sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Nasa desmente rumores que asteróide vai colidir com a Terra em Setembro


A Nasa veio desmentir oficialmente na quarta-feira os rumores que circulam na internet e nas redes sociais que anunciam que Porto Rico e o Golfo do México vão receber o impacto de um poderoso asteróide entre 15 e 28 de Setembro, o que provocará a destruição dos Estados Unidos, América Central e do Sul.

"Não há nenhuma base científica - nem nenhuma prova - que um asteróide ou qualquer outro objecto celeste vai colidir com a Terra nessas datas", garante peremptório Paul Chodas, o chefe do Jet Propulsion Laboratory (Laboratório de Propulsão) no site do JPL da agência espacial norte-americana.

"Não há perigo com asteróides conhecidos nos próximos 100 anos" Depois de a Nasa já ter esclarecido em diversas ocasiões nos últimos meses, a última das quais em Junho, que este rumor não tem fundamento, desta feita foi Paul Chodas que vem desmentir os anúncios que circulam em blogues e redes sociais.

"Todos os asteróides conhecidos potencialmente perigosos têm uma probablidade de menos de 0,01% de colidir com a Terra nos próximos 100 anos".

O cientista explica que "se houvesse algum objecto numa trajectória com a Terra, com uma colisão prevista para Setembro e de um tamanho suficiente para destruir o continente americano, a Nasa já o teria avistado há meses". Este ano, apenas os asteróides 2004 BL86 e 2014 YB35 passaram na vizinhança da Terra, mas "a sua passagem em Janeiro e Março era conhecida" e "nunca foi considerada perigosa" para o nosso planeta, acrescenta ainda Chodas.

Rumores persistentes, desmentidos regulares

A Nasa faz regularmente face a este tipo de rumores sem fundamento, que depressa empolam na internet e nas redes sociais.

Rumores de impacto de um asteróide com a Terra circularam já muitas vezes. Uma delas em 1999, depois várias vezes durante a primeira década do século XXI, e novamente em 2011. Paul Chodas recorda também, por exemplo, a psicose em torno da data de 21 de Dezembro de 2012, dia em que muitos internautas anunciavam o fim do mundo por um asteróide.

Desta vez, a Nasa achou que o assunto era sério o suficiente para esclarecer e tranquilizar o público no seu site. Paul Chodas diz que não é a primeira vez que a Nasa vem restabelecer a verdade científica dos factos neste tipo de rumores e admite que não seja a última.

Apocalipse, o regresso 

O asteróide Apophis passará perto da Terra em 2036
Foto: CNES
 
Anote na sua agenda o próximo "fim do mundo" por um asteróide: 13 de Abril de 2036. É o dia em que o asteróide Apophis passa perto da Terra.

Os astrónomos acreditam que há uma hipótese sobre 250 mil (o que é incrivelmente baixo à escala do Cosmos) de este asteróide colidir com o nosso planeta.

Outra data é a de 2126, quando o cometa Swift-Tuttle, que passou perto de nós em 1992, regressa e se arrisca dessa vez a colidir connosco.

Porque não se fala nestas datas? Porque as seitas apocalípticas e os pseudo-científicos (ainda) andam entretidos com datas e cometas mais próximos de nós. Depois de a colisão de Setembro não acontecer (como as anteriores não aconteceram), essas aves de mau augúrio irão depressa acaparar-se dos novos medos, das novas datas, dos novos fins.

JLC/com agência
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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Cientistas japoneses demonstram em laboratório que cometas podem estar na origem da vida na Terra

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (ou simplesmente  'Churi') Foto: ESA
O impacto dos cometas que atingiram a Terra há 4 mil milhões de anos pode ter tido um papel no surgimento da vida na Terra, afirma um grupo de cientistas japoneses, que tentou reproduzir esta "fórmula" em laboratório.

Os cientistas, que apresentam esta quarta-feira os resultados da sua pesquisa durante a conferência de geoquímica Goldschmidt2015, em Praga, compilaram uma lista de substâncias para reproduzir a reacção em laboratório.

Os cientistas misturaram aminoácidos, gelo e substâncias silicatadas a temperaturas de 196 Celsius negativos, uma mistura presente nos cometas, como constataram as últimas missões espaciais.

Depois, os cientistas adicionaram um gás propulsor para simular o efeito de uma colisão do cometa com a Terra, o que fez com que alguns dos aminoácidos se transformassem em peptídeos de cadeia curta, moléculas complexas frequentemente consideradas fundamentais para o desenvolvimento da vida.

