edição de 11 de Fev.).

Luís Lopes
(Fonte: Ciência Viva na Imprensa Regional)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Luxemburgo lança-se na corrida ao ouro e minérios do espaço

O Luxemburgo quer atrair empresas e investidores para explorar os recursos naturais no espaço, incluindo minérios em asteróides, como o ouro ou a platina. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo ministro da Economia luxemburguês, Etienne Schneider, que sublinhou que o Grão-Ducado é o primeiro país europeu a criar um "quadro regulamentar e jurídico" favorável às empresas que queiram explorar comercialmente o espaço.

A iniciativa surge dois meses após a promulgação pelo presidente americano Barack Obama do "Space Act", uma lei que autoriza a exploração comercial das riquezas encontradas nos asteróides e na Lua. O "Space Act" estabelece que todos os recursos encontrados por um cidadão ou empresa norte-americana no satélite natural da Terra ou em corpos celestes passarão a pertencer a quem os descobriu.

"O Luxemburgo também quer ter um quadro regulamentar e jurídico para preparar a exploração do espaço", disse à AFP o ex-director da Agência Espacial Europeia (ESA), Jean-Jacques Dordain, conselheiro do Governo luxemburguês nesta matéria. As empresas privadas que decidam instalar-se no país para explorarem este sector terão assegurados os "seus direitos" aos recursos extraídos dos asteróides, como por exemplo minerais raros, explicou o ministro.

O Governo luxemburguês também vai investir na exploração comercial do espaço, financiando projectos de investigação e desenvolvimento nesta área ou investindo em empresas, através de participações directas no capital. O orçamento para esta iniciativa, baptizada spaceresources.lu, ainda não foi determinado.

"O nosso objectivo é permitir aceder a recursos valiosos que não estão ainda a ser explorados, situados em rochedos sem vida no espaço, sem prejudicar os habitats naturais", assegurou Etienne Schneider. Questionado sobre a razão para não desenvolver esta iniciativa no âmbito da Agência Espacial Europeia (ESA), uma organização de que o Luxemburgo e 22 Estados-membros fazem parte, o ministro disse que "o ritmo de trabalho da ESA não é o [s]eu".

Na Agência, "todos os projectos de investimento levam anos de discussão e depois discute-se durante anos onde é que os investimentos vão ser feitos e quais serão as consequências para cada Estado-membro", justificou.

"Além disso, eu sou ministro da Economia do Luxemburgo, e interessa-me atrair a actividade económica ao Luxemburgo e não à União Europeia em geral", reconheceu. Segundo o ministro, a empresa norte-americana Planetary Resources, que desenvolve técnicas para extrair minérios de asteróides, diz estar "ansiosa" para trabalhar com o Luxemburgo.

A empresa americana Deep Space Industries, que anunciou que vai começar a explorar minérios em asteróides já este ano, já se mostrou igualmente interessada, disse Schneider.

in Contacto.lu, 03/02/2016