Europa Foto: Nasa/Galileo |
A agência espacial europeia ESA vai enviar a sonda Juice nos anos 2030, mas a Nasa prevê uma missão antes disso.
A missão até já tem nome: Missão Clipper. O que falta são ideias para que a missão seja financeiramente possível. O concurso de ideias destina-se à comunidade de cientistas e de engenheiros aeroespaciais, que deverão ter em conta alguns critérios: o orçamento da missão não pode ultrapassar mil milhões de dólares, sem contar o custo do lançador, e deverá responder ao maior número de prioridades científicas (recomendadas pelo relatório 2011 sobre exploração robótica do sistema solar, elaborado pela administração norte-americana).
"Fora da Terra, [a lua] Europa é o lugar do nosso sistema solar com a maior probabilidade de encontrar vida, e deveríamos explorá-la", tinha já afirmado Robert Pappalardo, cientista responsável do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da agência espacial americana Nasa, em Fevereiro de 2013.
"Europa é coberta por uma camada de gelo relativamente fina, possui um oceano (líquido sob o gelo) em contacto com rochas no fundo, é geologicamente activa e bombardeada por radiações que criam oxidantes e formam, ao se misturar com a água, uma energia ideal para a vida", explicou na altura.
A missão Clipper substituiu um anterior projecto para explorar Europa considerado demasiado dispendioso. Clipper tem custos de 2 mil milhões de dólares, mas ainda assim este orçamento revelou-se demasiado alto para a Nasa, devido aos cortes orçamentais que a agência espacial americana sofreu.
A missão Clipper prevê colocar uma na órbita de Júpiter e realizar vários vôos de aproximação à lua, seguindo o exemplo da sonda Cassini, em Titan, uma lua de Saturno.
Se for aprovado, a missão "Clipper" pode ser lançada em 2021 e demoraria de três a seis anos para chegar à lua Europa.
Novo robot da Nasa em Marte em 2020
Em comparação, são necessários apenas seis meses para se chegar a Marte. Apesar dos cortes orçamentais, a Nasa vai enviar um novo robot para Marte em 2020, seguindo o exemplo do Curiosity, projecto orçado em 2,5 mil milhões de dólares. Tendo chegado ao planeta vermelho em Agosto de 2012, o Curiosity tem como objectivo determinar se Marte pode ter desenvolvido alguma forma de vida.
De acordo com os projectos actuais de exploração robótica da Nasa, os Estados Unidos não deverão voltar a enviar sondas à parte mais longínqua do sistema solar após a chegada da sonda Juno à órbita de Júpiter em 2016, programada para se despenhar no planeta um ano mais tarde.
Por outro lado, a Nasa pode participar na missão da ESA a Júpiter e às suas luas, baptizada de "Jupiter Icy Moon Explorer" (JUICE), com previsão de chegada para 2030.
Enceladus pode também abrigar vida
Enceladus Foto: Nasa/Cassini |
"Uma das perguntas fundamentais é saber se existe vida fora do sistema solar", disse ainda Pappalardo.
Enquanto Marte pode ter sido habitada há milhões de anos, Europa pode ser propícia à vida neste momento, insistiu o cientista.
"Se Europa é o melhor lugar do sistema solar para abrigar vida depois da Terra, Enceladus, uma lua de Saturno, também tem essa possibilidade", salientou, nessa mesma ocasião, Amanda Hendrix, do Instituto de ciência planetária de Tucson.
Enceladus conta com "um mar e um oceano de água líquida sob uma camada de gelo e é geologicamente activa com uma fonte de calor no pólo sul, além de um géiser que emite partículas de água", explicou Hendrix. Europa foi observada de perto pela primeira vez pelas sondas americanas Voyager em 1979 e Galileo nos anos 1990.