"As nossas experiências mostraram que o frio existente nos cometas teve um impacto decisivo nesta síntese", destaca, em comunicado, Haruna Sugahara, da Agência Japonesa para a Ciência.

"A produção de peptídeos de cadeia curta é uma das etapas decisivas na evolução química das moléculas. Uma vez iniciado o processo, vai ser necessário muito menos energia para formar as cadeias de peptídeos mais longas seja num ambiente terrestre ou aquático", pode ainda ler-se no comunicado.

Sugahara destaca aind que os impactos dos cometas, que costumam estar associados a eventos de extinção em massa, provavelmente também deram um 'empurrãozinho' na formação da vida. Um processo similar pode ter-se produzido noutros locais do Universo.

Os resultados da investigação de Haruna Sugahara e Koichi Mimura, da Universidade de Nagoia, ainda não foram publicados, mas segundo Mark Burchell, da Universidade de Kent, "constituem um passo em frente importante no estudo sobre a origem das moléculas complexas no Universo".

A missão da sonda europeia Rosetta, que acompanhou o cometa 67P/Churiumov-Guerasimenko, confirmou que o corpo celeste era rico em matéria orgânica.

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Constelação do Altar: Uma estrela e quatro planetas podem vir a ter nomes portugueses

Representação artística do exoplaneta Mu Arae b

Há um sistema planetário a cerca de 50 anos-luz da Terra cuja estrela e planetas podem vir a ter nomes portugueses como Lusitânia, Caravela, Adamastor, Esperança e Saudade.

A decisão vai ser tomada depois de uma votação na internet, na qual o público pode participar até 31 de Outubro.

A União Astronómica Internacional (IAU, na sigla em inglês), único grupo de astrónomos profissionais reconhecido pela comunidade científica, anunciou a 11 de Agosto que está aberto o concurso público para dar nomes a 15 estrelas e 32 exoplanetas (ou planetas extra-solares, ou seja, que se situam fora do nosso Sistema Solar). O concurso decorre no site NameExoWorlds (http://nameexoworlds.iau.org/exoworldsvote) e nesse portal cada internauta tem o direito de votar nos nomes que prefere para atribuir a esses 47 astros e corpos celestes de 20 sistemas planetários diferentes.

Foto de família do sistema planetário Mu Arae 


A estrela Mu Arae com os seus quatro planetas 
Imagem: Sephirohq/CreativeCommons
Actualmente, o nome deste sistema planetário é Mu Arae ou HD 160691, mas a partir de Novembro pode passar a ficar conhecido por um nome bem português: o sistema planetário Lusitânia. Os quatro planetas que a orbitam receberiam os nomes de Caravela, Adamastor, Esperança e Saudade.

Lusitânia - a estrela Mu Arae é visível a olho nu no céu nocturno do hesmifério sul, na constelação de Ara (Altar, em latim). É uma estrela anã amarela semelhante ao nosso Sol, mas duas vezes mais luminosa. É cerca de 32% maior do que o nosso Sol e com cerca de 108% da massa da nossa estrela. Terá cerca de 6,4 mil milhões de anos, sendo assim mais velha que o nosso Sol (4,5 mil milhões de anos). Tem quatro planetas em sua órbita, três dos quais com massa semelhante à de Júpiter.

Caravela - Mu Arae b (ou HD 160691 b) é um exoplaneta com cerca de 1,676 vezes a massa de Júpiter. Tem uma órbita de 643,25 dias (1,76 anos) e situa-se na zona habitável da sua estrela, a uma distância de 1,97 UA (unidade astronómica: 1 UA equivale à distância Terra-Sol). É provavelmente um gigante gasoso. Se tiver satélites, podem conter água líquida. Foi o primeiro planeta deste sistema a ser descoberto, em 12/12/2000.

Adamastor - Mu Arae c (HD 160691 c) pode ser considerado a "Vénus" do sistema Mu Arae, já que se situa entre 0,07529 e 0,10659 UA, com uma órbita de 9,6 dias. Tem uma massa de cerca de 14 vezes a da Terra, com fortes probabilidades de ser um planeta rochoso como a Terra. Descoberto a 26/08/2004 por uma equipa internacional, em que participou o astrofísico português Nuno Cardoso Santos. Foi o primeiro exoplaneta de tipo 'Neptuno quente' a ser descoberto.

