domingo, 31 de maio de 2015

Bas Lansdorp (Mars One), o holandês que quer enviar humanos para Marte

O holandês Bas Lansdorp é co-fundador e administrador da Mars One, empresa que planeia enviar humanos para Marte a partir de 2027 Foto: Manuel Dias
O holandês Bas Lansdorp é co-fundador e administrador da Mars One, empresa que planeia enviar humanos para Marte a partir de 2027.

Ao CONTACTO concedeu a única entrevista no Luxemburgo. Bas Lansdorp é formado em Engenharia Mecânica pela Universidade de Twente (Holanda). Trabalhou entre 2003 e 2008 na Universidade de Tecnologia de Delft. Em 2008, criou uma empresa onde desenvolveu um novo método de gerar energia eólica, companhia que vendeu em 2011 para criar a Mars One.

CONTACTO: Porque razão quis criar um projecto que está a tentar enviar humanos para Marte? 

Bas Lansdorp: Lancei este projecto porque eu próprio quero ir a Marte. Penso que ir a Marte vai ser dos feitos mais importantes que a Humanidade vai fazer no século XXI. Não importa se é a Mars One que vai fazê-lo ou outros. Daqui a 500 ou mil anos, quando as crianças estudarem o século XXI, vão aprender que este foi o século em que a Humanidade começou a instalar-se noutros planetas. Não vão estudar que facções estavam em guerra na Síria ou a crise económica, vão aprender os feitos importantes da Humanidade e a chegada a Marte vai ser uma delas.

CONTACTO: Portanto, você estaria disposto a ir para Marte? 

B.L.: Sim, claro que quero. Não nas primeiras viagens, porque não sou qualificado para o fazer, mas nas missões posteriores. Sou teimoso, impaciente e aborreço-me com facilidade, o que são boas qualidades para um empresário. Por exemplo, estou aborrecido que ninguém esteja a organizar missões para Marte, por isso vou eu fazê-lo. Mas estas são péssimas qualidades para fazer parte da primeira missão, porque a primeira equipa vai ter apenas quatro pessoas, que vão ter que viver num ambiente muito condicionado durante dois anos até chegar a segunda equipa. Talvez mais tarde eu possa ir e levar a minha família. Aliás, se não tivesse família eu ia já na primeira missão. O facto de ser uma viagem só de ida não é de todo um problema para mim. Ir para Marte é comparável às pessoas, entre eles muitos portugueses, que há 100 anos emigravam para a América ou para a Austrália e que nunca regressaram.

CONTACTO: Dos 200 mil candidatos que se inscreveram para integrar o projecto em 2013 quantos ainda estão em liça? 

B.L.: Em Abril de 2013 abrimos as inscrições, recebemos 200 mil candidaturas. Em Janeiro de 2014 reduzimos o número de candidatos para mil, depois para 700 e em Fevereiro último seleccionámos 100 pessoas de 35 países: 50 homens e 50 mulheres, 39 americanos, 31 europeus, 16 asiáticos, sete africanos e sete da Oceânia. Têm entre 19 e 60 anos, 48 têm entre 26 e 35 anos. Penso que já não há portugueses na lista, mas também já não há holandeses. Em Julho anunciaremos as seis equipas finais, de quatro elementos cada, dois homens e duas mulheres.

CONTACTO: Que qualidades devem ter os candidatos? Têm que ter formações específicas em engenharia, medicina, agricultura...? 

B.L.: Têm de estar de boa saúde, ser inteligentes, porque vão ter que aprender novas competências. Uma das qualidades que mais procuramos é o espírito de equipa. Têm que ser pessoas que funcionam ao seu máximo integrados num grupo. Queremos enviar os melhores para Marte, mas sobretudo as melhores equipas, que têm de trabalhar e conviver juntas, e sobreviver a qualquer situação difícil. As suas vidas vão depender dos outros membros da equipa. Consideramos que ter conhecimentos em medicina, engenharia ou agricultura – para cultivar lá a sua própria comida – são menos importantes neste momento, porque são competências que lhes podemos ensinar. Temos 10 anos para o fazer. A primeira missão tripulada está planeada para 2027, em dez anos alguém pode formar-se em engenharia e depois em medicina.

Depois, as competências em engenharia que procuramos não são forçosamente as que uma pessoa aprendeu na universidade. Não queremos alguém que desenhe um novo sistema de suporte de vida, mas alguém que saiba trabalhar com o sistema que vamos enviar, consiga perceber a avaria e que componente trocar para a consertar. Na verdade, um canalizador com uma experiência de cinco anos, que até perceba de electricidade, e que só não foi para a universidade porque a família não tinha recursos, para nós é um candidato mais adaptado para este trabalho do que alguém com um doutoramento em Física Teórica.

"Ainda há 100 candidatos em liça para ir colonizar Marte, de 35 países diferentes."
Foto: Manuel Dias

CONTACTO: Porque diz que ninguém está a trabalhar para enviar missões tripuladas para Marte? A Nasa está a fazer simulações de missões em Marte no deserto do Utah. A Nasa, os europeus (ESA), os russos e até os chineses tem missões para Marte agendadas para daqui a 20 anos. 

B.L.: As agências espaciais dizem que querem enviar missões para Marte daqui a 20 anos e algumas, como a Nasa, já o dizem há 45 anos. O problema é o mesmo para todos: é a missão de regresso, que é algo complexo e que até agora ninguém conseguiu resolver. Chegar a Marte não é um problema, o que é complicado é fazer regressar a tripulação. Seria preciso construir lá uma base de lançamento o que é muito difícil... Nós resolvemos eliminar essa parte da equação. Sem o problema do regresso, podemos concentrar-nos em todos os elementos para montar uma colónia em Marte que consiga auto-sustentar-se e criar as condições para a ida de mais pessoas.

CONTACTO: Ao mesmo tempo as agências espaciais criticam muito o seu projecto... 

B.L.: Se o nosso projecto não fosse criticado isso significaria que não estaríamos a fazer nada de muito excitante ou desafiante.

CONTACTO: Se bem percebi, a viagem de ida não é um problema, quer dizer que a tecnologia já existe? 

B.L.: Neste momento não é preciso inventar nada novo para enviar seres humanos para Marte. Tudo o que precisamos, como um sistema de aterragem ou um sistema de suporte de vida, já existe.

CONTACTO: Já resolveram a questão de como sustentar quatro tripulantes durante sete meses, que é o tempo que dura a viagem? 

B.L.: Os tripulantes vão consumir comida desidratada, cerca de 60 gramas por dia. A matemática é simples: 60 gramas a multiplicar por quatro pessoas, a multiplicar por 200 dias, ou seja, são necessários 500 kg em comida. Os astronautas da estação espacial internacional (ISS) ficam cerca de seis meses no espaço, por isso...

"Quero desepenhar um papel na chegada a Marte".


CONTACTO: Sim, mas a ISS é aprovisionada regularmente desde a Terra... 

