quinta-feira, 19 de maio de 2016

“O Luxemburgo soube transformar uma ameaça em oportunidade”, diz Jean-Jacques Dourdain, ex-director da ESA

O ministro da economia do Luxemburgo, Etienne Schneider, e
Jean-Jacques Dourdain, ex-director da ESA
Foto: ESA
“Com o projecto de extrair minério em asteróides, o Luxemburgo soube transformar uma ameaça em oportunidade”, considera Jean-Jacques Dordain, ex-director da Agência Espacial Europeia (ESA) e actual consultor do Governo luxemburguês para as questões espaciais. 

A afirmação do francês, engenheiro de formação e que dirigiu a ESA entre 2003 e 2015, foi feita durante o Fórum ICT Spring, encontro sobre novas tecnologias que decorreu na semana passada, em Kirchberg.

Este ano, o fórum foi dedicado ao Espaço, como forma de responder à agenda científica e económica traçada recentemente pelo ministro da Economia luxemburguês, Etienne Schneider. Em Fevereiro o ministro anunciou que o Governo do Luxemburgo quer adoptar um quadro legal que permita às empresas privadas que decidam instalar-se no país para explorarem minério espacial de terem assegurados os “seus direitos” aos recursos extraídos dos asteróides.

“O Luxemburgo é o lugar certo para lançar este projecto de explorar asteróides. É um país com tradição no espaço, com a SES, que é a segunda operadora mundial de satélites [baseada em Betzdorf] e na extracção de minério, graças ao seu passado siderúrgico. E como praça financeira é também o local certo para encontrar investimento para este novo sector”, acrescentou Dordain, na conferência dedicada a este tema, integrada no Fórum ICT.

“Fiquei muito surpreendido e contente quando o Estado luxemburguês me contactou”, confiou Dordain, para quem esta decisão do Grão-Ducado é “inteligente”.

 “A Terra é finita e a penúria de minérios vai aumentar nos próximos anos. É preciso olhar mais além. Ao investir na exploração de minérios do espaço, que tem recursos minerais ilimitados, não só vamos poupar o nosso planeta à extracção intensiva como pode revelar-se uma formidável nova fonte de rendimentos, que podem ser substanciais”, disse o consultor.

No público, alguém lembrou que o chefe-astrónomo do Observatório de Nova Iorque, Neal deGrasse Tyson, já dissera em 2013 que “o primeiro trilionário do mundo será alguém que souber extrair os recursos naturais dos asteróides, que são raros na Terra, mas abundantes no espaço, como a água, a platina, o ouro e o irídio”.

“Apesar de ser uma indústria ainda pequena à escala global, em 2014 o sector espacial cresceu 9% em relação ao ano anterior e atingiu os 330 mil milhões de dólares anuais. Cerca de 76% da economia espacial mundial está ligada aos voos comerciais, o resto são investimentos governamentais” das nações ditas espaciais – EUA, Rússia, Canadá, UE, Japão e China – lembrou, por seu lado, Daniel Faber, da Deep Space Industries (DSI), com a qual o Governo luxemburguês assinou um contrato para a exploração de asteróides.

Para o australiano da DSI, “os asteróides são as “baratas do espaço”. Silêncio na sala. “Eu explico”, continua Faber, “para mim, os asteróides são como as baratas porque podemos usá-los e esmagá-los antes que mordam”. Gargalhada geral. Sem o objectivo de ser um “designío nacional”, como o lançado por John F. Kennedy, que queria que os EUA fossem a primeira nação a chegar à Lua nos anos 60, o Governo do Luxemburgo vê este projecto como algo transversal a toda a sociedade e economia do país.

 “O Governo luxemburguês está empenhado em atrair o maior número de sectores da economia nacional para o seu projecto de exploração e extracção de minérios em asteróides, da educação à saúde, passando pelas telecomunicações, novas tecnologias, indústria e outros”, garantiu Mathias Link, que é também um dos consultores de Etienne Schneider para o espaço.

Depois de o Presidente Obama ter promulgado o ’Space Act’ nos EUA, legislação que autoriza a exploração comercial das riquezas encontradas em asteróides e na Lua, “o Luxemburgo foi o primeiro país do mundo a reagir e apenas dois meses depois (em Fevereiro deste ano) lançou este projecto”, recordou Mathias Link.

