sábado, 22 de agosto de 2015

Como as estrelas nascem e se desenvolvem nos enxames estelares

Foto: ESO
Os enxames estelares abertos como o que se vê nesta imagem não são apenas perfeitos para tirar bonitas fotografias. A maioria das estrelas forma-se no seu interior e estes enxames podem servir aos astrónomos como laboratórios para estudar como é que as estrelas evoluem e morrem.

Esta imagem, que foi obtida pelo instrumento Wide Field Imager (WFI) no Observatório de La Silla, mostra o enxame IC 4651 e as estrelas que nasceram no seu interior apresentam actualmente uma grande variedade de características.

O salpicado de estrelas que podemos ver nesta nova imagem do ESO é o enxame estelar aberto IC 4651, situado na Via Láctea na constelação do Altar, a cerca de 3.000 anos-luz de distância.

O enxame tem cerca de 1,7 mil milhões de anos — o que corresponde a uma idade média em termos de enxames.

Conhecem-se na Via Láctea mais de um milhar destes enxames abertos, no entanto pensa-se que existam muitos mais. Muitos destes objectos foram já estudados com grande detalhe. Observações de enxames estelares como este fizeram avançar o nosso conhecimento sobre a formação e evolução da Via Láctea e das estrelas individuais no seu interior. Permitem igualmente aos astrónomos testar modelos de evolução estelar.

As estrelas no IC 4651 formaram-se todas ao mesmo tempo a partir da mesma nuvem de gás. Estas estrelas irmãs estão apenas ligadas de forma ligeira pela atracção entre si e pelo gás entre elas. À medida que as estrelas no seio do enxame interagem com outros enxames e com nuvens de gás na galáxia e, à medida que o gás entre as estrelas é utilizado para formar mais estrelas ou é lançado para fora do enxame, a estrutura do enxame começa a modificar-se. Eventualmente, a massa restante no enxame torna-se suficientemente pequena para que as estrelas possam escapar.

Observações recentes do IC 4651 mostraram que o enxame contém uma massa de 630 vezes a massa solar e pensa-se que inicialmente teria pelo menos 8.300 estrelas, num total de 5.300 vezes a massa do Sol.

O nosso Sol poderá ter feito parte de um enxame estelar 

Como este enxame é relativamente velho, uma parte desta massa perdida é devida às estrelas mais massivas do enxame terem já atingido o final das suas vidas e terem explodido sob a forma de supernovas.

No entanto, a maioria das estrelas que se perderam não morreram mas apenas se deslocaram. Terão sido arrancadas ao enxame ao passar por uma nuvem gigante de gás ou após um encontro próximo com um enxame vizinho, ou simplesmente afastaram-se.

Uma fracção destas estrelas perdidas pode estar ainda gravitacionalmente ligada ao enxame, encontrando-se a rodeá-lo a grande distância.

As restantes estrelas perdidas terão migrado para longe do enxame e juntado-se a outros ou ter-se-ão instalado noutro local qualquer da Via Láctea.


Provavelmente, o Sol fez outrora parte de um enxame como o IC 4651 até que, tanto a nossa estrela como as suas irmãs, se separaram e gradualmente se espalharam pela Via Láctea.

Fonte: ESO
Vídeo: http://www.eso.org/public/portugal/videos/eso1534a/