B.L.: Mas a nossa nave já vai transportar todo o oxigénio e comida necessária, isso não vai ser um problema. As reservas de água vão funcionar como na ISS (a água que os astronautas consomem provém da sua própria urina filtrada e purificada, ndR). Os maiores desafios estão em Marte. Os sistemas de suporte de vida vão ser testados na Terra e deverão funcionar lá também. Os fatos dos astronautas é outra questão. A gravidade, a atmosfera, a areia e o pó de Marte não são como aqui na Terra, por isso não sabemos como os fatos vão funcionar e a velocidade do seu grau de usura.

CONTACTO: Um estudo do MIT (Massachusetts Institute of Technology) diz que o que vocês planeiam em Marte não é viável: não se sabe se é possível extrair água do gelo que existe no subsolo marciano e ter plantas num habitat fechado para a renovação do oxigénio é demasiado perigoso, porque é um ambiente inflamável e mesmo explosivo... 

B.L.: Ao contrário do que muitos jornalistas escreveram, depois de ter lido esse estudo, a nossa equipa não vai morrer ao fim de 68 dias em Marte. Assim que chegar, a equipa vai montar o sistema para fazer crescer a sua própria comida. Quanto à água, vamos testar a extracção de água nas primeiras missões robóticas. Se não funcionar, teremos que adiar o envio de seres humanos até resolver esse problema. A questão do oxigénio pode ser resolvida com o mesmo tipo de máquinas de oxigénio que todos os hospitais têm e que já é hoje utilizado para remover o dióxido de carbono na ISS.



CONTACTO: Com que empresas estão a trabalhar? 

B.L.: A Lockheed Martin (que constrói os foguetões da Nasa, ndR) está a trabalhar nas nossas missões não tripuladas, previstas para 2020, e deverá também conceber o sistema de aterragem das missões de transporte a enviar em 2024. A Paragon Space está a trabalhar nos sistemas de suporte de vida e nos fatos dos astronautas. Mas há muito mais empresas a trabalhar connosco.

CONTACTO: A primeira equipa que vai para Marte é composta por dois homens e duas mulheres. Vocês incentivam-nos ou desaconselham-nos a envolver-se sentimental e sexualmente uns com os outros? 

BL.: Cada equipa vai ter quatro pessoas, que já a partir de 2016 vão ser colocadas em simuladores habitacionais em zonas desérticas para simular a estadia em Marte...

CONTACTO: Já agora, onde vão ser esses simuladores? No Utah, onde a Nasa está fazer as suas simulações para Marte, ou na Islândia, que dizem ter um relevo muito parecido com o de Marte? 

B.L.: Ainda não posso revelar onde vai ser... Mas, respondendo à outra pergunta, note que os candidatos vão fazer parte da mesma equipa durante 10 anos. É muito irrealístico pensar que não se vão envolver sentimentalmente. Mas ao mesmo tempo, penso que é uma má ideia enviar casais para Marte, porque se o casal acabar pode quebrar a dinâmica da equipa. Temos que avaliar como cada um gere as suas relações com a equipa e isso também determina se esse é o grupo certo para ir. O que não podemos fazer é tentar interferir na natureza humana.

CONTACTO: Pensa que esses casais se reproduzirão em Marte? 

B.L.: Penso que não. Quando um casal pensa em ter filhos reflecte em que ambiente este vai crescer. Nos primeiros tempos em Marte, a colónia ainda vai ser um local muito perigoso para uma criança. E os pais teriam que equacionar se a criança cresceria de forma normal num planeta em que a gravidade é mais reduzida do que na Terra...

CONTACTO: Seria o primeiro marciano... 

B.L.: Sim, até pode ser. Eu cá acho que o primeiro marciano vai ser um rato nascido num dos laboratórios que montaremos em Marte. Antes de qualquer criança nascer em Marte, teremos que estudar o processo de gestação e crescimento de um ser vivo naquele planeta. Se os humanos querem um dia ser uma espécie multi-planetária têm que se reproduzir noutros planetas, mas esse não é o objectivo do projecto Mars One.

CONTACTO: Para gerar dinheiro para o vosso projecto, estava previsto os candidatos participarem num reality-show na televisão, no qual veríamos como são preparados para Marte, tipo programa “Survivor”. Vocês até tinham um contrato com a Endemol, empresa holandesa que produz programas como o “Big Brother” ou “A Casa dos Segredos”...

B.L.: Bem, o nosso conceito mudou um pouco. Pensámos melhor e em 2016 vamos fazer uma série de documentários nos quais vamos mostrar o processo de formação e de selecção dos candidatos, e como vamos escolher os quatro elementos de cada uma das seis equipas finalistas.

CONTACTO: A Endemol terminou o contrato com a Mars One, como vão fazer para produzir a série? 

B.L.: Já temos contrato com outra produtora, mas ainda não posso revelar qual.

CONTACTO: Você deixou a empresa de energia eólica que fundou em 2008 para se dedicar inteiramente a este projecto em 2011. A empresa Mars One já gera dinheiro que chegue para pagar salários? 

B.L.: Quando me demiti, vendi as minhas partes na empresa e isso deu-me algum conforto financeiro, o que faz com que eu não tenha de me preocupar com dinheiro. Neste momento, consigo pagar cinco das dez pessoas que trabalham na Mars One e isso dá-me uma grande satisfação.



CONTACTO: Continuam à procura de colaboradores? 

B.L.: Temos milhares de pessoas de todo o mundo que se oferecem para colaborar connosco gratuitamente, para fazer traduções, escrever textos, técnicos de imagem, grafistas. Temos um formulário no nosso site no qual as pessoas se podem inscrever se quiserem colaborar. O perfil das pessoas que procuramos depende de futuros projectos da Mars One.

CONTACTO: A título pessoal, acredita em marcianos? 

B.L..: (risos) Não acredito em homenzinhos verdes, mas acredito que encontraremos vida microbiana em Marte, ou descobriremos que a vida já existiu naquele planeta. Quanto a vida inteligente no Universo, tenho a total convicção que existe. Pode ser num milhar ou em mil milhões de planetas, mas algo deve existir algures. Seria demasiado arrogante pensar que somos os únicos seres inteligentes do Universo.

CONTACTO: Já pensou no que vai fazer depois de finalizado o projecto de chegar a Marte? 

B.L.: Hoje tenho 38 anos e acho que este projecto vai ocupar o resto da minha vida. Para mim, Marte é apenas o próximo passo a dar na nossa expansão no sistema solar.

José Luís Correia 
in contacto.lu e Jornal CONTACTO (27/05/2015)

(Vídeo promocional da Mars One)

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Irmãos Bogdanov no Luxemburgo: “Computadores quânticos vão pemitir-nos fazer viagens interestelares”


Igor (à esquerda) e Grichka (à direita) dizem que os seus últimos cálculos apontam para que o Universo seja redondo como uma bola de futebol a três dimensões
Foto: Guy Jallay
Os cosmólogos franceses Grichka e Igor Bogdanov estiveram no Luxemburgo pela primeira vez. Os irmãos gémeos, hoje com 65 anos, ficaram famosos nos anos 1980 pelo seu programa de televisão juvenil de vulgarização científica “Temps X”, que passava na televisão francesa.