“Actualmente há cada vez mais empresas privadas a apostar neste sector, que vêem o espaço como uma grande oportunidade económica, e apraz-nos afirmar que o Luxemburgo está no pelotão da frente”, acrescentou Link.

“O sector espacial está a mudar e a democratizar-se muito rapidamente. Hoje o acesso ao espaço é cada vez mais barato”, disse Dordain.

“ÁGUA VAI SER O RECURSO NATURAL DO SÉC. XXI” 

Um dos elementos essenciais que estas novas empresas contam encontrar nos asteróides é água, que existe também em cometas, muitos planetas e até na Lua. “A água vai ser o recurso natural do século XXI, como o petróleo foi o do século XX”, disse por seu lado Chris Lewicki, que trabalhou dez anos como engenheiro na NASA e agora dirige a sua própria empresa, a Planetary Resources, que também planeia explorar asteróides.

“Vamos precisar de água nas futuras estações espaciais, a ISS [a Estação Espacial Internacional] só deverá funcionar até 2024, e nas viagens interplanetárias”, disse Lewicki. Ao que alguém no público lembrou que da água pode também ser extraído o oxigénio para os sistemas de vida das naves. “Para quê levar água da Terra se ela existe no espaço?”, perguntou o patrão da Planetary Resources, que também está em negociações com o Governo luxemburguês.

 Para Lewicki, “a Humanidade tem que ir além da Lua e da órbita baixa da Terra”, onde orbita a ISS. “Está na altura de expandirmos a esfera económica humana no Sistema Solar”. Jean-Jacques Dordain concorda: “Explorar os recursos do espaço vai tornar o voo espacial mais fácil e isso vai ajudar-nos a chegar a Marte e a explorar o resto do Sistema Solar”.

NAVE SERÁ CONSTRUÍDA NO LUXEMBURGO 

Daniel Faber aproveitou para revelar o que envolve o contrato da DSI com o Estado luxemburguês. A primeira fase passa pela concepção da nave Prospector-X, protótipo para voos-teste, e que deverá ser construída no Grão-Ducado. As naves seguintes serão a Prospector-1, que vai deixar a órbita terrestre e pousar num asteróide, a Harvester-X, que testará a extracção de minério num asteróide, e a Harvester-1, pensada já para a extracção em grande escala. Para já, a empresa californiana tem apenas um escritório no boulevard Royal, na capital luxemburguesa, e não adiantou mais pormenores sobre em que unidade fabril, existente ou futura, será construída a ou as naves.

Durante esta palestra, a empresa japonesa Ispace e a alemã PT-Scientists, apresentaram os seus robots-rovers lunares, ambos candidatos ao “Google Lunar Xprize”, concurso internacional que vai atribuir 30 milhões de dólares ao projecto mais promissor para explorar o nosso satélite natural. Os donos da DSI e da Planetary Resources quiseram saber se os rovers podiam circular em asteróides e outros corpos celestes, mas admitem que o facto de haver água e prata na Lua não é suficiente para suscitar o seu interesse.

“A Lua não é interessante, os asteróides são mais ricos em recursos”, disseram. O debate com os especialistas abordou ainda o futuro da propulsão de naves, os vaivéns ’low-cost’ com decolagem e aterragem vertical, os sistemas de vida das naves, as comunicações espaciais, as plataformas orbitais e o futuro incerto da ISS, os lançadores de foguetões e a viagem para Marte, assuntos que saíram em poucos anos da ficção científica para fazer parte da ciência e das notícias do dia-a-dia.

No Fórum ICT Spring Luxembourg 2016 estiveram especialistas de 72 países e nos diferentes debates foram abordados temas como a conectividade global, o sector da e-Saúde e a “era da abundância”, termo inspirado na série Star Trek sobre uma hipotética economia anti-capitalista futurista, e que neste caso concreto debateu a forma como a tecnologia está (ou não) a fomentar o bem-estar da Humanidade.

Neste fórum foi também debatido como as novas tecnologias estão a mudar a forma de as empresas contratarem pessoal e até um novo desporto (tekball) que nasceu no Luxemburgo.

