sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Último eclipse solar do ano é neste domingo e é parcialmente visível em Portugal

O último eclipse solar do ano ocorre neste domingo, sendo parcial na maior parte do mundo, incluindo Portugal, onde será de magnitude muito pequena, e total na África Equatorial, informou o Observatório Astronómico de Lisboa (OAL).
Foto: Reuters

O fenómeno apenas pode ser observado através de telescópios com filtros especiais. A observação directa pode provocar lesões oculares.

Em Portugal, como no resto do mundo, com excepção de África, apenas uma parte do Sol é ocultada pelo disco lunar, como se a Lua desse uma "dentada" no Sol, e, por isso, o eclipse é parcial.

No domingo, o céu parcialmente nublado, com "abertas", em Portugal, previsto pela meteorologia, não impede a observação do eclipse ao fim da manhã, período em que o fenómeno pode ser visto em território português, ainda que com muito pouca amplitude, de acordo com o Observatório Astronómico de Lisboa.

Tanto o OAL como o Planetário do Porto, o Centro Ciência Viva de Constância e o Observatório Geofísico e Astronómico da Universidade de Coimbra promovem, se o tempo ajudar, sessões gratuitas de observação com telescópios.

Segundo informação disponibilizada pelo Observatório Astronómico de Lisboa no seu portal, o eclipse parcial atinge em Portugal Continental o seu pico perto das 12h30 (+1h no Luxemburgo), mas somente com 2% a 5% do Sol a estar tapado pela Lua nas regiões Norte e Centro e 5% a 8% nas regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve.

No território continental, o fenómeno inicia-se depois das 11h30 e termina pouco depois das 13h. O eclipse será um pouco maior nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, com a ocultação do Sol a rondar os 21% a 23% e a durar duas horas, mais meia hora face ao continente.

Na Madeira, a maior fase do eclipse ocorrerá ao meio-dia e nos Açores perto das 11h (hora local). Nas ilhas o fenómeno começa cerca das 10h (Açores)/11h (Madeira) e acaba perto das 12h (Açores)/13h17 (Madeira). Um eclipse solar como o de domingo é considerado raro, e designado híbrido, porque, além de poder ser total ou parcial, também pode ser anular.

"Isto deve-se ao facto de a sombra projetada na superfície terrestre se aproximar da Lua à medida que o eclipse percorre a curvatura da Terra", esclareceu à agência Lusa o director do Departamento de Mediação Científica do Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa, João Retrê.

Na África Equatorial, o fenómeno começa por ser anular (todo o disco da Lua encontra-se em frente ao disco do Sol, deixando à vista um anel de luz) para depois se tornar, nalguns pontos, total (o Sol está totalmente tapado pela Lua). Fenómeno bem visível em Cabo Verde Em São Tomé e Príncipe, mais de 90% do Sol estará tapado e, em Cabo Verde, sobretudo nas ilhas a sul (Brava, Fogo, Santiago e Maio), a ocultação será mais de 80%, de acordo com o site internet do Centro Ciência Viva de Constância.

Um eclipse solar ocorre quando a Lua passa directamente entre a Terra e o Sol. A órbita da Lua em redor da Terra é elíptica, pelo que a distância face ao "planeta azul" varia constantemente. João Retrê explicou que o eclipse solar anular ocorre "se a Lua se encontrar num ponto da sua órbita mais distante da Terra e o seu diâmetro aparente será inferior ao do Sol, não cobrindo todo o seu disco", sendo possível "observar um pequeno anel de luz em torno da silhueta escura da Lua".

Em contrapartida, o eclipse solar será total se "a Lua se encontrar num ponto da sua órbita mais perto da Terra", sendo que "a sua silhueta pode cobrir todo o disco solar".

(este artigo foi igualmente publicado no site wort.lu/pt)

Astrónomos dizem que Kepler 78b é um planeta infernal

Representação de artista de Kepler 78b
O exoplaneta Kepler 78b é certamente um inferno com temperaturas que oscilam entre os 1.500 e os 3.000°C, mas para os astrónomos tem a característica particularmente interessante de possuir o tamanho e a composição rochosa muito semelhantes aos do nosso planeta.

É aliás o primeiro exoplaneta até hoje descoberto mais parecido com a Terra pela sua dimensão e composição. Kepler 78b é ligeiramente maior (1,2) do que a Terra.

Kepler 78b situa-se na constelação da Lira (no nosso céu nocturno), a cerca de 400 anos-luz da Terra.

Os cientistas consideram que este exoplaneta (planeta fora do nosso sistema solar) é quase um irmão gémeo da Terra, mas nunca será habitável pelo ser humano.  Por estar demasiado próximo da sua estrela, a sua superífice parece o inferno, comparam os astrónomos, à semelhança de planetas como Mercúrio ou Vénus.
 
Lançado em 2009 pela Nasa, o telescópio espacial Kepler descobriu, durante sua missão, biliões de candidatos possíveis entre os planetas rochosos.

No entanto, embora seja relativamente fácil determinar o seu tamanho, é muito mais difícil conhecer as suas características.

O planeta Kepler 78b é uma excepção à regra porque está em órbita muito perto da sua estrela - daí a sua temperatura infernal -, em torno do qual faz uma órbita completa em apenas oito horas e meia. Essa particularidade permitiu a duas equipas diferentes de astrónomos de observar o exoplaneta e calcular a sua massa, entre 1,69 e 1,86 vez a da Terra, segundo estudos publicados na quarta-feira na revista Nature.

Os cálculos dão ao planeta uma densidade quase idêntica à da Terra, ou seja, 5,5 gramas por centímetro cúbico. Essa densidade indica que Kepler 78b, assim como o planeta Terra, provavelmente é formado por rochas de ferro.

Embora no estado actual dos conhecimentos não haja nenhuma possibilidade de existir vida na sua superfície,  "Kepler 78b constitui um sinal animador para a busca de mundos habitáveis fora do nosso sistema solar", diz Drake Deming, astrónomo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, num comentário que não foi publicado na revista Nature.

Segundo Deming, a existência desse planeta hostil "tem pelo menos o mérito de mostrar que planetas extra-solares (ou exoplanetas) com uma constituição semelhante à da Terra não constituem um facto extraordinário" na Via Láctea (a nossa galáxia) e que é possível encontrar alguns com critérios mais compatíveis com alguma forma de vida.

Um dos objectivos dos astrónomos e astrofísicos é um dia encontrar uma segunda "Terra", um planeta tão semelhante ao nosso, que pode ter vida como a conhecemos. A busca faz-se diariamente entre milhões de exoplanetas presentes na galáxia.