Grichka é matemático e Igor é físico teórico, com doutoramentos feitos na Universidade de Borgonha. São também docentes na Universidade Megatrend de Belgrado (Sérvia). Ao CONTACTO e ao Luxemburger Wort concederam uma das únicas três entrevistas que deram no Grão-Ducado. A entrevista começou ao contrário, com os irmãos a fazerem a primeira pergunta e a quererem saber porque razão existia um jornal português no Luxemburgo.

Grichka e Igor Bogdanov (G. e I.B): Um jornal português? No Luxemburgo?

CONTACTO: Um quinto da população do Luxemburgo é portuguesa e se acrescentarmos também a lusófona chegamos a um quarto da população que fala português. 

G. e I.B: Oh, que interessante. Sabe, um dos nossos grandes amigos é português. É filho daquele realizador português que morreu recentemente...

CONTACTO: O Manoel de Oliveira?... 

G. e I.B: Sim, exactamente, somos grandes amigos do filho do Manoel de Oliveira, o José de Oliveira [trata-se de José Manuel Brandão Carvalhais de Oliveira, nascido em 1944, ndR].

CONTACTO/Luxemburger Wort: O vosso tema de predilecção é o Big Bang e o nascimento do Universo, aliás foi o tema de tese dos vossos doutoramentos. Mas nos vossos livros mais recentes têm vindo a defender uma nova teoria, a de que o Universo é redondo. Podem explicar-nos de forma simples? 

G. e I.B: A noção de Universo e da sua forma colocam-se hoje da mesma forma do que quando houve a discussão sobre se a Terra era plana ou redonda. Hoje em dia, a comunidade científica pensa que o Universo é plano, mas o meu irmão e eu afirmamos que é redondo. Neste tipo de conceito temos que pensar em três dimensões, porque vivemos num espaço que tem três dimensões: comprimento, largura e altura. Os resultados dos nossos cálculos, em matemática e em física teórica, fazem-nos concluir que o espaço é curvo. Trata-se de uma curvatura muito ligeira, muito atenuada, mas não obstante ela existe e é, além disso, positiva, ‘marginalmente positiva’, como dizemos em termos científicos. Se fosse negativa o Universo era um hiperbolóide. Mas é positiva. Por isso o Universo é redondo. Os últimos resultados científicos parecem dar-nos razão. Os dados conseguidos pelos satélites astronómicos WMAP [Nasa, ndR] e Planck [da Agência Espacial Europeia, ESA, ndR] – os últimos resultados do satélite Planck foram apresentados em Fevereiro – levam-nos a pensar que o Universo tem efectivamente três dimensões e que é portanto redondo e não plano.

Imagem do satélite WMAP, da Nasa, sobre a radiação cósmica de fundo, que mostra o Universo pouco tempo depois de nascer, ou seja, pouco tempo após o Big Bang (cerca de 380 mil anos depois do Big Bang)
Imagem: WMAP/Nasa


CONTACTO/LW: O Universo parece-se com uma bola de râguebi, como nas imagens da radiação cósmica de fundo que o satélite WMAP mostrou? 

G. e I. B.: (risos) Não! Eu diria que se parece mais com uma bola de futebol. Neste caso é o princípio da isotropia [propriedade de um sólido quando se expande de igual modo para todos os lados quando lhe é acrescentada energia térmica, ndR] que se aplica, e aqui é a forma esférica a preferida e não a elipsóide. Mas, atenção, quando dizemos que o Universo se parece mais com uma bola de futebol é relativo, porque na realidade o Universo tem três dimensões e a bola de futebol apenas duas.

CONTACTO/LW: Os cientistas dizem que o Big Bang, que deu origem ao Universo, aconteceu há 13,7 mil milhares de anos. É essa a idade do Universo ou é apenas o nosso horizonte cósmico, ou seja, não conseguimos ver além e por isso não sabemos se é mais antigo? 

G. e I. B.: Hoje conhecemos melhor a extensão do Universo no tempo do que no espaço. Temos uma visão menos precisa da sua extensão no espaço do que da sua extensão no tempo. Hoje, pensamos que o Universo tem cerca de 46 mil milhões de anos-luz de raio, pela sua acção de expansão, mas não temos bem a certeza, pode ser bem mais. Quanto à idade do Universo, temos uma ideia bem mais precisa. Em 2013, o satélite Planck demonstrou que o Universo tem cerca de 13,820 mil milhões de anos e que é portanto um pouco mais velho do que pensávamos, e que rondava os 13,7 mil milhões de anos. O que nos interessa a nós é o que havia antes do Big Bang [tema das suas teses de doutoramento, ndR]. Mas aí, entramos no mundo das hipóteses. Trata-se do instante de Planck, o momento em que o Universo nasceu. O que está antes desse instante está fora da realidade, desta realidade, fora do tempo. Aliás, o tempo nasceu nesse momento. Essa realidade existiu numa outra forma de tempo, um tempo imaginário, na acepção que os matemáticos dão à palavra “imaginário” [noção criada por René Descartes em 1637, ndR].

CONTACTO/LW: Vocês dizem que o Universo é feito de tal forma que é perfeito e que se for alterada a menor constante cosmológica, todo o Universo fica um caos, podia até nunca ter existido. Isso quer dizer que acreditam em Deus ou é uma conclusão matemática? 

G. e I. B.: É uma conclusão matemática. No entanto, já São Tomás de Aquino dizia que podemos ir para o ’Mistério Supremo’ através das vias da razão. Ou seja, mesmo não querendo ser religioso, o facto é que essas vias da razão nos levam em direcção da ideia de algo supremo. No entanto, nós temo-nos esforçado, em todos os nossos livros, em nunca falarmos directamente de Deus. Apenas constatamos que o Universo é ordenado.

CONTACTO/LW: Mas acreditam em Deus? 

G. e I.B.: Acreditamos no Deus de Einstein. Quando em 1936 um jovem reconheceu perguntou a Einstien se ele acreditava em Deus, este não lhe respondeu logo, mas prometeu-lhe escrever uma carta a responder, carta que é hoje mundialmente famosa. Na carta, Einstein diz que todos os que estudam de forma séria a Ciência vão acabar por compreender um dia que um espírito superior se manifesta nas leis do Universo. Quando Einstein diz isso está a pensar no espírito das leis, das leis da Física. A ordem a que obedecem as leis da Física reenvia para qualquer coisa que nós não definimos nos nossos livros, nem queremos, deixamos ao leitor o cuidado das suas próprias conclusões.

Igor (à esquerda) e Grichka (à direita) explicam que a informática quântica vai multiplicar por mil ou mesmo por um milhão o factor de aceleração do processamento de dados dos computadores
Foto: Guy Jallay

CONTACTO/LW: Foram convidados para vir ao Luxemburgo falar de computadores quânticos e da inteligência artificial. Concordam com o alerta feita pelo astrofísico Stephen Hawking sobre a inteligência artificial, que pode tornar-se um perigo para o Homem? 