José Luís Correia 
in Contacto, 18/05/2016

sábado, 7 de maio de 2016

Governo luxemburguês assina acordo com empresa americana para exploração de minério em asteróides


O Governo luxemburguês assinou esta quinta-feira um memorando de entendimento com a empresa norte-americana especializada na exploração em voos espaciais, Deep Space Industries (DSI), e com o banco Société Nationale de Crédit et d'Investissement para a "exploração, uso e comercialização de recursos extraídos em asteróides", refere o Ministério da Economia em comunicado.

O acordo envolve uma cooperação entre o Governo e a Deep Space Industries para desenvolver e lançar a primeira nave, Prospector-X, que vai explorar recursos minerais em asteróides. "Esta promissora cooperação com a DSI, no âmbito da iniciativa spaceresources.lu, demonstra claramente o forte empenho do Governo luxemburguês em apoiar a exploração e uso futuro dos recursos espaciais.

As negociações para formalizar a nossa relação com outras empresas que operam neste domínio estão em andamento. O nosso objectivo é atrair actividades de investigação espacial e capacidades tecnológicas para o Luxemburgo, que alberga um sector espacial cada vez mais importante como parte dos nossos contínuos esforços para diversificar a economia nacional", disse o ministro da Economia, Etienne Schneider.

O primeiro passo para a exploração do espaço foi dado em Fevereiro, quando o Luxemburgo tornou-se no primeiro país a criar um quadro regulamentar e jurídico favorável às empresas que queiram explorar comercialmente o espaço. Essa iniciativa luxemburguesa teve lugar dois meses depois de Barack Obama ter promulgado o "Space Act", que autoriza a exploração comercial das riquezas encontradas nos asteróides e na Lua.

O "Space Act" estabelece que todos os recursos encontrados por um cidadão ou empresa norte-americana no satélite natural da Terra ou em corpos celestes passarão a pertencer a quem os descobriu. Um dos primeiros objectivos da Deep Space Industries é conseguir encontrar água no interior dos asteróides, que poderá servir como meio de propulsão da nave (em vez de outros combustíveis) e depois passar à exploração de metais preciosos como o outro ou a platina.

in Contacto.lu, 06/05/2016

terça-feira, 3 de maio de 2016

Descobertos três exoplanetas que podem abrigar vida, a 40 anos-luz da Terra

Impressão artística da estrela anã muito fria TRAPPIST-1 e dos seus três planetas Imagem: ESO
Qual o melhor local para procurar sinais de vida no Universo? Novos resultados obtidos por uma equipa internacional de astrónomos sugerem que devemos observar perto de estrelas anãs muito frias.

Estas estrelas são muito ténues, muito mais frias e vermelhas que o Sol e em termos de tamanho não são muito maiores que Júpiter. No entanto, são muito comuns, constituindo cerca de 15% das estrelas existentes na vizinhança do Sol.

A estrela 2MASS J23062928-0502285, também conhecida por TRAPPIST-1, é uma anã muito fria situada na constelação do Aquário.

Encontra-se a apenas 40 anos-luz da Terra, por isso apesar de ser muito ténue, os astrónomos conseguiram obter medições muito precisas com o telescópio TRAPPIST, instalado no Observatório de La Silla do ESO, no Chile.

Em órbita da estrela giram três planetas do tamanho da Terra, que podem ter regiões passíveis de sustentar vida. Estes são os primeiros planetas deste tipo que se descobriram em torno de uma anã muito fria e são o melhor alvo para telescópios futuros procurarem sinais de vida noutros locais do Universo.


quarta-feira, 2 de março de 2016

Astronautas Scott Kelly, Mikhail Kornienko e Sergueï Volkov regressaram à Terra após quase um ano na ISS

O astronauta americano Scott Kelly Foto: NASA
Três astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), incluindo o norte-americano Scott Kelly e os russos Mikhail Kornienko e Sergueï Volkov, que passaram quase um ano no espaço, regressaram esta quarta-feira à Terra após uma experiência que antecede uma potencial missão a Marte.

Os cosmonautas russos Sergueï Volkov e Mikhaïl Kornienko e o astronauta americano Scott Kelly aterraram conforme previsto nas estepes do Cazaquistão pelas 4h27 (+ 1h no Luxemburgo), anunciaram o centro de controlo russo Roscosmos e a NASA.

