sexta-feira, 21 de junho de 2013

Quais são as ambições espaciais chinesas?

A piloto Liu Yang, de 33 anos, foi a primeira taikonauta (astronauta) chinesa, que integrou o primeiro voo tripulado em Junho de 2012, a bordo da nave Shenzhou 9
Por ocasião do lançamento do segundo voo tripulado chinês, a 11 de Junho último, o site de notícias francês Atlantico.fr entrevistou o general da Força Área francesa Jean-Vincent Brisset sobre as ambições da China na conquista espacial, e o militar considera que o Império do Meio quer chegar a ser uma potência espacial de primeira ordem, em pé de igualdade das outras três:  NASA, ESA e Roscocosmos (Rússia).

O general, que é especialista em operações de guerra e já escreveu um livro sobre a China, recorda que aquele país gigante chegou muito tarde à corrida espacial. Apesar de ter lançado o seu primeiro satélite em 1970, entre a década de 1970 e 1990 não mostrou interesse em desenvolver esse sector.

No final dos anos 90, a China começou por pensar que poderia tornar-se uma lançadora espacial comercial low-cost, e foi adiando sucessivamente os voos tripulados, considerados demasiado dispendiosos e não rentáveis.

Mas como os lançadores chineses não tinham sido testados suficientemente, os clientes não lhes faziam confiança. Depois, os custos da optimização dos lançadores, que hoje têm excelentes desempenhos, tornaram o preço dos lançamentos pouco atractivo para os potenciais clientes.

Só no virar do século é que os dirigentes chineses se aperceberam que o êxito de uma conquista espacial seria o caminho mais directo para conseguirem também êxito nos lançamentos espaciais comerciais.

Assim, no princípio do século XXI, a China voltou à corrida espacial e estabeleceu como meta colocar em órbita uma estação espacial até 2020.

Mas a China tem persistido em trabalhar sozinha, quando as outras três agências entenderam que apenas juntas podem aventurar-se em viagens tripuladas mais frequentes e na exploração espacial cada vez mais longíqua, compara Brisset. A Estação Espacial Internacional (ISS) é bom um exemplo dessa colaboração frutífera para as três partes. As três continuam, no entanto, a ser concorrentes comerciais já que propõem cada uma o seu próprio sistema de colocar satélites em órbita.

No entanto, o general gaulês pensa que a China continua a ter um atraso técnico de três ou quatro décadas na conquista espacial, e o facto dessa indústria estar, por enquanto, apenas na mão do Estado (
CNSA, Chinese National Space Administration), não vai atenuar essa distância com as outras três potências nos próximos anos.

E, acrescenta ainda o militar, se os EUA voltarem à corrida espacial, como parece ser o caso, então esse atraso vai ainda alargar-se mais. Os projectos de exploração do sistema solar, aos quais a Nasa quer voltar, estão longe das possibilidades chinesas. É mais provável que a competição com países como a India e o Japão nesse domínio possam fazer avançar as coisas mais rapidamente.

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