G. e I.B.: Pode parecer que Hawking e outros cientistas estão alarmados pela emergência de grandes sistemas que aos poucos podem tornar-se desviantes em relação à mente humana. Estivemos com Hawking e perguntámos-lhe o que ele quis dizer. Ele explicou-nos que não teme tanto uma revolução a esse nível, mas que queria apenas chamar a atenção para os perigos que essa revolução pode causar. A Humanidade tem que entrar nesse novo mundo com precaução, mesmo se é um passo inevitável. Nós acreditamos que nunca a inteligência artificial será comparável à inteligência ou à consciência humanas. Com os computadores quânticos acederemos a uma inteligência artificial que terá capacidades fulgurantes e que poderá ter semelhanças com a consciência humana, mas nunca chegará a ser comparável com esta, nem constituirá um perigo para a Humanidade. Nos anos 1950, as pessoas também tinham medo do que os computadores poderiam fazer ao ser humano. Hoje vemos que aumentaram as nossas capacidades em termos de trabalho, de comunicação, a muitos níveis que eram inimagináveis há 60 anos. Vai passar-se o mesmo com a inteligência artificial, será uma nova ferramenta que nos permitirá dar o próximo passo na nossa evolução.

CONTACTO/LW: E quanto aos computadores quânticos, que ajudarão a desenvolver inteligência artificial, são já uma realidade? 

G. e I.B.: Há uma empresa canadiana que diz já produzir computadores quânticos, mas na realidade não são bem quânticos. Nós pensamos que essas novas máquinas serão uma realidade daqui a cinco ou dez anos.

CONTACTO/LW: Como é que um computador quântico funciona?

G. e I. B.: Enquanto um computador convencional funciona com bits, os quânticos vão funcionar com “qbits”, ou seja “quantum bits” (bits quânticos). Todos conhecemos o aspecto de um chip electrónico. Recentemente, estivemos num laboratório onde estão a construir um computador quântico e o cérebro dessa nova geração de computadores não são chips mas fotões, partículas sub-atómicas de luz. O que nós vimos tinha o aspecto de uma esfera num gás de partículas. Enquanto o processador de um computador convencional utiliza um código binário, no qual uma informação ou é 1 ou é zero, num computador quântico a informação pode ser 1 e zero ao mesmo tempo, e até zero e 1 sobre-posicionados, e mesmo mais, toda uma multiplicidade de sobreposição de estados que podem até ser um elemento sólido e uma onda ao mesmo tempo. Estas capacidades fenomenais vão permitir uma aceleração do tratamento da informação de dados que vai ser multiplicada por um factor de mil, 10 mil, 100 mil, um milhão. Se pedirmos a um computador actual para calcular a previsão do estado do tempo para um mês, os cálculos vão levar cinco anos, tendo em conta o que hoje se sabe da ciência da meteorologia e da sua aleatoriedade, mas sobretudo é esse o limite dos computadores de hoje. Um computador quântico vai poder efectuar esses cálculos em cinco minutos. Vejam bem a diferença colossal. Os computadores quânticos são para breve, até porque há três grandes actores globais a investir fortemente nisso: a agência de segurança interna dos Estados Unidos (NSA), a IBM e a Google. A NSA quer mesmo ter um desses computadores já a funcionar em 2020.

CONTACTO/LW: Pensam que a informática quântica é o passo tecnológico que nos falta dar para podermos aplicar ao sector aero-espacial e podermos viajar até outros sistemas estelares? 

G. e I.B..: Na realidade, o que vai acontecer é uma verdadeira ’revolução quântica’, um passo gigante para a frente. Há quatro sectores que, a nosso ver, vão sofrer grandes pulos tecnológicos: a saúde, a energia, a indústria numérica e sim, a exploração espacial, também é uma delas. Portanto, sim, estamos convictos que os computadores quânticos vão ajudar a resolver muitos dos problemas que hoje enfrentamos nessa área, como por exemplo conseguir atravessar as grandes distâncias que nos separam dos sistemas estelares mais próximos.

José Luís Correia (CONTACTO) e Anne Fourney (WORT.LU) 
in wort.lu ,  contacto.lu e Jornal CONTACTO (27.05/2015)

sábado, 16 de maio de 2015

Mini-vaivém X-37B é lançado para o seu quarto voo orbital em 20 de Maio

O vaivém X-37B foi concebido para aterrar horizontalmente, numa pista em asfalto
Foto: US Air Force

O avião espacial Boeing X-37B da Força Aérea norte-americana (US Air Force) vai ser lançado numa quarta missão neste mes de Maio.

O X-37B é um protótipo sem piloto e mais parece uma mini versão do vaivém espacial, até porque tem um design semelhante, tem um quarto da dimensão do seu predecessor, utiliza a mesma forma de ser lançado (a bordo de um foguetão) e de aterrar, como um avião, horizontalmente, numa pista em asfalto.

As tres primeiras missões foram um sucesso, afirma a US Air Force, apesar de não se saber exactamente o que isso significa, já que os objectivos e os resultados não foram divulgados publicamente, por se tratar de um projecto militar.

Entre as poucas informações que filtraram, sabe-se que o aparelho funciona com painéis solares em vez das pilhas de combustível do Space Shuttle, e que nos próximos voos será testado um novo sistema de propulsão bem como alguns materiais que vão seguir a bordo.

O vaivém X-37B mede 8,8m de comprimento por 2,9 m de altura, e 4,6m de envergadura (largura de ponta a ponta das asas), pesa menos de 5 toneladas (4.990 kg) e consegue atingir uma velocidade máxima de 28.000 km/hora (Mach 25). A área de carga mede 2,1m x 1,2m.

Os dois modelos existentes do avião experimental foram construídos pela Boeing e são propriedade da Força Aérea americana.

O X-37B começou a ser desenvolvido em 1999 com o nome de X-40 para servir de nave de apoio ao Space Shuttle. Com o fim do programa do Space Shuttle em 2011, o aparelho foi modificado para funcionar como vaivém autónomo e para ser lançado a bordo de um foguetão. O primeiro modelo - X-37A - fez voos-teste em 2005 e 2006.

Concebido para orbitar 270 dias, no seu primeiro voo - OTV-1 (OTV, "Orbital Test Vehicle", veículo-teste orbital) - que se deu entre Abril e Dezembro de 2010, o vaivém ficou em órbita durante 225 dias.

O X-37B em posição de lançamento Foto: US Air Force
O OTV-2 esteve 469 dias a orbitar a Terra, entre Março de 2011 e Junho de 2012, e a terceira missão (OTV-3) bateu mesmo um record de órbitas com 675 dias no espaço, entre Dezembro de 2012 e Outubro de 2014.

Para esta quarta missão (OTV-4), as autoridades militares americanas não revelaram o seu tempo de duração.

Sobre os rumores que o X-37B teria objectivos militares, a US Air Force nega e revela apenas que, para já, o projecto pretende conseguir um veículo espacial reutilizável, à semelhança do Space Shuttle, desactivado em 2012, bem como testar tecnologias no espaço como sistemas de navegação espaciais, materiais de protecção térmica para futuras naves, sistemas de auto-pilotagem, reentrada na atsmofera e aterragem de aparelhos espaciais, entre outras.

A quarta missão do X-37B vai ser enviado com o lançador Atlas V desde Cabo Canaveral, na Florida, a 20 de Maio. A aterragem deverá ocorrer, como as tres anteriores, na base aérea Vandenberg, em Santa Barbara, na Califórnia.