Kelly e Kornienko passaram 340 dias na ISS para preparar futuras missões a Marte, enquanto Volkov esteve a bordo mais de cinco meses.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

China constrói maior rádiotelescópio do mundo em Guizhou para procurar vida extratterestre

Foto: China National Space Agency (CNSA)
A China vai deslocar quase 10 mil pessoas para abrir espaço para a construção do maior radiotelescópio do mundo, com o objectivo de detectar sinais de vida extraterrestre, avançou hoje a imprensa estatal.

O rádiotelescópio "Five hundred meter Aperture Spherical Telescopeestrutura" (FAST), com 500 metros de altura, será erguido no cantão de Pingtang, província de Guizhou, sudoeste do país, e irá começar a operar este ano.

Os funcionários locais deverão realojar 9.110 residentes dentro de uma área de cinco quilómetros em redor da construção, de acordo com a agência oficial chinesa Xinhua.

O objectivo é "criar um ambiente seguro para a difusão de ondas eletromagnéticas", escreve a Xinhua, citando um funcionário local, Li Yuecheng.

Os residentes serão recompensados em 12 mil yuan (cerca de 1.650 euros) e alguns receberão subsídios extra para alojamento, indica a agência.

O radiotelescópio a ser construído em Guizhou deverá custar 1,2 mil milhões de yuan (165 milhões de euros) e superará o actual maior do mundo, localizado no Observatório de Arecibo, em Porto Rico, e que tem 300 metros de diâmetro.

Citado anteriormente pela Xinhua, o director do Sociedade Astronómica da China referiu que a alta sensibilidade do aparelho "ajudará a procurar por vida inteligente fora da galáxia".

Pequim tem um plano de exploração espacial orçamentado em milhares de milhões de euros, que prevê a construção de uma estação espacial permanente na órbita da Terra e, possivelmente, uma missão humana na Lua.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Terra diz adeus a Philae

Imagem: ESA
A probabilidade de estabelecer contacto com o robot europeu Philae, que está no cometa Chouri há sete meses e em silêncio, é "quase zero" e "chegou a hora de dizer adeus" ao equipamento, declarou na sexta-feira (dia 12), num comunicado, a Agência Espacial Alemã (DLR).

O centro de controlo de aterragem parou de enviar comandos a Philae, segundo a DLR, numa nota intitulada "Chegou a hora de dizer adeus à Philae".

Entretanto, a sonda espacial Rosetta "continua ainda à escuta" do Philae, sublinhou a agência espacial francesa (CNES), num comunicado separado.

"Há realmente muito pouca esperança de receber um sinal" do Philae, declarou à agência de notícias francesa AFP Stephan Ulamec, um responsável DLR.

O cometa Chouri move-se para longe do Sol, o que significa que os painéis solares do robot recebem menos luz. As antenas de recepção do robot continuam ligadas e "continuamos a estar preparados no caso de a Philae acordar", disse Ulamec.  "Mas, para ser honesto e realista, é muito improvável que escutemos novamente o Philae", disse Stephan Ulamec.

Philae, que viajou na sonda espacial Rosetta, realizou a 12 de Novembro de 2014 uma aterragem histórica sobre o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (Churi).

Equipada com dez instrumentos, trabalhou durante 60 horas antes de "adormecer" por falta de energia. Voltou a "acordar" em Junho de 2015, mas não deu mais sinais de funcionamento desde 9 de Julho.

A sonda Rosetta foi lançada em Março de 2004, e está a orbitar o cometa 67/P desde o ano passado.

Em Novembro de 2014, a 500 milhões de quilómetros da Terra e após uma viagem de 10 anos, o Philae tornou-se o primeiro objecto de fabrico humano a pousar num cometa.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Detectadas pela primeira vez ondas gravitacionais que confirmam teoria de Einstein

Imagem: Nasa
Os dois detectores da experiência Advanced LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory) parecem ter observado directamente, e pela primeira vez, ondas gravitacionais.

A existência destas deformações no espaço-tempo, que se propagam à velocidade da luz, é a última grande previsão da Teoria da Relatividade Geral de Einstein ainda não verificada.

A confirmar-se — em ciência é fundamental a verificação independente de cada alegada descoberta — trata-se de um momento histórico, precisamente no ano em que a Relatividade Geral completa 100 anos.