Esperança - Mu Arae d (HD 160691 d) tem cerca de metade da massa de Júpiter, uma órbita de 310 dias, e está a uma distância de 0.921 UA. É provável que seja um gigante gasoso. Descoberto a 5/08/2006. 

Saudade - Mu Arae e (HD 160691 e). É um gigante gasoso com a massa de 1,8 vezes a de Júpiter, mas de dimensão mais pequena. O planeta orbita a sua estrela em 11 anos, a uma distância de 5,235 UA, o equivalente à distância que separa o Sol de Júpiter. Foi descoberto em 13/06/2002.

Os nomes oficialmente escolhidos serão anunciados em Novembro pela IAU.

Prefere os nomes portugueses ou estes?

Em competição com os nomes portugueses há ainda seis outras propostas.

Uma equipa espanhola propõe os nomes Cervantes, Quijote, Dulcineia, Rocinante e Sancho.

Uma equipa japonesa propôs Daikokuten, Ebis, Bishimonte, Benzaiten e Fukurokuju. 

Um grupo colombo-panamiano sugeriu Humantahú, Tutruica, Armucura, Dabeiba e Karagabi. 

Há também uma proposta "floral": Camellia, Hibiscus, Helianthus, Lotus e Riza.

Uma outra proposta, mais anglófona, deixa em competição os nomes: Minerals, Another Gaia, Hotsprings, Mysteria e Reitoh. 

Finalmente, há um grupo que propôs nomes inspirados no universo de ficção científica criado pelo autor americano Robert Heinlein: RobertHeinlein, Podkayne, Pixel, LazarusLong e NoisyRhysling.

Cristiano Ronaldo e Fernão de Magalhães já homenageados

Já existem no céu nocturno dois nomes de portugueses famosos.

A galáxia CR7 (COSMOS Redshift 7), descoberta em Junho deste ano pelo astrónomo português David Sobral, foi baptizada em homenagem a Cristiano Ronaldo, que também é conhecido por CR7.

As "Nuvens de Magalhães" são duas galáxias anãs satélites da Via Láctea (a nossa galáxia). Ambas são visíveis a olho nu, mas apenas no hemisfério sul. Fernão de Magalhães, na sua circum-navegação ao globo em 1519-1522, foi o primeiro europeu a ter observado as 'nuvens', o que levou à sua denominação actual. Na verdade, o astrónomo persa Al-Soufi já recenseara estas galáxias seis séculos antes, no ano de 924.

Há também "regiões" com nomes portugueses ou lusófonos em, pelo menos, mais tres corpos celestes do nosso sistema solar.

Em Marte, vales e crateras com nomes portugueses ou lusófonos: os vales Tagus, Munda e Durius, no hemisfério sul marciano, referem-se aos rios Tejo, Mondego e Douro. As crateras Aveiro, Funchal e Lisboa situam-se no hemisfério norte marciano, enquanto que a cratera Fernão de Magalhães fica no hemisfério sul de Marte. Há ainda as crateras em homenagem às caravelas São Pantaleão e São Cristóvão (que faziam parte da frota de Bartolomeu Dias quando dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1488), bem como às da frota de Vasco da Gama para a India, São Gabriel, São Rafael e Bérrio. Há também crateras com nomes brasileiros (Campos, Caxias, Gandu, Labria, Lagarto, Lins, Mafra, Peixe, Viana, Xui), moçambicanos (Chefu, Nune, Santaca) ou angolanos (Longa).

Na Lua, existem as crateras Vasco da Gama, Pedro Nunes (matemático portugues), Fernão de Magalhães e Santos Dumont (aviador e inventor brasileiro).

Em 2013, a IAU atribuiu também o nome da artista plástica portuguesa Maria Helena Vieira da Silva a uma cratera em Mercúrio. Em Mercúrio é tradição baptizar as crateras com nomes de artistas mortos.

2000 exoplanetas descobertos desde 1995 

Desde 1995, data de descoberta do primeiro planeta exterior ao nosso Sistema Solar, já foram descobertos cerca de 2 mil exoplanetas. Os planetas extra-solares que vão sendo descobertos são 'baptizados' com um nome relacionado com o telescópio pelo qual foram descobertos (por exemplo o exoplaneta Kepler 22b, que foi descoberto pela missão Kepler em 2010), ou por um código de letras e números - por exemplo HD 189733 b, em que a primeira sequência (HD189733) designa a estrela e a letra em minúscula designa o planeta.