A prazo, a US Air Force preve construir um modelo X-37C que deverá ser maior do que o modelo actualmente existente e que poderá levar seis astronautas a bordo.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Meio milhar de asteróides ameaçam a Terra

Cerca de 500 asteróides ameaçam potencialmente a Terra, um problema para o qual especialistas da Agência Espacial Europeia (ESA) encontraram soluções que parecem ter saído de um filme de ficção científica.

"Temos cerca de 500 objectos próximos à Terra (Near Earth Objects ou NEO, na sigla em inglês) identificados que poderiam, dentro de um século, eventualmente tocar a Terra, mas a probabilidade é muito baixa, em alguns casos de um em um milhão", explicou Detlef Koschny, chefe do sector de NEO na ESA.

"Seguimos as suas rotas, tentamos prever o que poderiam ser e se, eventualmente, representam um risco", explicou Koschny a partir do centro operacional dos NEO na cidade italiana de Frascati, perto de Roma.

"Em caso de perigo real, temos duas soluções actualmente viáveis ", acrescentou o especialista. "O primeiro é o acidente de movimento cósmico", disse. "Imagine um veículo, que é o asteróide, e um outro veículo, que é a nossa ferramenta, colidindo com ele e desviando-o da sua trajectória. Por conta da pressão, é possível desviá-lo gradualmente da Terra", afirmou.

"A segunda solução é destruir o asteróide com uma explosão nuclear", acrescenta Koschny. A questão é: como olhar para um objecto espacial que viaja a 3.600 km/h com um outro objecto lançado para interceptá-lo com a mesma velocidade?"

A partir de uma experiência americana, chamada Deep Impact, sabemos que é possível alcançar todos os objectos que tenham mais de 100 metros de diâmetro. Estamos cada vez mais perto de satélites auto-guiados por uma câmara, porque não teríamos tempo para dirigi-los a partir da Terra", explica o cientista.

"É mais fácil quando é o Bruce Willis quem o faz", brinca Richard Tremayne-Smith, co-presidente da Conferência de Defesa Planetária (Planetary Defence Conference, PDC), numa alusão ao filme americano "Armageddon" (1998), em que o actor destrói um asteróide que ameaça a Terra.

"A defesa planetária era um hobby há dez anos. Hoje, tornou-se uma preocupação global", aponta William Ailor, segundo co-presidente do PDC.

A PDC é um encontro sério e envolve especialistas da Nasa, da ESA e de outras instituições, mas também há lugar para jogos. "Um dos jogos consiste em simular uma crise [provocada] por uma possível queda de um asteróide na Terra, com três pessoas a desempenhar o papel de autoridades políticas, conselheiros científicos, representantes das populações ameaçadas e a imprensa", explicou Debbie Lewis, especialista em gestão de catástrofes.

"Precisamos de acordos de comando, controlo, coordenação e comunicação a nível internacional", insistiu a especialista. É que os danos causados pela queda de um asteróide podem ser gigantescos em função do tamanho.

Segundo vários especialistas, 75% das diferentes formas de vida na Terra, inclusive os dinossauros, desapareceram devido à queda de um enorme asteróide há 65 milhões de anos. "Devemos estar preparados, o despertador já tocou, mas teimamos em desligá-lo", afirmou Lewis.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

EUA e Rússia querem criar estação orbital ISS-2 em 2024


A Rússia e os Estados Unidos pretendem criar, em conjunto, uma nova estação espacial a partir de 2024 (poderia vir a chamar-se ISS-2), disse recentemente o chefe da Roscosmos, a agência espacial russa, Igor Komarov.

“A Roscosmos e a Nasa [agência espacial dos Estados Unidos] vão trabalhar em conjunto no programa da futura estação orbital, um projecto aberto a todos os países que pretendam juntar esforços”, disse Komarov, numa conferência de imprensa em Baikonur, no Cazaquistão.

As duas agências espaciais pensam assim prolongar até 2024 o serviço da actual Estação Espacial Internacional (ISS).

A Rússia e os Estados Unidos também concordaram em unificar as normas técnicas dos sistemas de acoplagem das suas naves espaciais.

Americanos e russo planeiam voos em conjunto para Marte

Na mesma conferência de imprensa, o administrador da Nasa, Charles Bolden, lembrou que a Rússia e os Estados Unidos pretendem criar um programa conjunto de voos para Marte.

A ISS começou a ser construída em 1997 e já custou mais de 100 mil milhões de dólares. Está em órbita a uma altitude de 335 a 460 quilómetros, pesa mais de 450 toneladas, e desloca-se a 27 mil quilómetros por hora.

A ISS conta com a participação de 16 países: o programa foi lançado pelos EUA em 1983, a Rússia aderiu em 1993, e quando a construção começou juntaram-se ao projecto onze países europeus da ESA, o Brasil, o Japáo e o Canadá. A ISS tem residentes em permanência desde 2000.

Os EUA tinham previsto retirar-se da ISS em 2016/2017, segundo os planos delineados em 2004 pela Administração de George W. Bush, que previa concentrar esses fundos no programa Constelação, para regressar à Lua.

O abandono da ISS em 2016/2017 poderia criar atritos com os 15 países que colaboram actualmente no projecto e aí têm investido muitos milhares em pesquisas e missões, pelo que, depois da Administração Obama adiar sine die o programa Constelação em 2010, os EUA e a Rússia decidiram num primeiro tempo prolongar a vida da ISS até 2020, e agora anunciaram um novo prolongamento até 2024.

sábado, 9 de maio de 2015

Graças a nova técnica de detecção de exoplanetas, Harps obtem imagem do espectro de 51 Pegasi b

Representação artística do exoplaneta 51 Pegasi b

Com o auxílio do instrumento HARPS, o principal “caçador” de exoplanetas instalado no Observatório de La Silla no Chile, os astrónomos detectaram pela primeira vez de forma directa o espectro visível reflectido por um exoplaneta.

Estas observações revelaram também novas propriedades deste objecto famoso, o primeiro exoplaneta a ser descoberto em torno de uma estrela normal: a 51 Pegasi b.

O resultado promete um futuro brilhante para a técnica utilizada, particularmente com o advento da nova geração de instrumentos, tais como o ESPRESSO, para o VLT, e futuros telescópios como o E-ELT.

O exoplaneta 51 Pegasi b situa-se a cerca de 50 anos-luz da Terra na constelação do Pégaso. Foi descoberto em 1995 e será recordado para sempre como o primeiro exoplaneta confirmado descoberto em órbita de uma estrela normal, como o Sol. É também considerado o arquétipo dos exoplanetas do tipo Júpiter quente - uma classe de planetas que se sabe agora serem bastante comuns, e que são semelhantes a Júpiter em termos de massa e de tamanho, mas com órbitas muito mais próximas das suas estrelas progenitoras.

Desde esta descoberta crucial, foi já confirmada a existência de mais de 1.900 exoplanetas em 1.200 sistemas planetários. No entanto, no ano em que a sua descoberta faz 20 anos, o 51 Pegasi b volta à cena para fazer avançar uma vez mais o estudo dos exoplanetas.

A equipa que fez esta nova detecção foi liderada por Jorge Martins do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e da Universidade do Porto, que actualmente faz o seu doutoramento no ESO, no Chile.