A detecção abre uma janela para o estudo de um Universo, até agora largamente desconhecido, de fenómenos extremos como colisões de estrelas de neutrões, de buracos negros e o colapso gravitacional de estrelas maciças.

As perspectivas são excitantes nesta área com a entrada em funcionamento ainda este ano do Advanced VIRGO, um detector semelhante construído nos arredores de Pisa, Itália, resultado de uma colaboração entre vários países europeus. O plano é usar os três detectores como um só instrumento mais sensível e fidedigno.

A descoberta foi anunciada numa conferência de imprensa que teve lugar quinta-feira (dia 10 Fev) no National Press Club, em Washington.

A equipa do LIGO reportou a detecção de um sinal com uma significância estatística de 5.1 sigma ou seja, os cientistas têm 99.9999% de certeza de que é real. O sinal foi observado por ambos os detectores do LIGO e movia-se aparentemente à velocidade da luz.

Mais extraordinária é a origem das ondas gravitacionais. O sinal apresentava uma forma muito característica, consistente com o padrão gerado pela colisão de dois buracos negros. A análise dos dados permitiu deduzir que os dois corpos teriam massas individuais de 36 e 29 massas solares formando um buraco negro único de 62 massas solares após a colisão. A diferença de massa — 3 massas solares  — foi emitida sob a forma de ondas gravitacionais! Repito: três massas solares transformadas em energia!

Por um breve instante, o sistema emitiu 50 vezes mais energia do que todas as estrelas do Universo combinadas! O sinal era tão claro que os astrónomos puderam observar o “badalar” do novo objecto enquanto dissipava energia até estabilizar num buraco negro rotativo.

Os cientistas estimam que a colisão se deu numa galáxia a uma distância de 1.3 mil milhões de anos-luz. A descoberta vem descrita num artigo na revista Physical Review Letters (edição de 11 de Fev.).

Luís Lopes
(Fonte: Ciência Viva na Imprensa Regional)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Luxemburgo lança-se na corrida ao ouro e minérios do espaço

O Luxemburgo quer atrair empresas e investidores para explorar os recursos naturais no espaço, incluindo minérios em asteróides, como o ouro ou a platina. O anúncio foi feito esta quarta-feira pelo ministro da Economia luxemburguês, Etienne Schneider, que sublinhou que o Grão-Ducado é o primeiro país europeu a criar um "quadro regulamentar e jurídico" favorável às empresas que queiram explorar comercialmente o espaço.

A iniciativa surge dois meses após a promulgação pelo presidente americano Barack Obama do "Space Act", uma lei que autoriza a exploração comercial das riquezas encontradas nos asteróides e na Lua. O "Space Act" estabelece que todos os recursos encontrados por um cidadão ou empresa norte-americana no satélite natural da Terra ou em corpos celestes passarão a pertencer a quem os descobriu.

"O Luxemburgo também quer ter um quadro regulamentar e jurídico para preparar a exploração do espaço", disse à AFP o ex-director da Agência Espacial Europeia (ESA), Jean-Jacques Dordain, conselheiro do Governo luxemburguês nesta matéria. As empresas privadas que decidam instalar-se no país para explorarem este sector terão assegurados os "seus direitos" aos recursos extraídos dos asteróides, como por exemplo minerais raros, explicou o ministro.

O Governo luxemburguês também vai investir na exploração comercial do espaço, financiando projectos de investigação e desenvolvimento nesta área ou investindo em empresas, através de participações directas no capital. O orçamento para esta iniciativa, baptizada spaceresources.lu, ainda não foi determinado.

"O nosso objectivo é permitir aceder a recursos valiosos que não estão ainda a ser explorados, situados em rochedos sem vida no espaço, sem prejudicar os habitats naturais", assegurou Etienne Schneider. Questionado sobre a razão para não desenvolver esta iniciativa no âmbito da Agência Espacial Europeia (ESA), uma organização de que o Luxemburgo e 22 Estados-membros fazem parte, o ministro disse que "o ritmo de trabalho da ESA não é o [s]eu".

Na Agência, "todos os projectos de investimento levam anos de discussão e depois discute-se durante anos onde é que os investimentos vão ser feitos e quais serão as consequências para cada Estado-membro", justificou.

