quinta-feira, 23 de maio de 2013

Asteróides, uma ameaça real


A possibilidade que um cometa (proveniente da cintura de Kuiper, para além da órbita de Neptuno e, geralmente, com cauda) ou que um asteróide (proveniente da cintura interna de asteróides, sem cauda) colida com a Terra é real. Já aconteceu no passado e pode voltar a ocorrer.

Há 65 milhões de anos, um cometa que tinha 18 km de diâmetro atingiu o Golfo do México numa explosão mais de mil milhões de vezes superior à bomba de Hiroshima, o que terá provocado tsunamis e terramotos nunca antes vistos à escala global, levantou nuvens de poeira e fumo que cobriram a luz do sol durante centenas de anos, o que arrefeceu o globo (Inverno nuclear) e terá conduzido à extinção de 50 % das espécies, entre eles os dinossauros.

Em 1908, um asteróide com cerca de 50 metros de diâmetro explodiu na Sibéria, na região de Tunguska, com a potência de várias centenas de bombas de Hiroshima. Ficou registado como um sismo de nível 4 na Escala de Richter, destruiu a floresta num raio de 20 km e provocou danos até uma centena de quilómetros de distância.

A ficção-científica e Hollywood imaginaram muitas vezes este possível fim do mundo, mas só em 1994 quando o cometa Shoemaker-Levy 9 colidiu com Jupiter é que a comunidade científica ficou alertada, percebendo que esta era uma ameaça real.

Uma estrela cadente nada mais é que um pequeno asteróide que se desintegra ao entrar na atmosfera terrestre, formando meteoritos, que podem ter desde alguns centímetros até vários metros e se diferenciam das pedras terrestres porque são magnéticos.

Anualmente, caem cerca de 50 mil meteoritos na Terra, o que representa 30 mil toneladas de pedras vindas do espaço*.

Um asteróide é potencialmente perigoso para a Terra quando tem mais de 150 metros de diâmetro. Há já oito anos que os astrónomos observam incansavelmente os céus à procura de possíveis objectos massivos que cruzem a órbita da Terra (geocruzadores) e já identificaram cerca de oito mil asteróides ou cometas deste tipo, ou seja que constituem um perigo potencial para a Terra. 

Mas nenhum destes geocruzadores tem "encontro marcado" com a Terra este ano ou numa data próxima.

Conscientes da ameaça, americanos e europeus trabalham actualmente na detecção (Spaceguard Survey, Programa Neo, http://neo.jpl.nasa.gov/ ) e recenseamento destes corpos, mas estudam também como desviá-los da Terra.

Os cientistas avisam, no entanto, que se um corpo celeste verdadeiramente ameaçador for descoberto em rota de colisão com o nosso planeta, tudo dependerá se for detectado a tempo e se não for demasiado voluminoso para poder ser desviado.

(artigo publicado em 21/12/2012 no jornal CONTACTO, no Dossier "Quem tem medo do fim do Mundo?")

* [à semelhança da chuva de meteoritos que caiu sobre a Rússia em Fevereiro de 2013]