200 mil milhões de estrelas

Haverá oportunidade para "baptizar" muitos outros planetas e estrelas, já que a IAU prevê lançar novas consultas públicas nos próximos tempos para encontrar nomes para 305 exoplanetas de 260 sistemas planetários descobertos entre 1995 e 2008. Como os cientistas calculam que possam existir cerca de 200 mil milhões de estrelas só na nossa galáxia, e que em torno da maioria orbitam planetas, haverá forma de agradar "a gregos e troianos" nos próximos anos e mesmo décadas. A não ser que seja descoberta vida inteligente nesses sistemas e que os indígenas protestem contra o nome dado etnocentricamente e de forma abusiva por nós, terráqueos.

José Luís Correia

sábado, 1 de agosto de 2015

Descoberto exoplaneta rochoso a 21 anos-luz da Terra, HD219134b

Exoplaneta HD219134b Foto: Nasa
Os astrónomos da missão Spitzer (telescópio Spitzer) descobriram na quinta-feira um exoplaneta parecido com a Terra a apenas a 21 anos-luz de distancia de nós, o exoplaneta HD219134b.

O exoplaneta foi descoberto em órbita da estrela HD 219134, uma anã vermelha-alaranjada bastante brilhante, que os cientistas já conheciam e que pode ser vista a olho nu da Terra.

O exoplaneta HD219134b.  que se situa visto da Terra na constelação de Cassiopeia, tem uma órbita mais pequena (3 dias) do que as suas tres companheiras. O planeta é 1,6 vezes maior do que a Terra, com uma massa 4,5 vezes maior. A temperatura na superficie é calculada em 427 graus Celsius. Os astrónomos pensam por isso que o planeta está a atravessar uma intensa actividade vulcanica, com rocha em fusão e ou formacao. Dadas estas caracteristicas, e apesar de se situar na zona habitavel da sua estrela, este planeta nao deve conter água nem vida. Pelo menos, vida como a conhecemos.

Já foram descobertos outras super-Terras e exoplanetas rochosos, mas este passou a ser a partir desta semana o que está mais proximo da Terra, e pode por isso tornar-se alvo de estudo dos cientistas

O sistema planetario tem mais duas super-Terras e um planeta gigante. Uma das super-Terras pesa 2,7 vezes mais que a Terra e orbita a sua estrela em 6,8 dias. A outra é 8,7 vezes mais pesada que o nosso planeta, com uma orbita de 47 dias. O planeta gigante pesa 64 vezes mais que a Terra e tem uma orbita de tres anos em torno da sua estrela.

As super-Terras tem mais massa que o nosso planeta, mas são mais leves que gasosos como Neptuno, Saturno ou Jupiter, ou seja, podem ser constituidos por gás, rocha ou ambos.


A estrela HD 219134, também chamada HR 8832) (no círculo) situa-se junto ao "W" da constelação de Cassiopeia Foto: Nasa

sábado, 25 de julho de 2015

Novas imagens da sonda New Horizons revelam que Plutão está coberto por uma névoa

Foto: Nasa
A agência espacial norte-americana NASA divulgou na madrugada deste sábado novas imagens de Plutão captadas pela sonda "New Horizons" que revelam que o planeta-anão está coberto por uma bruma.

A sonda, que passou perto do desconhecido Plutão na semana passada, numa missão que arrancou há quase uma década, continua a enviar informação para a equipa da NASA. A equipa diz que até agora só analisou 5% de todo o conteúdo gravado pela sonda na sua viagem de nove anos pelo Sistema Solar até Plutão.

Depois de cadeias de montanhas e vastas planícies geladas, as novas imagens revelam vapores que se elevam até 130 km na atmosfera do planeta, com duas camadas distintas, uma a 80 km de altitude e outra a 50 km de altitude.

"Esses vapores são essenciais para criar hidrocarbonetos e são os responsáveis pela cor avermelhada da superfície do planeta", explicou Michael Summers, um dos cientistas da Nasa.

A norte de uma região baptizada "Sputnik Planum" (do tamanho do estado do Texas), as imagens mostram também sinais de movimentos de placas de gelo na superfície. Placas de gelo que não são constituídas por água, mas por azoto, metano e monóxido de carbono.