"Além disso, eu sou ministro da Economia do Luxemburgo, e interessa-me atrair a actividade económica ao Luxemburgo e não à União Europeia em geral", reconheceu. Segundo o ministro, a empresa norte-americana Planetary Resources, que desenvolve técnicas para extrair minérios de asteróides, diz estar "ansiosa" para trabalhar com o Luxemburgo.

A empresa americana Deep Space Industries, que anunciou que vai começar a explorar minérios em asteróides já este ano, já se mostrou igualmente interessada, disse Schneider.

in Contacto.lu, 03/02/2016

sábado, 30 de janeiro de 2016

Astrónomos da Babilónia já tinham uma geometria sofisticada

Os astrónomos da Babilónia inventaram fórmulas matemáticas e geométricas muito sofisticadas para seguir Júpiter, revelando conhecimentos que se supunha terem sido adquiridos vários séculos depois, segundo um estudo publicado na mais recente edição da revista Science.



O arqueólogo na área da astronomia Mathieu Ossendrijver, da Universidade Humboldt, em Berlim, fez a descoberta ao examinar inscrições cuneiformes em placas de argila datadas de 350-50 a.C. que estão no Museu Britânico, em Londres.

Até agora, os historiadores da ciência acreditavam que os sábios da Babilónia - situada onde é hoje o Iraque - tinham previsto o movimento do Sol, dos planetas e da Lua recorrendo a fórmulas aritméticas simples e na sequência de observações do céu no deserto.

Porém, os autores do estudo concluíram que os antigos estudiosos inventaram conceitos matemáticos e geométricos que descrevem a relação entre o movimento, o tempo e a posição dos objetos celestes, conceitos bastante familiares para os físicos e matemáticos modernos mas que se pensava terem surgido muitos séculos mais tarde.

Foi ao comparar fotografias de fragmentos de placas com textos babilónicos mais antigos com as placas que estão no Museu Britânico que Mathieu Ossendrijvern descobriu que as fórmulas se referiam a uma forma geométrica de trapézio que permitia calcular o movimento de Júpiter, o planeta associado a Marduk, o deus padroeiro da cidade da Babilónia.

Os cálculos que figuram nas placas cobrem um ciclo de 60 dias do movimento de Júpiter, que começa no primeiro dia em que o planeta surge no céu pouco antes do amanhecer, explicou Mathieu Ossendrijver, um astrofísico que se tornou historiador.

Neste intervalo, o movimento de Júpiter explica-se pela combinação complexa das órbitas da Terra e de Júpiter em torno do Sol. As inscrições dos astrónomos da Mesopotâmia revelam representações geométricas dos objetos mais sofisticadas do que as da Grécia Antiga, com uma dimensão que representa o tempo, assinalou o historiador Alexander Jones, da Universidade de Nova Iorque, que não esteve envolvida no estudo. Esses conceitos não foram "redescobertos" antes do início do século 14 na Europa, o que mostra o "génio desses estudiosos desconhecidos", acrescentou.

Segundo o historiador de astronomia John Steele, da Universidade de Brown, nos EUA, que também não participou no estudo, a investigação agora divulgada "é um contributo muito importante para a história da astronomia na Babilónia e para a história da ciência no geral".

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

China anuncia sexta missão tripulada em 2016


O calendário espacial da China para 2016 inclui uma missão tripulada, a sexta deste tipo realizada pelo país, bem como o lançamento do segundo laboratório no espaço, confirmou a empresa responsável pelos projectos ao jornal oficial China Daily.

A Corporação Aeroespacial de Ciência e Tecnologia da China indicou que em 2016 será lançada a nave tripulada Shenzhou 11, cujo principal objectivo será acoplar-se com o laboratório espacial Tiangong 2, que também será colocado em órbita em 2016.

A China realizou, até agora, cinco missões tripuladas, a primeira em 2003 e a mais recente em 2013, enviando para o espaço dez taikonauta (como se designam os astronautas chineses), oito homens e duas mulheres.

As duas últimas missões tiveram como destino o primeiro laboratório espacial chinês, o Tiangong-1, que agora será substituído por uma segunda versão como parte do programa da China para estabelecer uma estação espacial permanente em torno da Terra a partir de 2018.