A equipa utilizou o instrumento HARPS montado no telescópio de 3,6 metros do ESO no Observatório de La Silla, no Chile.

Existem agora tres técnicas de detecção

Actualmente, o método mais utilizado para estudar a atmosfera de um exoplaneta consiste em observar o espectro da estrela hospedeira quando este é filtrado pela atmosfera do planeta durante um trânsito - uma técnica chamada espectroscopia de transmissão.

Uma aproximação alternativa será observar o sistema quando a estrela passa em frente do planeta, o que dará essencialmente informação sobre a temperatura do exoplaneta.

A nova técnica não depende de um trânsito planetário, por isso pode potencialmente ser usada para estudar muito mais exoplanetas, e permite que o espectro planetário seja detectado directamente no visível, o que significa que características diferentes do planeta, que não são acessíveis através de outras técnicas, possam ser inferidas.

O espectro da estrela hospedeira é usado como modelo para procurar uma assinatura semelhante, que se espera que seja reflectida pelo planeta que a órbita. Trata-se de uma tarefa extremamente difícil já que os planetas são muitíssimo ténues quando comparados com as suas estrelas progenitoras resplandecentes.

O sinal emitido pelo planeta é também muito facilmente diluído por outros pequenos efeitos e fontes de ruído. Perante tal adversidade, o sucesso da técnica utilizada quando aplicada aos dados do HARPS relativos ao 51 Pegasi b, valida o conceito de forma muito valiosa.

Jorge Martins explica: “Este tipo de técnica de detecção tem uma grande importância científica, já que nos permite medir a massa real do planeta e a sua inclinação orbital, o que é essencial para compreendermos completamente o sistema. Permite-nos também estimar a reflectividade do planeta, ou albedo, o que pode ser depois usado para inferir a composição tanto da superfície do planeta como da sua atmosfera.”

Descobriu-se que o 51 Pegasi b tem uma massa de cerca de metade da de Júpiter e uma órbita com uma inclinação de cerca de nove graus na direcção da Terra. O planeta parece também ser maior que Júpiter em termos de diâmetro e extremamente reflectivo. Estas são propriedades típicas de um planeta do tipo Júpiter quente, que se encontra muito próximo da sua estrela progenitora e por isso exposto a intensa radiação estelar.

O HARPS foi essencial para o trabalho efectuado pela equipa, mas o facto do resultado ter sido obtido com o telescópio de 3,6 metros do ESO, que tem um limite de aplicação da técnica, constitui uma boa notícia para os astrónomos.

O equipamento que existe actualmente será ultrapassado por instrumentos muito mais avançados instalados em telescópios maiores, tais como o Very Large Telescope do ESO e o futuro European Extremely Large Telescope.

“Esperamos com impaciência a primeira luz do espectrógrafo ESPRESSO que será montado no VLT, com o qual faremos estudos mais detalhados sobre este e outros sistemas planetários,” conclui Nuno Santos, do IA e Universidade do Porto, co-autor do novo artigo científico que descreve estes resultados.

Fonte: ESO

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Hew Horizons revela que Plutão pode ter calota polar


Plutão pode ter uma calota de gelo polar, dizem agora os cientistas da Nasa, depois de analisar as imagens mais recentes da nave espacial New Horizons, que se aproxima do distante planeta-anão.

A New Horizons passa por Plutão em 14 de Julho e já começou o envio de imagens do corpo celeste e da sua lua Charon, satélite de tamanho semelhante ao do Texas.

A Nasa combinou 13 imagens tiradas ao longo de seis dias em Abril com material do instrumento de reconhecimento de imagens de longo alcance, Lorri, para fazer um curta-metragem.

Apesar de serem pixelizadas, as imagens mostram áreas claras e escuras na superfície de Plutão. Essas áreas foram identificadas pela primeira vez com o telescópio Hubble há anos, mas como as características de Plutão estão a ficar melhor conhecidas graças à New Horizons, a Nasa está a começar a duvidar se uma área de luz intensa indica efectivamente a presença de uma calota polar em Plutão.

"Esse brilho na região polar de Plutão pode ser causado por uma calota de neve altamente reflexiva na superfície", explica a Nasa. "A 'neve', neste caso, é provavelmente gelo de nitrogénio molecular congelado. As observações da New Horizons em Julho vão definitivamente determinar se a hipótese está correcta ou não".

Plutão foi durante muito tempo considerado o nono planeta no Sistema Solar e o mais afastado do sol. A sua "categoria" foi redefinida e o corpo celeste foi reclassificado como planeta-anão em 2006.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Os argumentos para convencer a opinião pública da importância da exploração espacial

Que argumentos avançar para convencer a opinião pública que é benéfico e até necessário investir na exploração espacial? Foi a esta pergunta que tentou responder a escritora americana Joelle Renstrom, que escreve habitualmente sobre a relação entre ciência e ficção científica.

No blogue Future Tense (Futuro Simples) - que é uma colaboração entre a revista em linha Slate, o instituto New America e a Universidade Estadual do Arizona, Renstrom começa por recordar que regularmente a Nasa enfrenta o mesmo desafio: não saber se o orçamento que lhe vai ser outorgado pelas autoridades estatais vai sofrer cortes.

E lá têm os seus dirigentes que ir reinventar novos (velhos) argumentos para tentar convencer os políticos e o público a "gastar" dinheiro na exploração espacial. Uma tarefa tanto mais árdua numa época de crise em que a opinião pública depressa se torna susceptível nestas questões e vê com olhos críticos que o Governo gaste demasiado dinheiro em certos sectores em detrimento de outros que esta considera mais importantes.


1960-1980: Do argumento geopolítico de Kennedy ao desígnio filosófico de Carl Sagan

A autora diz que "é ao passado que temos de ir procurar os bons argumentos". Recordando que em 1962 John F. Kennedy conseguiu galvanizar um país inteiro em torno de um objectivo comum - chegar à Lua, feito histórico alcançado em apenas sete anos -, Renstrom lembra que no seu apelo o presidente norte-americano recorreu a argumentos em torno da segurança interna e do orgulho da nação face a um inimigo geopolítico e ideológico, a URSS. "A retórica política de Kennedy fez duplicar o orçamento da Nasa entre 1962 e 1963, e quadruplicar entre 1962 e 1966".

Joelle Renstrom recorda também os argumentos filosóficos que o famoso astrónomo, cosmólogo, astrofísico e astrobiólogo Carl Sagan tentou difundir nos seus trabalhos de vulgarização científica nos anos 1970 e 1980 (como por exemplo na série "Cosmos", que alcançou sucesso mundial). Sagan explanava, com um entusiasmo e um carisma que contagiaram gerações de novos cientistas, que a exploração espacial, e a ciência em geral, elevam e sublimam a Humanidade na sua essência enquanto civilização. Ao mesmo tempo apelava para que isso não nos tornasse arrogantes, antes humildes, e lembrava o lugar do nosso pequeno "ponto azul pálido" (a Terra) na imensidão vasta e incomensurável do Universo.

No entanto, lamenta Renstrom, "actualmente, até o pupilo de Sagan, Neil deGrasse Tyson [astrónomo e cosmólogo] considera que esses argumentos estão estafados, porque as massas não se interessam pelo que não dá resultados imediatos".

