sexta-feira, 30 de outubro de 2015

ESA: Detectado pela primeira vez oxigénio num cometa - "Churi"


Moléculas de oxigénio foram detectadas pela primeira vez num cometa, o 67P/Churyumov-Gerasimenko, uma descoberta que surpreendeu os cientistas e pode rever os modelos sobre a formação do Sistema Solar, divulgou esta semana a agência espacial europeia ESA.

 "Não estávamos propriamente à espera de encontrar oxigénio no cometa - e em tamanha abundância - porque o oxigénio é tão quimicamente reactivo. Logo, foi totalmente uma surpresa", afirmou, citada num comunicado da ESA, a investigadora Kathrin Altwegg, da Universidade de Berna, na Suíça, que está envolvida na missão da sonda europeia Rosetta, que estuda o cometa 67P.

Segundo a cientista, a descoberta sugere que as moléculas de oxigénio podem ter sido incorporadas no cometa, durante a sua formação, o que "não é facilmente explicado pelos actuais modelos de formação do Sistema Solar".

Os resultados da investigação foram publicados na revista Nature e revelam que o oxigénio molecular encontrado na atmosfera (coma ou cabeleira) do cometa poderá ser mais antigo do que o Sistema Solar, que data de há mais de quatro mil milhões de anos.

Em declarações à agência AFP, o co-autor do estudo André Bieler, da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, admitiu que será talvez necessário "mudar os modelos atuais sobre a formação do Sistema Solar", uma vez que "não prevêem a presença de oxigénio molecular num cometa".

Trata-se da primeira vez que é detectado oxigénio molecular num cometa. A presença deste gás já tinha sido confirmada noutros corpos celestes gelados, como as luas de Júpiter e de Saturno.

O espectrómetro Rosina, um dos instrumentos-chave da sonda Rosetta, fez medições do gás entre Setembro de 2014 e Março de 2015, quando o cometa 67P se aproximava do Sol. Rosina encontrou cerca de 4% de oxigénio molecular (em relação ao vapor de água) no coma do cometa, com a taxa a manter-se estável ao fim de meses. O oxigénio é o quarto gás mais significativo no 67P, depois do vapor de água, do monóxido de carbono e do dióxido de carbono.

Para os cientistas, tal não significa que há vida no cometa. Porém, acreditam que os cometas transportaram elementos essenciais à vida para a Terra, durante a sua formação. Apesar de o oxigénio ser o terceiro elemento mais abundante no Universo, a sua versão molecular é difícil de detectar, mesmo nas nuvens de gás e poeira onde nascem as estrelas, pois o oxigénio é bastante reactivo, "parte-se" para se unir a outros átomos e moléculas (ao combinar-se com átomos de hidrogénio, forma a água, por exemplo).