"As nossas expectativas foram mais que superadas. Com gelo (de metano e azoto) solto, uma substância exótica na sua superfície, cordilheiras e uma ampla bruma, Plutão está a mostrar uma diversidade verdadeiramente emocionante de geologia planetária", disse em comunicado John Grunsfeld, um dos directores-adjuntos da NASA.

Conhecer melhor a Cintura de Kuiper

A sonda New Horizons vai continuar a enviar dados até 2016.

Neste momento, a sonda está para além da órbita de Plutão, e vai estudar mais amplamente a Cintura de Kuiper.

A Cintura de Kuiper é a regio do espaço que vai desde a órbita de Neptuno até aos confins do Sistema Solar. Os astrónomos acreditam que nesta região existam mais de 100 mil pequenos corpos celestes. Destes, são conhecidos 12 com diâmetro de quase ou mais de 1000 km. Há inclusive um, Éris, com maior massa que Plutão, apesar de ser ultrapassado em volume, segundo as novas medições da New Horizons.

Além de Plutão e Éris, os outros 10 corpos celestes conhecidos nesta região são: Charon, Makemake, Haumea, Sedna, Orco, 2007 OR10, Quaoar, Ixion, Varuna e 2002 AW197.


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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Kepler 452b é exoplaneta mais parecido com a Terra encontrado até hoje

O planeta Kepler-452b é 60% maior do que a Terra Foto: NASA
 A NASA anunciou na quinta-feira a descoberta do primeiro exoplaneta (planeta que se encontra fora do nosso Sistema Solar) que orbita a zona habitável de uma estrela similar ao nosso Sol, o que a torna o primeiro candidato sério para acolher vida.

"O planeta Kepler-452b é 60% maior do que a Terra, o que faz com a gravidade na superfície deverá ser duas vezes maior do que no nosso planeta", explicou Jon Jenkins, um dos responsáveis da missão Kepler.

O tamanho do planeta permite aos cientistas dizer que este é rochoso, provavelmente com uma atmosfera mais densa que a Terra e com uma importante concentração de vulcões activos. A distância à sua estrela permite ainda extrapolar que pode conter água no seu estado líquido.

O planeta recebe 10% mais energia da sua estrela do que a Terra do Sol, já que o astro que ilumina Kepler-452b é maior e mais velho que o nosso Sol e por isso emite mais brilho.

Kepler-452b que completa uma órbita em 385 dias (os anos so mais longos do que os nossos), é também mais antigo do que a Terra.

Kepler 452b situa-se a 1.400 anos-luz da Terra.

Até agora, o exoplaneta mais parecido com a Terra era Kepler-186f, mas que orbita uma estrela anã, mais fria que o nosso Sol.

Esta é uma imagem do que poderá ser o aspecto da superfície de Kepler-452b


sábado, 18 de julho de 2015

Descoberta estrela canibal no sistema binário Gaia14aae

Uma equipa de astrónomos descobriu um sistema estelar binário (duas estrelas) onde uma está a "comer" a outra, uma observação cheia de promessas para a compreensão da morte das estrelas - anunciou a Universidade de Cambridge, na sexta-feira.

"É a primeira vez que observamos uma estrela-anã branca super densa a roubar o gás de seu binómio ao canibalizá-la", explicou a universidade, responsável pelo estudo.

O sistema binário, baptizado Gaia14aae, está situado a cerca de 730 anos-luz na constelação de Draco (Dragão). Observadas pelo satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), em Agosto de 2014, as duas estrelas tornaram-se cinco vezes mais brilhantes num espaço de 24 horas.

Para os astrónomos, a luminosidade repentina ocorreu quando a anã branca - tão densa que em comparação uma colher de café da sua matéria teria a massa de um elefante - começou a devorar a sua companheira, maior do que ela.

Os efeitos gravitacionais da anã branca muito densa são tão fortes que forçam a sua companheira a se aproximar dela. Além do lado curioso, o Gaia14aae é um sistema binário de eclipses. O plano de revolução dos dois astros está sensivelmente alinhado com a Terra e as duas estrelas eclipsam-se mutuamente quase a cada 50 minutos.

