segunda-feira, 25 de março de 2013

David Vaz, primeiro português doutorado em Geologia Marciana fala no movimento nas dunas de Marte

Luxemburgo, 25 de Março - Uma investigação internacional liderada pelo instituto norte-americano SETI concluiu que as dunas da cratera de Gale, no planeta Marte, “movem-se” e que “estão axtivas”, anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).

As dunas da cratera de Gale, “ao contrário do que se pensava, movem-se”, revela um estudo internacional no qual participa o investigador do Centro de Geofísica da UC, David Vaz.

Intitulado “Pervasive aeolian activity along rover Curiosity's traverse in Gale Crater, Mars”, o trabalho mostra que as dunas “estão a mover-se a uma velocidade de 40 centímetros por ano terrestre (uma média de pouco mais de um milímetro por dia), indicando que a acção do vento é, muito provavelmente, o processo actual mais importante na modelação da paisagem na cratera de Gale”, salienta a nota da UC.

Esta descoberta “fornece pistas importantes para o ‘rover Curiosity’”, que poderá “estudar in loco as condições atmosféricas e os mecanismos que permitem o transporte de sedimentos em Marte”, sublinha David Vaz, que também é investigador no Centro de Recursos Naturais e Ambiente do Instituto Superior Técnico (IST).

A investigação, cujos resultados vão ser publicados na edição de Abril da “Geology” (revista científica de referência das geociências), foi iniciada em 2010 e utilizou imagens de satélite, recolhidas entre 2006 e 2011, pela missão “Mars Reconnaissance Orbiter”.

A equipa de oito investigadores envolvidos na pesquisa correlacionou as estruturas sedimentares com modelos atmosféricos, demonstrando que “os ventos serão suficientemente fortes para manter actividade eólica nas condições atmosféricas actuais”, adianta ainda a UC.

David Vaz, o primeiro português doutorado em Geologia Marciana, foi responsável pelo desenvolvimento do algoritmo (software) “capaz de fazer a cartografia e caracterização automática das estruturas sedimentares eólicas”. Genericamente, com base na imagem, “o algoritmo identifica as estruturas sedimentares (semelhantes a pequenas ondas, que se podem ver, por vezes, na areia da praia) e, a partir daí, obtém-se informação sobre a direção do vento na superfície do planeta”.

Foto: Nasa