sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

NASA: Lançamento bem sucedido para primeiro voo-teste da cápsula Orion, sucessora do Space Shuttle


A cápsula Orion, que a agência espacial americana Nasa pretende que seja a sucessora do Space Shuttle, foi hoje lançada de Cabo Canaveral, na Florida, a bordo do foguetão Delta IV, eram 13h05 (hora do Luxemburgo).

Este primeiro voo-teste significa um investimento de biliões de dólares e tem o objectivo de preparar o regresso dos Estados Unidos às viagens espaciais tripuladas e sobretudo fora da órbita terrestre.

A cápsula vai dar duas voltas à Terra e alcançará 5.800 km de altitude, isto é, 15 vezes mais distante que o ponto onde a ISS (Estação Espacial Internacional) orbita o nosso planeta.

O voo deverá durar 4h24 e regressar ainda hoje à Terra, mergulhando no oceano Pacífico.






Orion vai permitir viajar mais longe que a órbita terrestre

Inicialmente, a cápsula Orion foi concebida para levar astronautas americanos de volta à Lua, como parte do programa Constellation da Nasa, mas este começou por ser cancelado devido a razões orçamentais pelo presidente Barack Obama, em 2010.

A Nasa resgatou então o design da cápsula, na qual investiu 4,7 mil milhões de dólares entre 2005 a 2009, e desenvolveu o conceito para enviar humanos até um asteroide ou até Marte nas próximas décadas.

Se este voo-teste e outros que estão previstos forem bem sucedidos, será uma excelente notícia para a Nasa, que ficou sem recursos para enviar os seus próprios astronautas até à ISS desde que encerrou, em 2011, sua frota de Space Shuttles, agora peças de museu.

Actualmente, os astronautas americanos dependem das naves russas Soyuz para ir e voltar da ISS.

Se os testes com a cápsula Orion forem conclusivos, isso acalmará um pouco os nervos dos especialistas espaciais, depois de dois voos comerciais ter acabado em desastre: o foguetão Antares, da empresa Orbital Sciences, explodiu em Outubro, quando viajava para a ISS e, apenas dois dias depois, um piloto morreu e outro ficou bastante ferido na explosão da nave da Virgin SpaceShipTwo.

Este voo-teste da Orion "é absolutamente o mais importante que a agência espacial terá feito este ano", disse William Hill, encarregado de desenvolvimento dos sistemas de exploração da Nasa.

A Orion pode vir a ser a primeira nave americana a viajar longe no espaço sideral, desde as missões Apolo, enviadas até à Lua nos anos 1960 e 1970.

O voo-teste visa avaliar o rendimento da cápsula diante de desafios-chave como a separação por estágios do foguetão, a elevada radiação e calor abrasador aquando da reentrada (c. 2.200°C), bem como a chegada em pára-quedas nas águas do Pacífico, a sudoeste de San Diego, na Califórnia.

Críticas ao projecto Orion

Os críticos do projecto Orion, que também incluiu a construção dos foguetões mais poderosos do mundo (Space Launch System, SLS), condenam o seu custo e a falta de atenção da administração americana, já a braços com problemas financeiros, que estes consideram mais importantes quea exploração espacial.

A última estimativa da Nasa indica que o desenvolvimento da SLS/Orion vai custar entre 19 e 22 mil milhões de dólares até 2021, muito acima dos 18 mil milhões estimados em 2011.

O primeiro voo-teste do Orion com tripulantes a bordo está previsto para 2021.

Depois disto, é um mistério qual será o destino exacto da nave. As missões futuras poderiam incluir uma viagem a um asteroide ou uma visita a Marte em 2030, embora a Nasa não tenha estabelecido nem planos, nem orçamento precisos.