"É muito raro vermos um sistema binário tão bem alinhado", declarou a pesquisadora Heather Campbell, do Instituto de Astronomia de Cambridge. "Assim, podemos observar este sistema estelar com grande precisão e compreender melhor como é feito e como evoluiu", garantiu. Os astrónomos ainda não sabem se a estrela-anã vai devorar completamente a sua companheira ou se as duas vão provocar uma supernova, uma gigantesca explosão que marcará a morte de ambas.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Astronautas da ISS refugiaram-se durante uma hora por perigo de colisão com lixo espacial

Foto: NASA
Três astronautas da Estação Espacial Internacional (EEI) refugiaram-se, esta quinta-feira, durante quase uma hora, perante receios de uma colisão dos destroços de um antigo satélite russo à deriva no espaço, que não se concretizou, informou a NASA.

Os restos do antigo satélite meteorológico aproximavam-se da ISS à velocidade de mais de 12,8 quilómetros por segundo, pelo que foi comunicado aos três astronautas para procurarem refúgio.

Os astronautas refugiaram-se na nave Soyuz, amarrada à ISS, preparados para abandonar a estação perante uma possível colisão, que não ocorreu, pelo que ao fim de uma hora, os três homens puderam regressar. “Os restos do satélite russo passaram ao largo da Estação Espacial Internacional de forma segura.

Foi ordenado à tripulação o regresso à ISS”, disse a NASA na sua conta da rede social Twitter. Os três astronautas a bordo da ISS são o norte-americano Scott Kelly e os russos Mikhail Kornienko e Gennady Padalka.

Esta foi a quarta vez em 15 anos em que a ISS accionou este procedimento de precaução, indicou a NASA, que estima a existência de cerca de 500 mil pedaços de detritos espaciais que possam representar uma ameaça para naves como a ISS.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

As maiores explosões no Universo são despoletadas pelos ímanes mais potentes


Observações obtidas nos Observatórios de La Silla e Paranal no Chile demonstraram pela primeira vez que existe uma ligação entre uma explosão de raios gama de longa duração e uma explosão de supernova invulgarmente brilhante.

Os resultados mostram que a supernova não teve origem em decaimento radioactivo, como se esperava, mas sim em campos magnéticos muito fortes a decair em torno de um objecto exótico conhecido por estrela magnética. Os resultados foram publicados no dia 9 de Julho na revista Nature.

As explosões de raios gama constituem um dos eventos associados às maiores explosões que ocorreram desde o Big Bang. São detectadas por telescópios em órbita sensíveis a este tipo de radiação altamente energética, a qual não consegue penetrar a atmosfera terrestre, e são igualmente observadas a maiores comprimentos de onda por outros telescópios, situados tanto no espaço como no solo.

As explosões de raios gama duram tipicamente alguns segundos, mas em casos muito raros podem prolongar-se durante horas. Uma destas explosões de longa duração foi captada pelo satélite Swift a 9 de Dezembro de 2011 e baptizada com o nome de GRB 111209A. Foi simultaneamente uma das mais longas e mais brilhantes explosões de raios gama alguma vez observada.

À medida que o brilho remanescente da explosão ia desaparecendo, o evento foi estudado pelo instrumento GROND montado no telescópio MPG/ESO de 2,2 metros em La Silla e pelo instrumento X-shooter no Very Large Telescope (VLT) no Paranal.

Foi encontrada uma assinatura clara de uma supernova, chamada mais tarde SN 2011kl. Esta é a primeira vez que uma supernova é descoberta associada a uma explosão de raios gama de muito longa duração.

O autor principal do novo artigo científico que descreve estes resultados, Jochen Greiner do Max-Planck-Institut für extraterrestrische Physik, Garching, Alemanha, explica: “Uma vez que apenas uma explosão de raios gama de longa duração é produzida para cada 10 mil - 100 mil supernovas, a estrela que explodiu deve ser de algum modo muito especial. Os astrónomos pensavam que estas explosões de raios gama tinham origem em estrelas muito massivas — cerca de 50 vezes a massa do Sol — e que assinalavam a formação de um buraco negro. No entanto, as nossas novas observações da supernova SN 2011kl, descoberta após a GRB 111209A, estão a modificar este paradigma relativamente às explosões de raios gama de muito longa duração.”

Num cenário favorável do colapso de uma estrela massiva, espera-se que a intensa emissão óptica/infravermelha da supernova, com duração de cerca de uma semana, venha do decaimento do níquel-56 radioactivo formado durante a explosão.

