O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (ou simplesmente 'Churi') Foto: ESA |
Os cientistas, que apresentam esta quarta-feira os resultados da sua pesquisa durante a conferência de geoquímica Goldschmidt2015, em Praga, compilaram uma lista de substâncias para reproduzir a reacção em laboratório.
Os cientistas misturaram aminoácidos, gelo e substâncias silicatadas a temperaturas de 196 Celsius negativos, uma mistura presente nos cometas, como constataram as últimas missões espaciais.
Depois, os cientistas adicionaram um gás propulsor para simular o efeito de uma colisão do cometa com a Terra, o que fez com que alguns dos aminoácidos se transformassem em peptídeos de cadeia curta, moléculas complexas frequentemente consideradas fundamentais para o desenvolvimento da vida.
"As nossas experiências mostraram que o frio existente nos cometas teve um impacto decisivo nesta síntese", destaca, em comunicado, Haruna Sugahara, da Agência Japonesa para a Ciência.
"A produção de peptídeos de cadeia curta é uma das etapas decisivas na evolução química das moléculas. Uma vez iniciado o processo, vai ser necessário muito menos energia para formar as cadeias de peptídeos mais longas seja num ambiente terrestre ou aquático", pode ainda ler-se no comunicado.
Sugahara destaca aind que os impactos dos cometas, que costumam estar associados a eventos de extinção em massa, provavelmente também deram um 'empurrãozinho' na formação da vida. Um processo similar pode ter-se produzido noutros locais do Universo.
Os resultados da investigação de Haruna Sugahara e Koichi Mimura, da Universidade de Nagoia, ainda não foram publicados, mas segundo Mark Burchell, da Universidade de Kent, "constituem um passo em frente importante no estudo sobre a origem das moléculas complexas no Universo".
A missão da sonda europeia Rosetta, que acompanhou o cometa 67P/Churiumov-Guerasimenko, confirmou que o corpo celeste era rico em matéria orgânica.