Renstrom lamenta ainda que hoje em dia "até os argumentos mais básicos sobre os benefícios práticos e tecnológicos que trazem a exploração e as descobertas espaciais não respondem às perguntas porque devemos investir dinheiro neste sector e porquê agora".

No seu artigo, Joelle Renstrom não o menciona, mas eu lembro que nos anos 1990, a baixa nas verbas para a Nasa, provocada, entre outros pontos, pela explosão do vaivém Challenger (em 1986), e o desmembramento da União Soviética (1991), levaram os EUA a colaborar com a Rússia na criação de uma estação orbital.

A China, Marte e "o comércio do espaço"

A autora verifica que actualmente EUA e Rússia já não são competidoras, antes colaboradoras, na exploração espacial, inclusive "a Nasa recorre às cápsulas russas Soyuz" para enviar os seus astronautas até à estação espacial internacional (ISS), que é hoje um projecto que reagrupa 16 países,

Mas há um novo jogador em campo, precisa Renstrom. "A entrada da China na corrida espacial pode reacender uma competição sã entre nações". A autora admite que um discurso ideológico à Kennedy para galvanizar os EUA "contra uma nação comunista" [como era a URSS nos anos 1960 e como é hoje a China] "é obsoleto e não funcionaria". Mas o outro argumento de Kennedy - ser primeiros e sê-lo porque podemos - pode tocar os americanos no seu orgulho de grande nação.

A China acabou de colocar um rover na Lua, tem uma estação espacial (Tiangong 3) já a orbitar (para já, não habitada) e o próximo objectivo é enviar um taikonauta (astronauta chinês) até Marte. Renstrom propõe Marte como meta para competir com a China.
Aspecto da estação espacial chinesa Tiangong 3 quando estiver terminada

Renstrom não o menciona mas também a Índia, o Brasil ou o Irão querem lançar-se na corrida espacial, mas pensa que há um argumento de peso que pode estimular o financiamento na exploração espacial nesta segunda década do século XXI: "a competição entre empresas privadas".

O "comércio do espaço" pode ter (já tem) várias vertentes. Primeiro, diz Renstrom, o turismo espacial, que "está a tornar acessível a órbita baixa da Terra a cada vez mais pessoas". Renstrom diz que conta com "a mediatização de turistas espaciais famosos", e dá o exemplo de Lady Gaga, para impulsionar o turismo espacial.

A escritora refere também o pioneirismo da Space X, a primeira companhia privada a conseguir um contrato para enviar uma nave até à ISS, o que prova que "o mercado do frete espacial tem capacidade para se desenvolver". A empresa "está a desenvolver naves tipo vaivém" e "conseguiu roubar um contrato ao foguetão europeu Ariane 5 para colocar em órbita satélites comerciais".

Hoje em dia, diz, "as empresas privadas conseguem construir naves por metade do preço da Nasa". Ou seja, a autora considera que o investimento no espaço pode impulsionar a economia americana e mundial, globalmente estagnadas, e que isso, sim, é um argumento que pode sensibilizar os políticos e o homem da rua.

Renstrom não o diz, mas acrescento eu, numa das suas conferências, Neil deGrasse Tyson afirma que a pessoa que quiser ser o primeiro trilionário do Mundo deve investir na exploração do espaço, porque é aí que se encontram inúmeros recursos, que podem valer milhões, biliões, triliões.

Renstrom evoca deGrasse Tyson mas para lembrar que o astrónomo considera que "a exploração espacial deve ser feita pelos governos, quando se trata de atingir novas fronteiras, depois disso as empresas privadas poderiam desbravar trilhos".

Espero que estes argumentos sejam suficientes para que os Estados continuem a investir no espaço.

Nos anos 1980, a Nasa previa fazer chegar o primeiro homem a Marte em 2015 e criar a primeira colónia marciana em 2045. Temos, portanto, 15 a 20 anos de atraso. Atraso provocado, entre outros precalços de agenda, pelas explosões dos vaivéns Challenger (1986) e Discovery (2002), pela crise financeira 2008-2015, que levou a Administração Obama a abandonar o programa americano "Constellation" para regressar à Lua.

Em contrapartida, o tempo de vida da ISS foi prolongado, de 2016 para 2024; Nasa, ESA, Rússia, Japão e outras nações colaboram cada vez mais; as missões Kepler, Hubble e outras têm descoberto um número exponencial de exoplanetas. Sinais que deixam adivinhar que melhores tempos estão a chegar no que concerne o investimento e o empenho da Humanidade na exploração espacial.




domingo, 3 de maio de 2015

Físico José Tito Mendonça publica "Uma biografia da Luz"

José Tito Mendonça
Este ano celebra-se internacionalmente a luz. O estudo da luz desvenda-nos a natureza do Universo, a história da evolução do Cosmos.

A editora Gradiva, a quem um dia o professor José Mariano Gago apelidou de “Universidade Gradiva”, acaba de lançar o número 211 da prestigiada colecção “Ciência Aberta”, com o título “Uma Biografia da Luz – Ou a Triste História do Fotão Cansado”, de José Tito Mendonça-

O autor é físico e professor catedrático reformado do Instituto Superior Técnico (IST), mas que mantém actividade científica à frente do laboratório de átomos frios e plasmas quânticos do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear do IST.

A colecção “Ciência Aberta” acolhe assim mais um autor português na sua galeria de excelentes divulgadores de ciência, e este livro enriquece o panorama da divulgação de ciência em língua portuguesa.

Esta biografia da luz foi lançada a 28 de Abril, no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. O livro apresenta, numa linguagem acessível e cativante, o essencial sobre a natureza e as propriedades da luz.

Mas o autor também incluiu diversas passagens em que nos diz a sua opinião sobre a ciência e a vida, onde narra alguns episódios da sua actividade enquanto cientista. Como o próprio autor escreve na “Nota Prévia” com que abre o livro, “esta biografia da luz é polvilhada de fragmentos autobiográficos”, aspecto que engradece o livro ao apresentar ao leitor vivências de como a ciência se faz, mas também a relação entre ciência e arte, numa manifestação multifacetada da luz na cultura humana.

A luz é de facto um tema transversal aos diversos territórios em que cresce o conhecimento humano. As 267 páginas deste livro compreendem nove capítulos: 1 – Intróito, o pescador irrequieto; 2 – Dualidade; 3 – Ausências; 4 – Os fotões e a cor; 5 – Os lasers e eu; 6 – O quarto elemento; 7 – Estrelas, e mais além; 8 – Chuva cósmica; 9 – Conclusão, onde se fala sobre compreender a ciência e esta na terra dos sonhos.

José Tito Mendonça escreveu a pensar no leitor comum. Num convite à acessibilidade, não usou fórmulas e evitou fazer referências a trabalhos especializados menos conhecidos do grande público. É assim um livro para todos, que ilumina quem o ler. Neste ano Internacional da Luz, este é um livro a não perder.

sábado, 2 de maio de 2015

Imagem em 3D revela pormenores nunca antes vistos dos Pilares da Criação



Com o auxílio do instrumento MUSE montado no Very Large Telescope do ESO, os astrónomos criaram a primeira imagem completa a três dimensões dos famosos Pilares da Criação na Nebulosa da Águia, ou Messier 16.

