sexta-feira, 22 de novembro de 2013

A partir de 2015, ISS é desactivada e a China lança a sua estação orbital - inversão das potênciais espaciais?

Onze anos depois de ter enviado o primeiro astronauta (taikonauta, em chinês) ao espaço, a China mantém o seu ambicioso programa espacial, que dá ao país prestígio militar e económico, enquanto a concorrente americana, Nasa, está paralisada devido a uma crise orçamentária.

Cronologia do programa espacial chinês

Em 15 de Outubro de 2003, o taikonauta Yang Liwei orbitou 14 vezes a Terra a bordo de uma nave Shenzhou 5, em 21 horas, abrindo o caminho da China para a exploração espacial.

O fato de um taikonauta Foto: AFP

Mais de 40 anos depois do voo histórico do soviético Yuri Gagarine, esta façanha fez da China o terceiro país, depois de URSS e dos Estados Unidos, capaz de enviar uma missão espacial tripulada.

Desde então, a China enviou mais dez taikonautas - oito homens e duas mulheres - ao espaço em cinco missões, assim como um módulo espacial para orbitar a Terra, o Tiangong-1.

O Estado, que financia este programa supervisionado pelo Exército investindo biliões de dólares, considera que se trata de um sinal importante do novo estatuto internacional do país, do seu domínio tecnológico e também da capacidade do Partido Comunista de modificar o destino de uma nação outrora castigada pela pobreza.

As ambições chinesas só ficarão plenamente satisfeitas no dia em que um chinês pisar a superfície da Lua, antecedido até ao fim deste ano pela sonda Chang'e-3.

O próximo objectivo é concluir a construção de uma estação espacial orbital, a Tiangong-3, até 2015.

Na mesma época, a Estação Espacial Internacional (ISS), desenvolvida por Estados Unidos, Europa, Rússia, Japão e Canadá, será abandonada depois de 20 anos de serviços.

Esta coincidência simbólica pode reflectir também o deslocamento dos centros de poder no mundo na próxima década.

O rápido desenvolvimento do programa espacial chinês contrasta profundamente com o dos Estados Unidos, que lançou o seu último foguetão em 2011 e cujos projectos de futuro são, por enquanto, vagos.

"Na Ásia, a China é considerada a líder regional da área espacial, o que dá ao país um verdadeiro prestígio militar e económico", afirma Joan Johnson-Freese, encarregada de assuntos de segurança no Colégio de Guerra da Marinha em Newport, e especialista em actividades espaciais chinesas. "No resto do mundo, a vantagem económica para a China é não ser considerada capaz de produzir apenas roupa barata", acrescentou.

A China ainda está longe das conquistas de Estados Unidos e da ex-União Soviética - embora tenha aprendido com os dois - e faltam pouco anos para conseguir construir a sua estação espacial.

Enquanto isso não acontece, Yang Liwei, general e vice-director da agência chinesa encarregada de programas tripulados,  recebe solicitações de países em vias de desenvolvimento que querem enviar astronautas até ao espaço.

"Gostaríamos de treinar astronautas de outros países e organizações que nos fazem este tipo de pedidos e adoraríamos realizar missões para astronautas estrangeiros", declarou, em Setembro, durante um seminário em Pequim organizado pela ONU e pela China sobre tecnologia espacial. O Paquistão já indicou que quer estar entre os primeiros.

O programa espacial chinês, previsto para os próximos 30 anos, baseia-se numa "vontade política que não tem que responder a um eleitorado para perdurar, algo que, evidentemente é muito mais difícil para as democracias", afirmou Johnson-Freese.