António Piedade |
O autor baseou-se nas crónicas de ciência que tem escrito para a imprensa e editou-as de modo a se adaptarem ao formato de livro. Parece redundante dizer isto mas o autor começa pelo princípio, isto é, pelo início da formação do Universo e pelo vazio, para logo de seguida falar da matéria e do tempo.
De seguida, dedica uns capítulos à saúde humana, permitindo-nos revisitar temas científicos actuais e que tanto interesse suscitam, disponibilizando interessantes explicações sobre cromossomas, diabetes, bactérias, vírus, reprodução e a estrutura do cérebro.
Outro tema caro ao autor, e que tem destaque neste livro, é a astronomia, assunto que também merece a atenção ao longo de vários capítulos. Aqui, podemos ler sobre a pesquisa de exoplanetas, área de pesquisa em que equipas portuguesas têm dado cartas, investigação espacial e fenómenos astronómicos como as chuvas de estrelas.
Do espaço, o autor retorna à Terra para voltar a falar de biologia e de temas relacionados com estratégias de sobrevivência e de adaptação à natureza: formigas que estreitam relações com acácias, rãs que sobrevivem a temperaturas negativas e o percurso evolutivo dos coelhos europeus.
O livro termina com um final emotivo, com texto de homenagem a Marie Curie e dois textos inspirados em poemas de António Gedeão, pseudónimo do professor Rómulo de Carvalho que foi um homem do conhecimento ligado à divulgação de ciência – no dia do seu aniversário, celebra-se o Dia Nacional da Cultura Científica.
Este é mais do que um livro sobre ciência, é uma obra que é um serviço público, pois António Piedade foi basear-se em artigos científicos, aos quais geralmente apenas os académicos têm acesso, e transformou esse conhecimento em textos compreensíveis para o cidadão comum.
Muitos desses artigos reflectem a pesquisa de ponta que se faz em Portugal e, por isso, está também a divulgar o melhor da investigação nacional. Neste sentido, e apenas a título de exemplo, saliento a pesquisa realizada por Miguel Carneiro do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO-InBIO), e restante equipa, sobre o processo de domesticação do coelho-bravo e cujos resultados foram publicados em prestigiadas revistas internacionais como a Molecular Biology and Evolution.
Através deste livro, o autor pretende dar continuidade a um projecto que iniciou em 2005, com o primeiro volume de "Íris Científica" e que terá continuidade no futuro, como revela na introdução. Com este, já são quatro os livros de divulgação publicados por António Piedade. Pois, que venham mais.
João Lourenço Monteiro (biólogo e comunicador de Ciência)
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