quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Cientistas japoneses demonstram em laboratório que cometas podem estar na origem da vida na Terra

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (ou simplesmente  'Churi') Foto: ESA
O impacto dos cometas que atingiram a Terra há 4 mil milhões de anos pode ter tido um papel no surgimento da vida na Terra, afirma um grupo de cientistas japoneses, que tentou reproduzir esta "fórmula" em laboratório.

Os cientistas, que apresentam esta quarta-feira os resultados da sua pesquisa durante a conferência de geoquímica Goldschmidt2015, em Praga, compilaram uma lista de substâncias para reproduzir a reacção em laboratório.

Os cientistas misturaram aminoácidos, gelo e substâncias silicatadas a temperaturas de 196 Celsius negativos, uma mistura presente nos cometas, como constataram as últimas missões espaciais.

Depois, os cientistas adicionaram um gás propulsor para simular o efeito de uma colisão do cometa com a Terra, o que fez com que alguns dos aminoácidos se transformassem em peptídeos de cadeia curta, moléculas complexas frequentemente consideradas fundamentais para o desenvolvimento da vida.

"As nossas experiências mostraram que o frio existente nos cometas teve um impacto decisivo nesta síntese", destaca, em comunicado, Haruna Sugahara, da Agência Japonesa para a Ciência.

"A produção de peptídeos de cadeia curta é uma das etapas decisivas na evolução química das moléculas. Uma vez iniciado o processo, vai ser necessário muito menos energia para formar as cadeias de peptídeos mais longas seja num ambiente terrestre ou aquático", pode ainda ler-se no comunicado.

Sugahara destaca aind que os impactos dos cometas, que costumam estar associados a eventos de extinção em massa, provavelmente também deram um 'empurrãozinho' na formação da vida. Um processo similar pode ter-se produzido noutros locais do Universo.

Os resultados da investigação de Haruna Sugahara e Koichi Mimura, da Universidade de Nagoia, ainda não foram publicados, mas segundo Mark Burchell, da Universidade de Kent, "constituem um passo em frente importante no estudo sobre a origem das moléculas complexas no Universo".

A missão da sonda europeia Rosetta, que acompanhou o cometa 67P/Churiumov-Guerasimenko, confirmou que o corpo celeste era rico em matéria orgânica.