No entanto, no caso da GRB 111209A as observações combinadas do GROND e do VLT mostraram sem ambiguidades, e pela primeira vez, que isto não era o que se passava. A única explicação que justifica as observações da supernova que segue a GRB 111209A é que esta terá tido origem numa estrela magnética— uma estrela de neutrões minúscula que gira centenas de vezes por segundo e que possui um campo magnético muito mais potente que as estrelas de neutrões normais, as quais são também conhecidas por pulsares rádio. Pensa-se que as estrelas magnéticas são os objectos mais magnetizados no Universo conhecido.

Esta é a primeira vez que uma ligação clara entre uma supernova e uma estrela magnética foi identificada.

Paolo Mazzali, co-autor do estudo, reflecte sobre o significado desta nova descoberta: “Estes resultados fornecem provas de uma relação inesperada entre explosões de raios gama, supernovas muito brilhantes e estrelas magnéticas. Já há alguns anos que suspeitávamos de algumas destas relações do ponto de vista teórico, mas conseguir ligar tudo isto é realmente um desenvolvimento muito interessante.”

“O caso da SN 2011kl/GRB 111209A obriga-nos a considerar alternativas ao cenário de uma estrela em colapso. Estes resultados aproximam-nos de ideias novas e muito mais claras sobre o funcionamento das explosões de raios gama,” conclui Jochen Greiner.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Russo bate recorde de permanência no espaço: 803 dias

O cosmonauta Gennady Padalka 

O astronauta russo Guennadi Padalka, comandante da Estação Espacial Internacional (ISS), tornou-se no homem que mais tempo passou no espaço com um total de 803 dias, informou à AFP a agência espacial russa. "O recorde é oficial", afirmou o porta-voz da Roscosmos.

Padalka, de 57 anos, realiza sua quinta missão no espaço, e bateu na segunda-feira, 30 de Junho, o recorde que pertencia anteriormente a outro cosmonauta russo, Serguei Krikalev, de acordo com a imprensa russo.

No seu regresso à Terra, prevista para 11 de Setembro, Padalka terá passado mais de 877 dias no espaço, ou seja, dois anos e quatro meses.

Já em 1998, Padalka tinha passado 199 dias na estação russa Mir. Em 2004, 2009 e 2012 ficou na ISS e, em Março último, voltou à ISS na companhia do seu compatriota Mikhail Kornienko e do americano Scott Kelly.

Krikalev, que detinha o recorde de permanência no espaço até agora, foi apelidado de "o último cidadão da URSS" porque voltou à Terra em Dezembro de 1991, depois da queda da União Soviética.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Cientistas portugueses baptizam nova galáxia CR7, inspirados em Cristiano Ronaldo

Foto: ESO
Com o auxílio do Very Large Telescope (VLT) do ESO os astrónomos descobriram a galáxia mais brilhante observada até hoje no Universo primordial e encontraram provas fortes de que este objecto contém estrelas da primeira geração.

Estas estrelas massivas e brilhantes, puramente teóricas até agora, foram as criadoras dos primeiros elementos pesados na história — os elementos necessários à formação das estrelas que nos rodeiam actualmente, os planetas que as orbitam e a vida tal como a conhecemos.

A galáxia recentemente descoberta chamada CR7 (COSMOS Redshift 7) é três vezes mais brilhante do que a galáxia distante mais brilhante que era conhecida até agora. O nome foi inspirado no jogador de futebol português, Cristiano Ronaldo, que é conhecido por CR7.

Os astrónomos desenvolveram há muito a teoria da existência de uma primeira geração de estrelas - conhecidas por estrelas de População III — que teriam nascido do material primordial do Big Bang. Todos os elementos químicos mais pesados — como o oxigénio, azoto, carbono e ferro, que são essenciais à vida — formaram-se no interior das estrelas, o que significa que as primeiras estrelas se devem ter formado dos únicos elementos que existiam antes delas: hidrogénio, hélio e traços mínimos de lítio.

Estas estrelas de População III seriam enormes — várias centenas ou mesmo milhares de vezes mais massivas do que o Sol — extremamente quentes e transientes — e explodiriam sob a forma de supernovas após cerca de apenas dois milhões de anos. No entanto, e até agora, a busca de provas físicas da sua existência tinha-se revelado infrutífera.