As novas observações mostram como é que os diferentes pilares de poeira deste objecto icónico estão distribuídos no espaço e revelam muitos detalhes novos - incluindo um jacto, nunca visto antes, lançado por uma estrela jovem.

A radiação intensa e os ventos estelares emitidos pelas estrelas brilhantes do enxame associado esculpiram os Pilares da Criação ao longo do tempo e deverão fazer com que estes desapareçam completamente dentro de cerca de três milhões de anos.

A imagem original dos famosos Pilares da Criação foi obtida pelo telescópio espacial Hubble da NASA/ESA há duas décadas atrás, tendo-se tornado imediatamente uma das imagens mais famosas e evocativas. Desde essa altura, estas nuvens, que se estendem ao longo de alguns anos-luz [1], têm espantado tanto cientistas como público em geral.

As estruturas salientes, assim como o enxame estelar próximo NGC 6611, fazem parte de uma região de formação estelar chamada Nebulosa da Águia, ou Messier 16.

A nebulosa e os restantes objectos associados situam-se a cerca de 7.000 anos-luz de distância da Terra, na constelação da Serpente.

Os Pilares da Criação são um exemplo típico de estruturas em forma de colunas que se desenvolvem em nuvens gigantes de gás e poeira, locais de nascimento de novas estrelas. As colunas surgem quando enormes estrelas azuis-esbranquiçadas do tipo O e B recentemente formadas emitem enormes quantidades de radiação ultravioleta e ventos estelares que sopram a matéria menos densa para longe da sua vizinhança.

As zonas de gás e poeira mais densas podem, no entanto, resistir a essa erosão por mais tempo. Por detrás de tais bolsas de poeira espessa, o material está protegido deste olhar intenso e devastador das estrelas O,B. Este “escudo” dá origem a “caudas” ou “trombas de elefante”, as quais observamos sob a forma de pilares de matéria poeirenta e que apontam em sentido contrário às estrelas brilhantes.

O instrumento MUSE do ESO montado no Very Large Telescope mostrou a evaporação constante a que estão sujeitos os Pilares da Criação com um detalhe sem precedentes, revelando a sua orientação.

O MUSE mostrou que a ponta do pilar da esquerda está virada para nós, por cima de um pilar que na realidade se situa por trás do NGC 6611, contrariamente aos outros pilares. É sobre esta ponta que incide a maior parte da radiação emitida pelas estrelas do NG 6611 e, consequentemente, parece-nos muito mais brilhante do que os pilares da esquerda em baixo, do centro e da direita, cujas pontas apontam na direcção contrária, relativamente a nós.

Os astrónomos esperam compreender melhor como é que as estrelas jovens do tipo O e B, como as que se encontram no NGC 6611, influenciam a formação das estrelas subsequentes. Estudos numerosos identificaram protoestrelas a formarem-se no interior destas nuvens - o que faz delas verdadeiros Pilares da Criação.

Este novo estudo mostra também evidências de duas estrelas em gestação nos pilares do centro e da esquerda, assim como um jacto lançado por uma estrela jovem que escapou detecção até agora. A formação de mais estrelas em meios como o dos Pilares da Criação, pressupõe a existência de uma verdadeira corrida contra o tempo, uma vez que a radiação intensa emitida pelas estrelas que já brilham continua a desfazer os pilares.

Ao medir a taxa de evaporação dos Pilares da Criação, o MUSE deu aos astrónomos uma janela de tempo para além da qual estas estruturas deixam de existir. Os pilares perdem cerca de 70 vezes a massa do Sol a cada um milhão de anos. Com base na sua massa actual, que é cerca de 200 vezes a massa solar, os Pilares da Criação terão uma duração de vida esperada de talvez mais uns três milhões de anos - um piscar de olhos no tempo cósmico. Assim, estas colunas cósmicas icónicas poderiam também aptamente chamar-se Pilares da Destruição.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

O que observar no céu de Maio

Chuva de meteoros

Parte deste mês será marcado pela chuva de meteoros das Eta Aquáridas, a qual tem o seu pico de actividade na noite de dia 5 para 6 de Maio.

O nome desta chuva de estrelas deve-se a que o seu radiante (ponto do céu de onde elas parecem surgir) está situado perto da estrela Eta da constelação do Aquário (eta Aqr).

No entanto, a verdadeira origem destes meteoros está bem mais perto de nós, não sendo mais do que poeiras e pequenas partículas deixadas pelo cometa Halley ao longo do seu percurso, as quais são interceptadas pelo nosso planeta.

Esta chuva de estrelas pode produzir até quatro dezenas de meteoros por hora, mas este ano iremos ver muitos menos dado que o seu pico de actividade ocorre muito perto da Lua Cheia de dia 4. Como neste mesmo dia 4, a passagem da Lua pelo plano da órbita terrestre ocorre poucas horas depois da Lua cheia, tal evento dará lugar a um eclipse lunar total. Infelizmente este eclipse dar-se-á pelas 14h, sendo apenas visível no Extremo Oriente, Pacífico e, parcialmente, nas Américas.




A Lua passa por Marte e Mercúrio

Nestes primeiros dias do mês podemos também observar como a Lua se desloca da vizinhança da estrela Espiga (na constelação da Virgem) no dia 2, até à proximidade de Saturno no dia 5.

No dia 7, Mercúrio atinge a sua maior elongação (afastamento angular) para Este relativamente ao Sol, apresentando-se assim como estrela da tarde.

Quatro dias depois tem lugar o quarto minguante. A seu turno, a Lua Nova irá ocorrer na madrugada de dia 18. Na noite seguinte a Lua passará perto de Marte cuja observação por estes dias será muito difícil dado que está demasiado próximo da direcção do Sol.

Ao anoitecer de dia 19 a Lua já terá passado por Mercúrio. Este planeta será cada vais mais difícil de ver à medida que se for aproximando do Sol, chegando-se a cruzar com Marte no dia 26, e atingindo a sua conjugação inferior (altura em que estará na direcção do Sol) no dia 30 de Maio.





Saturno bem visível 


Na madrugada de dia 23, Saturno encontrar-se-á na direcção contrária ao Sol. Diz-se então que se encontra em oposição. Para além de tal significar que iremos encontrar a sua face totalmente iluminada, esta também é uma altura em que a Terra está mais próxima deste planeta, sendo assim uma excelente ocasião para observá-lo e aos seus anéis.

Na madrugada de dia 24 de Maio a Lua estará a 5 graus a sul de Júpiter. Já aquando do quarto crescente de dia 25, o nosso satélite já terá passado por Régulo, uma estrela da constelação do Leão.

Na noite de dia 29 a Lua irá regressar mais uma vez para junto da estrela Espiga. Igualmente neste dia Vénus, que se apresenta este mês como estrela da tarde, estará junto a Pólux, uma estrela da constelação dos Gémeos.

Fernando J.G. Pinheiro, 
do CITEUC-Centro de Investigação da Terra e do Espaço da Universidade de Coimbra
Fonte: Ciência na Imprensa Regional / Ciência Viva