Uma equipa liderada por David Sobral, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, Universidade de Lisboa, e do Observatório de Leiden, Holanda, utilizou o VLT para observar o Universo primordial, no período conhecido por época da reionização, que ocorreu cerca de 800 milhões de anos após o Big Bang. Em vez de fazer um estudo profundo e direccionado a uma pequena área do céu, a equipa alargou o seu foco de estudo e produziu o maior rastreio de galáxias muito distantes alguma vez obtido.

Com a descoberta da CR7 e outras galáxias brilhantes, o estudo era já um sucesso, no entanto a investigação posterior produziu mais resultados ainda melhores. Com o auxílio dos instrumentos X-shooter e SINFONI montados no VLT, a equipa encontrou uma forte emissão de hélio ionizado na CR7 mas — crucial e surpreendentemente — nenhum traço de elementos mais pesados no seio da galáxia brilhante, o que constitui uma forte evidência da existência de enxames de estrelas de População III com gás ionizado, no seio de uma galáxia do Universo primordial.

“A descoberta superou, desde o início, todas as nossas expectativas,” disse David Sobral, “uma vez que não esperávamos encontrar uma galáxia tão brilhante. Seguidamente ao desvendarmos pouco a pouco a natureza da CR7, percebemos que não só tínhamos descoberto a galáxia distante mais brilhante conhecida até agora, como também que este objecto tinha todas as características que se esperam de estrelas de População III. Estas estrelas são as que formaram os primeiros átomos pesados que, em última análise, são os que nos permitem aqui estar. Este estudo revelou-se extremamente interessante.”

Jorry Matthee, segundo autor do artigo científico que descreve estes resultados, conclui: “Sempre me perguntei de onde é que nós vimos. Mesmo quando era pequeno queria saber donde vinham os elementos químicos: o cálcio dos meus ossos, o carbono dos meus músculos, o ferro do meu sangue. Descobri que estes elementos foram formados inicialmente no início do Universo, pela primeira geração de estrelas. Com esta descoberta estamos a ver, de facto, tais objectos pela primeira vez.” 


sábado, 6 de junho de 2015

Sonda euro-japonesa BepiColombo que vai estudar Mercúrio em 2024 tem tecnologia portuguesa


A sonda BepiColombo, cujo lançamento está previsto para Janeiro de 2017 e que tem como objectivo estudar Mercúrio, numa missão euro-nipónica, tem tecnologia portuguesa, da empresa Active Space Technologies.

A empresa lusa concebeu a mecânica e o isolamento térmico de um dos instrumentos. A Active Space Technologies, multinacional portuguesa especialista em tecnologia aeroespacial, esteve envolvida na concepção da estrutura do espectrómetro (instrumento óptico para medir as propriedades da luz numa determinada faixa do espectro electromagnético) que permitirá fazer a análise dos níveis de sódio da atmosfera do planeta.

O gestor de projectos da empresa, João Ricardo, explicou que foram usados materiais como alumínio e titânio para que o instrumento seja, ao mesmo tempo, leve e resistente, "sobreviva ao período de lançamento" e a "ciclos térmicos muito abruptos".

A sonda BepiColombo é um projecto das agências espaciais europeia ESA e japonesa JAXA e é composta por dois módulos, o Orbitador Planetário de Mercúrio, de desenho europeu, e o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio, de concepção nipónica.

O espectrómetro em cuja construção a Active Space Technologies, com sede em Coimbra, participa é um dos cinco instrumentos que compõem o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio. Enquanto o Orbitador Planetário de Mercúrio, que vai estar mais próximo do planeta, vai examinar a sua superfície, o Orbitador Magnetosférico de Mercúrio, numa órbita mais excêntrica, vai estudar a magnetosfera.

A missão BepiColombo, assim designada em homenagem ao cientista italiano Giuseppe (Bepi) Colombo (1920-1984), que desenvolveu estudos sobre Mercúrio, é a primeira missão europeia ao planeta mais pequeno e mais próximo do Sol.

A nova data de lançamento foi apontada para 27 de Janeiro de 2017. O custo da missão está estimado em 1.200 milhões de euros. A agência espacial europeia, da qual Portugal é um dos países-membros, espera que a sonda chegue a Mercúrio em Janeiro de 2024 e explore o planeta durante pelo menos um ano terrestre (o equivalente a quatro anos mercurianos), enfrentando temperaturas que podem exceder os 350ºC.

A agência espacial norte-americana NASA teve a sonda Messenger na órbita de Mercúrio durante quatro anos, mas esta chegou ao fim da sua vida no final de Abril de 2015. Ler mais aqui